A polícia cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em casas de investigados por participação em uma operação da Polícia Militar, que terminou com a morte do subtenente Alberto Alves e deixou outros três feridos. A ação aconteceu nas primeiras horas desta sexta-feira (4) nos municípios de Itabuna, Ilhéus, Camacan, no sul da Bahia, e Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
Na operação, batizada de “Tir Ami’” – tiro amigo em francês – foram apreendidos 13 celulares utilizados por policiais militares suspeitos de envolvimento na ocorrência. Os aparelhos encontrados serão encaminhados para a sede do Grupo Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), na capital baiana, e serão periciados. O resultado do laudo ajudará nas investigações.
Os mandados, expedidos pela Vara da Auditoria Militar, foram cumpridos em uma operação com equipes dos Grupos de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp) e de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), da Força-Tarefa de Combate a Grupos de Extermínio e Extorsão Mediante sequestro da Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), além da Corregedoria da PM.
Entenda
O caso ocorreu no dia 27 de setembro deste ano. O subtenente estava hospedado em um hotel na cidade de Itajuípe, junto com o sargento da PM Adeilton Rodrigues D´Almeida. Os dois fariam a segurança do então candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), que tinha agenda de campanha em um município vizinho.
Os tiros que atingiram os dois policiais, no entanto, não tiveram relação com a campanha política. O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, disse que a ação começou durante um cerco para prender um suspeito de assaltos a banco, André Márcio de Jesus, conhecido como “Buiú”.
Ele teria rompido a tornozeleira eletrônica depois de ser beneficiado pela Justiça com uma saída temporária e estaria ligado a uma facção paulista. Nas buscas, segundo o comandante, os PMs hospedados na pousada teriam reagido, e entrado em confronto.
Sargento relatou situação em vídeo
O sargento D’Almeida gravou um vídeo, que viralizou nas redes sociais. O sargento narrou que dormia no mesmo quarto que o subtenente Alves, quando os outros policiais invadiram o quarto já atirando. Ferido por três disparos, pediu ajuda, mas não foi atendido.
“Me deixaram lá e eu gritando: ‘eu sou polícia, me dê socorro’. Eles não me deram, eu saí me arrastando até a porta do quarto, chegando lá consegui me encostar na parede, fiquei sangrando muito e um policial o tempo todo apontando um fuzil para mim”, afirmou o sargento no vídeo.
“Ele falava: ‘cale a boca, deixa de conversa, eu sei quem você é’, e eu pedindo a ele socorro. Ele disse que vinha uma ambulância de outro município e eu falei: ‘a gente está com o carro aí, ou então me dê socorro na viatura'”, narrou.
D’Almeida relatou ainda que um dos policiais ameaçou matá-lo. Também segundo o sargento, ele foi conduzido ao hospital cerca de uma hora depois de ser baleado. “Eles me conduziram na viatura e ainda assim de forma hostil. O policial o tempo todo falando comigo para ficar quieto, para não abrir a porta'”.
Ainda no mesmo vídeo, D’Almeida relatou também que os policiais usaram a arma de para simular uma troca de tiros dentro do quarto.
“Fizeram vários disparos com a minha arma dentro do quarto. Eles mesmos dispararam lá, e depois me trouxeram para o hospital. Sequer me ajudaram a sair da viatura, eu com o braço com fratura exposta, pendurado, e eles não me ajudaram”, disse.
g1/BA