O Botafogo de Futebol e Regatas, assim como os principais clubes brasileiros têm torcedores espalhados por todo o País e muitos deles são fáceis de serem identificados, principalmente quando vence um jogo importante ou o clube do coração conquista um campeonato, que logo é visto pelas ruas vestido com a camisa e bandeira pendurada no pescoço.
Mas tem alguns torcedores que preferem manter sua torcida no silêncio, tem camisa, bandeira, quadro na parede, chaveiro, enfim, coleciona muita coisa que tenha relação com o time, mas dá por satisfeito curtir sozinho, assim como o escudo do Botafogo que tem única estrela é conhecido carinhosamente time da estrela solitária.
O fotógrafo coiteense Manoel dos Santos Costa, 79 anos, popularmente conhecido como Neca da Foto, botafoguense desde menino, vive momento de mega felicidade com as duas últimas conquistas do alvinegro carioca, menos de 10 dias ergueu dois importantes troféus, primeiro da Copa Libertadores algo inédito na sua história e no último domingo, 08, Campeão Brasileiro depois de 29 anos.
A reportagem do Calila Notícias esteve em seu estúdio e laboratório nesta segunda-feira, 09, para conhecer mais sua história e relação com o Botafogo, no primeiro momento Nete, esposa dele, pediu que a entrevista fosse feita amanhã (terça) já que pegou todos de surpresa e não teve tempo de juntar os objetos típicos de um torcedor fiel, dissemos que seria melhor fazer logo, já que o assunto está em evidência, quando Neca demonstrando muita confiança disse: “Não tem problema adiar essa entrevista, podemos esperar que vem mais troféu aí”. Haja confiança, ele quis se referir ao título do mundial de clubes, cuja participação do Botafogo, que não teve tempo de comemorar os outros dois, começa nesta quarta-feira, 11, quando enfrenta o Pachuca do México.
Tempos difíceis para acompanhar o time do coração
Neca nasceu em 1947, quando o Botafogo tinha apenas 37 anos de fundação (1910) e sem nenhum título relevante, mas quando estava adolescente o clube já se destacava com os craques Garrincha, Didi, Zagalo, Nilton Santos, Amarildo, Quarentinha, Manga (goleiro), entre outros. A paixão pelo clube fez com que ele fundasse o Botafogo de Ipoerinha [povoado onde nasceu no município de Conceição do Coité] e passou a jogar de goleiro.
Ele conta que foi sofrido naquela época acompanhar o Fogão, pelo difícil acesso aos meios de comunicação, e só conseguia saber notícias através da revista Placar, “mesmo assim não era fácil”, conta.
Disse que, com o passar do tempo, com Garricha no auge da carreira passou a ouvir pelo rádio, já que não havia transmissão pela TV, “Basta dizer que até mesmo pelo rádio era complicado, durante o dia não pegava nenhuma rádio do Rio, quando começava escurecer iniciava com chiado depois ia melhorando. Sei dizer que não tive o prazer de ver o Botafogo campeão brasileiro pela primeira vez em 1968 [aos 21 anos] e somente em 1995 pude acompanhar tudo pela televisão na ocasião do bicampeonato”, disse Manoel.
Ainda no tempo de Garrincha, Neca disse que o fato mais marcante enquanto torcedor foi quando o Botafogo foi jogar no exterior e, no estádio, os torcedores pediram para dar a bola a Garrincha para ver ele jogar, “ele ficou cinco minutos com a bola no pé e ninguém conseguiu tomar”, lembra.
Frustração no ano passado não podia se repetir
Costa disse confiante de que o Botafogo não ia deixar acontecer o que ocorreu no ano passado, quando era tido como favoritismo para vencer o Brasileiro e deixou escapar. “Acho que o título desse ano conquistou quando venceu o Palmeiras, confronto direto e no mando de campo deles”, ressaltou.
Perguntamos a Neca, em Coité, com quem ele compartilha as alegrias e frustrações após os jogos do Botafogo, e ele disse que conversa muito com Marcão da Prefeitura, também botafoguense fiel.