O homem suspeito de planejar a invasão ao bairro de Valéria, em Salvador, que terminou com a morte do agente federal, Lucas Caribé Monteiro de Almeida, de 42 anos, em setembro de 2023, morreu nesta sexta-feira (1°), em um confronto com policiais civis na cidade de Dias D’Ávila, na região metropolitana da capital baiana.
De acordo com a Polícia Civil, Jailson Almeida dos Santos, conhecido como “Seco”, era chefe de uma organização criminosa com forte atuação no tráfico de drogas e homicídios, do bairro de Periperi, no subúrbio de Salvador.
Em um carro, Jailson Almeida trocou tiros com equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core) durante uma abordagem. Com ele foram apreendidos um revólver calibre 38 municiado, com numeração suprimida, além de um documento de RG com indícios de falsidade ideológica.
Com três mandados de prisão em aberto pelos crimes de homicídios e tráfico de drogas, as investigações apontaram que “Seco” é um dos responsáveis por planejar e montar o grupo que tentou invadir o bairro de Valéria em 2023.
O grupo comandado por ele confrontou os policiais federais e civis, em setembro do ano passado. O policial federal Lucas Caribé Monteiro de Almeida morreu e um investigador da Polícia Civil teve ferimentos graves após a troca de tiros.
Conforme apontam as investigações, o suspeito comandava ações criminosas na região do subúrbio de Salvador, sendo um dos principais fornecedores de drogas e armas para a região. Ele respondia a diversos crimes de homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo e corrupção ativa.
Entre os mandados de prisão contra Jailson Almeida, um referia-se a investigações da Polícia Federal sobre a ocorrência de 2023. Todo material apreendido foi encaminhado para perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT).
A operação que terminou com a morte de Lucas Caribé e de mais quatro homens investigados por cometer crimes, aconteceu no dia 15 de setembro, no bairro de Valéria. Até o dia 3 de outubro, ao menos 16 suspeitos de participação no crime já tinham morrido em confrontos com forças policiais.
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As investigações revelaram que a ordem para invasão do bairro de Valéria que resultou no confronto também partiu de uma liderança da facção que está presa há mais de um ano. Também foi constatado durante as investigações, que o ataque aos policiais teve participação de mais de 50 criminosos fortemente armados.
A Polícia Federal informou que os investigados responderão pelos crimes de homicídio qualificado e organização criminosa. As penas somadas podem chegar a 38 anos de reclusão.
A PF informou que continuará a apuração na tentativa de identificar e localizar todos os suspeitos que participaram direta ou indiretamente da morte do policial federal. A instituição afirmou que qualquer informação que possa ajudar pode ser passada através do número: (71) 3319-6000.
A ação policial foi denominada de “Operação Temporal” porque o bairro de Valéria teve a origem a partir do desmatamento de três fazendas existentes na área onde hoje está o bairro.
Bairro onde aconteceu operação é disputado por facções por ser próximo a saídas de Salvador
As fazendas pertenciam as famílias tradicionais: Schindller, Temporal e Omaque, dando origem a loteamentos e invasões. O primeiro loteamento oficial do bairro foi o do Temporal.
Veja abaixo a cronologia das mortes em confrontos:
Os dois primeiros suspeitos foram mortos durante o confronto em que o policial Lucas Caribé foi baleado, no dia 15 de setembro;
No mesmo dia, outros dois homens apontados como suspeitos morreram após troca de tiros com policiais, entre os bairros de Valéria e Rio Sena;
A morte do quinto suspeito aconteceu no bairro de Mirantes de Periperi, no dia seguinte à operação;
No dia 17 de setembro, quatro suspeitos morreram em confrontos com as forças de segurança. As trocas de tiros aconteceram em Periperi e na Palestina;
No dia 21, cinco homens também apontados como suspeitos de participar do confronto morreram após uma troca de tiros, na cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador;
No dia 27, um suspeito foi morto em confronto com policiais em Cruz das Almas, cidade do recôncavo baiano. Na oportunidade, um outro homem também não resistiu aos ferimentos, mas ele não foi apontado como integrante do grupo;
No dia 2 de outubro, o outro suspeito de envolvimento na morte do policial federal foi morto durante confronto com a polícia na cidade de Catu, a 70 km da capital baiana.
Em 29 de novembro, os dois últimos suspeitos morreram durante uma operação realizada por policiais federais, militares e civis contra membros da facção criminosa “Bonde do Maluco”, conhecida como “BDM”.