“Boa tarde a todos e a todas, mais uma vez ataque de cães em meu rebanho! Passando aqui para expor minha indignação e dizer que a partir de hoje, 21/01/2024, desisto de criar ovinos e caprinos. Sinto muito, pois sou apaixonado. O caso mais recente são 6 animais mortos e 3 feridos, meu filho tem 17 anos um amante da criação junto comigo e hoje morre um sonho e uma realidade minha e dele, mas tudo bem, desejo que, quem tem como fazer algo por esta situação e não faz, que uma hora chegue para você o ponto que chegou para mim, em suas atividades. Desculpem a força das palavras mais é meu desabafo”, disse o produtor do município de Itiúba, Geovane Silva de Souza indignado com tanto prejuízo, sempre procurou as autoridades e nada foi feito.
Ano passado ele perdeu 16 animais sempre da mesma forma, os cães que nunca se sabe quem são os donos invadem as propriedades e atacam as criações que ficam agonizado até a morte, com mordidas violentas pricipalmente no pescoço dos ovinos. Paro minhas atividades na ovinocultura por entender que não posso contar com apoio político e nem a compreensão dos donos dos cachorros que os mantém soltos causado prejuízos”, disse o produtor residente na Fazenda Vázea Grande.
O Calila Notícias cobriu uma audiência pública na Câmara Municipal de Riachão do Jacuípe em julho de 2022 que teve a participação de produtores de vários municípios e tinha como objetivo eleborar um documento e entregar na Assembleia Legislativa para ver se os deputados abraçavam a causa, mas até hoje não houve nenhuma resposta.
A indignação de Geovane é a mesma de centenas de produtores de vários municípios baianos, principalmente no semiárido onde concentra a maior quantidade de produtores da ovinocaprinocultura. Nesta reportagem abaixo publicada em agosto de 2022 Geovane já estava buscando ajuda dos poderes públicos. Na ocasião ele disse: “A gente cria, ovelhas, cabras, bezerros, presos, para não invadirem as propriedades dos vizinhos. Por que os cachorros que vêm causando tanto prejuízo podem ser criados soltos? Então, cada criador deve adaptar-se, assim como nós, adaptamos nossas propriedades para criar nossos animais.” Afirmou
Em abril de 2023 o assunto chegou na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) através de deputado Luciano Araújo (Solidariedade) quando ele levou o debate para a Comissão da Agricultura.
“É um problema imenso, que atinge milhares de criadores baianos espalhados por todo o Estado, em especial aos pequenos produtores que são a grande maioria”, revelou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda.
Ancorado em números, ele revelou que, no ano passado e em apenas 10 dos 417 municípios baianos, foram atacados e mortos 4.690 animais de pequeno porte, em especial caprinos e ovinos. “Quando se projeta que mais de 300 cidades criam estes animais, o problema assume proporção gigantesca, que exige imediato posicionamento dos poderes públicos”, alertou.
O último contato com o deputado Luciano Araújo no mês de outubro do ano passado, perguntamos o que tem sido feito para acabar com esse grave problema e ele disse que uma das alternativas encontrada e que estaria sendo apresentada ao governador Jerônimo Rodrigues, é a doação de um castramóvel para cada território de identidade, ou seja, território do sisal onde está Itiúba teria um que percorreria todos os 19 municípios, Bacia do Jacuipe onde concentra 14 municípios teria outro, Nordeste II região de Euclides da Cunha teria outro e assim sucessivamente, mas ao que parece a ideia está parada, já que a audiência aconteceu em abril do ano passado e mês a mês os criadores continuam relatado prejuízos.