Meditar sobre uma briga, fazer notas mentais e até treinar uma nova língua: muitos de nós já fomos pegos em algum momento falando sozinhos. Este comportamento pode parecer engraçado ou até mesmo peculiar, mas qual é a realidade por trás deste hábito?
A prática de falar consigo mesmo é, na maioria das vezes, vista de maneira positiva pelos especialistas. Eles afirmam que este comportamento é natural e tem diversos benefícios, principalmente para aqueles que passam muito tempo sozinhos.
Os benefícios de falar sozinho
De acordo com João Pedro Wanderley, psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, falar sozinho muitas vezes é uma estratégia natural para organizar pensamentos e reduzir o estresse. Ele explica que esta prática ajuda a estabelecer prioridades, manter o foco e até mesmo regular as emoções.
Por que conversamos conosco mesmos?
Sendo um comportamento comum, especialmente entre aqueles que vivem sozinhos, falar sozinho pode ser uma forma de descompressão, um mecanismo para passar o tempo e até mesmo uma ferramenta extra de auxílio no dia a dia.
Verbalizar lembretes importantes como “tranquei a porta?” ou “fechei o gás?” é uma prática que ajuda a reduzir a ansiedade relacionada à segurança, conforme explica a psicóloga clínica Larissa Fonseca.
Quando devo me preocupar?
Apesar de ser um hábito saudável na maioria das vezes, é importante estar atento a alguns sinais que podem indicar a necessidade de avaliação profissional. João Pedro Wanderley destaca que falar sozinho de forma isolada e esporádica geralmente não é um problema.
No entanto, diálogos em desacordo com a realidade, em tom tenso ou ameaçador, acompanhados por gestos exagerados, podem ser indicativos de condições mais sérias como esquizofrenia ou transtornos de humor.
Quais sinais devem ser observados?
- Diálogos em tom tenso e ameaçador
- Conversa acompanhada de muitos gestos
- Diferença significativa na frequência e intensidade do hábito
- Ocorrem em desacordo com a realidade
Outro ponto importante abordado por Larissa Fonseca é o desenvolvimento do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) em pessoas que apresentam conversas internas excessivas, que levam ao isolamento ou pensamentos negativos.
Como avaliar se o hábito de falar sozinho é saudável?
Medições de frequência e intensidade do hábito são fundamentais. Conversas conscientes e livres de sensações de perseguição, isolamento ou ameaça são consideradas benéficas. Segundo os especialistas, essas práticas proporcionam oportunidades para refletir, combater a solidão, estimular a motivação e compreender sentimentos de maneira mais profunda.
Em resumo, falar sozinho é um comportamento mais comum do que se imagina e pode ter inúmeras vantagens, desde a organização do pensamento até a melhora do raciocínio e das emoções. Entretanto, sempre é bom ficar de olho em qualquer mudança significativa que possa indicar uma distorção da realidade.
Rádio Tupi