Morreu, nesta quinta-feira, 05, o surfista de ondas gigantes Márcio Freire, aos 47 anos de idade. O brasileiro sofreu um acidente ao descer de um dos “paredões” da praia do Norte, em Nazaré, Portugal, e não resistiu aos ferimentos. O corpo vai ser transportado para o Instituto de Medicina Legal de Leiria, segundo informações da imprensa portuguesa. É a primeira morte de um surfista no local.
“Lamentavelmente, nenhuma das manobras de suporte de vida teve sucesso, acabando o óbito por ser declarado no local” afirmou Mário Lopes Figueiredo, comandante da Capitania de Nazaré à agência “Lusa”.
Márcio teria sido resgatado para a praia em um jet ski, porém, já em parada cardio-respiratória. O amigo e surfista Vinicius dos Santos chegou ao local sem saber o que havia acontecido e, após notar a movimentação na areia, viu o veterano recebendo o atendimento.
“Eu estava indo surfar e, quando cheguei na praia, vi o movimento do carro de salva-vidas, de resgate. Vi uma movimentação que parecia uma ressuscitação. Larguei a prancha e saí correndo. Quando eu vi, era o nosso amigo. Todos tentaram trabalhar junto com ele. Não teve um momento de pausa, todo mundo fez o que pôde. O Márcio acabou nos deixando. Ele foi uma inspiração para a minha geração de surfista. Ele nos fez acreditar que era possível, juntamente com o Danilo (Couto) e com o Yuri (Soledade), os Mad Dogs. Eles desbravaram Jaws na remada, o que ninguém acreditava. Eu era menino, isso me motivou, me fez acreditar no meu sonho. Estou digerindo isso. Era uma pessoa próxima. Somos surfistas de ondas gigantes. O legado do Márcio será eternizado, ele influenciou uma geração e vai continuar influenciando, porque a história dele está aí. Fiquei chocado, mas não deixei de tentar ajudá-lo. É aceitar, rezar e apoiar os amigos aqui”, contou, em entrevista ao ge.
Thiago Jacaré, que esteve com Márcio Freire nas águas da Praia do Norte, na quarta-feira, postou uma homenagem ao baiano em sua conta no Instagram, após a notícia ser divulgada.
Considerado uma lenda no surfe de ondas gigantes, Márcio Freire rodou o mundo através do esporte – praticado por amor, longe dos circuitos profissionais. Em 1998, aos 23 anos de idade, desembarcou em Maui, no Havaí. Foi um dos primeiros a se desafiar em Jaws na remada. Atualmente, o surfistas vão ao local amparados por aparelhos de segurança como colete salva-vidas, equipe de resgate e jet ski.
Márcio Freire era um dos integrantes do trio apelidado de “Mad Dogs” (Cachorros Loucos, em tradução literal). A trinca baiana, formada ainda por Danilo Couto e Yuri Soledade, era conhecida por desbravar ondas gigantes livremente – na época havia poucos aparatos de segurança.
A história dos “Mad Dogs” foi retratada em um documentário, assinado pelo diretor Roberto Studart. Foi uma das poucas vezes em que Márcio Freire ganhou dinheiro no esporte.
“Nunca vivi do surf, nunca ganhei dinheiro com surf; tive pouquíssimas vezes, contadas no dedo, dinheiro que veio do surf, que foi em 2015, tomei uma das maiores vacas, ganhei 1000 dólares; e quando rolou nosso documentário dos Mad Dogs que ganhei um dinheiro; eu também tinha uns apoios ali, mas era mais soul surfer mesmo e não ligava muito.. E como as empresas nos EUA não iam patrocinar um brasileiro e eu estava fora do Brasil, era mais difícil de negociar, e eu também não corria muito atrás porque estava me bancando, vivendo minha vida, e era aquilo mesmo, trabalhar pra me autosustentar e me autopatrocinar”, declarou ao canal “Let’s Surf”, em uma de suas últimas entrevistas.