Mais de 10 anos após o diagnóstico de doença renal crônica, o engenheiro mecânico Marcos César Domingos Ferreira, 64 anos, finalmente se prepara para remover a fístula, conexão cirúrgica criada entre uma artéria e uma veia para permitir o acesso vascular durante sessões de hemodiálise.
A conquista deve-se ao transplante de rim a que foi submetido na cidade de Feira de Santana, depois de dois anos na fila de espera pelo órgão.
“O sentimento é de felicidade indescritível. O pós-operatório está tranquilo, bem melhor do que fazer hemodiálise três vezes por semana, como aconteceu comigo de 2013 a 2023”, declarou o paciente do Instituto de Nefrologia do Recôncavo (Inere), localizado no município baiano de Santo Amaro, onde mora.
Para milhares de brasileiros, porém, o sonho que para Marcos César se tornou real ainda parece distante. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, mais de 50 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos no país. O transplante de rim representa cerca de 70% desse total. Em números absolutos, o Brasil ocupa a terceira posição no mundo entre os maiores transplantadores de rim. Só em 2022, foram registrados 4.828 procedimentos do tipo.
Estima-se que existam 850 milhões de pessoas com doença renal no mundo, sendo mais de 10 milhões no Brasil. Dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) apontam que, só no ano passado, foram realizados 240 transplantes de rim em 10 hospitais que oferecem o procedimento no Estado, considerando as doações intervivos.
Em dezembro de 2022, a fila de espera por um rim na Bahia reunia 1.702 pacientes.
Mudança de vida – Para o sócio do Inere, Humberto Farias, o transplante renal apresenta vantagens notáveis para o paciente no que diz respeito à qualidade de vida.
“Ao substituir um rim doente por um saudável, os pacientes experimentam mais disposição e vitalidade e são libertos das restrições severas frequentemente impostas pelas sessões de hemodiálise, que além de exigirem um compromisso rigoroso de tempo e energia, muitas vezes limitam suas atividades cotidianas”, destacou.
Pacientes transplantados geralmente têm menos restrições alimentares em comparação com aqueles em hemodiálise, fato que lhes permite desfrutar de uma dieta mais variada e equilibrada, o que não apenas aumenta a satisfação alimentar, mas também contribui para uma melhor saúde geral e controle de peso.
Além disso, o transplante renal oferece maior liberdade em termos de agenda. Enquanto as sessões de hemodiálise são necessárias várias vezes por semana e podem ser demoradas, um transplante bem-sucedido pode liberar o paciente da dependência dessas sessões regulares. Isso possibilita que eles retomem uma rotina mais próxima do normal, retomando suas atividades pessoais e profissionais com menos interrupções.
Ainda de acordo com Humberto Farias, que também é membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Nefrologia Regional Bahia e coordenador dos serviços de nefrologia do Hospital da Mulher, Hospital Municipal de Salvador e Instituto Couto Maia, o impacto emocional positivo do transplante renal também precisa ser considerado.
“A esperança de uma vida mais normal e saudável reduz o estresse, a ansiedade e a depressão frequentemente associados à DRC. Além disso, o fim da rotina de hemodiálise e a perspectiva de uma recuperação significativa ajudam a elevar o ânimo e a autoestima dos pacientes”, concluiu o especialista.
O Inere já ofereceu hemodiálise a cerca de 60 mil pacientes de cidades como Santo Amaro, Candeias, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde, Saubara e Madre de Deus.
O Instituto conta com uma infraestrutura moderna, atendimento humanizado, médicos experientes, equipamentos de última geração, equipe multidisciplinar qualificada, ambiente seguro e sistema de tratamento de água com duplo passo. Outro grande diferencial do Inere é o serviço de fisioterapia oferecido durante as sessões.
Reportagem do Acorda Cidade