A Prefeitura de Ruy Barbosa passou a ser comandada provisoriamente por Ney Dias (PSD), presidente recém-eleito da Câmara Municipal. A medida foi adotada após o candidato eleito em outubro, José Bonifácio Marques Dourado (MDB), ter o registro de sua candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). Como o emedebista não recorreu da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele ficou impedido de tomar posse no dia 1º de janeiro.
A candidatura de Bonifácio foi indeferida por problemas na gestão anterior como prefeito da cidade. O TCM recomendou e a Câmara de Vereadores rejeitou a prestação de contas do ano de 2016, apontando desvios em recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Com a posse dos vereadores, uma eleição interna da Câmara Municipal definiu Ney Dias como presidente da Casa Legislativa. Por conta disso, ele assumiu interinamente a chefia do Executivo Municipal até que novas eleições sejam realizadas, o que está previsto para abril, conforme anunciado pelo TRE-BA.
Ney Dias, que alcançou seu décimo mandato como vereador, venceu a eleição para a presidência da Câmara por uma margem apertada de 6 a 5. Durante o período em que ocupar o cargo de prefeito interino, a presidência da Câmara será exercida pelo vice-presidente eleito, Dr. Robério (PSD).
Ruy Barbosa, tradicional reduto eleitoral do senador e presidente do PSD na Bahia, Otto Alencar, conta com uma Câmara composta por 10 vereadores do PSD e apenas um do MDB, partido do candidato que teve a candidatura barrada.
Vinte e cinco candidatos a prefeito, incluindo Bonifácio, que saíram das urnas como mais votados em 6 outubro de 2024 não tomaram posse no dia 1º de janeiro deste ano
Prefeitos que morreram antes da posse
Três deles, o de Arroio dos Ratos (RS), Jaury Gonzales (PP), morreu em 05 de dezembro. Ele teve AVC na reta final da campanha e depois descobriu tumor no cérebro. O vice Renato Feiten (MDB) assumiu o cargo.
O prefeito eleito de Augusto Pestana, município localizado há 320 km de Porto Alegre (RS), Darci Sallet (MDB), morreu em 16 de novembro aos 71 anos devido à doença que descobriu após as eleições. Político foi reeleito na cidade com 53,56% dos votos válidos. O vice Sérgio Neuberger (MDB) assumiu o cargo.
Cabreúva, localizada a 88 km da grande São Paulo, Antônio Carlos Mangini (PL) morreu em 15 de dezembro aos 58 anos por agravamento de um câncer no pâncreas. Ele foi reeleito com 59,66% dos votos válidos e a vice-prefeita eleita Noemi Bernardes (Podemos) assumiu o cargo.
Prefeitos impedidos de tomar posse pela Justiça Eleitoral
Em outras 22 cidades, os mais votados estavam, até o dia 1º de janeiro, impedidos de tomar posse pela Justiça Eleitoral. É o caso de Santa Quitéria, no interior do Ceará, onde o prefeito, José Braga Barrozo (PSB), mais conhecido por Braguinha, foi preso e impedido de tomar posse horas antes da cerimônia. Ele é suspeito de envolvimento com uma facção criminosa que teria atuado em favor de sua campanha.
O vice-prefeito eleito não consta como investigado no inquérito que tirou Braguinha da administração, mas a Polícia pediu que ele também fosse impedido de assumir o cargo. O filho do prefeito Braguinha, Joel Barroso, entrou na linha direta de sucessão após ser eleito presidente da Câmara, por um voto de diferença. Joel Barbosa foi eleito com 1.767 votos, ficando em segundo lugar dentre os eleitos.
Santa Quitéria, vizinha ao município de Sobral, tem cerca de 40 mil habitantes e se situa a 220 quilômetros de Fortaleza e a decisão judicial que mandou prender Braguinha detalha como a facção atuou intensamente nas eleições no Ceará, ordenando mortes, ataques e investidas políticas em quase todo o Estado, especialmente em Santa Quitéria.
Também no Ceará, na cidade de Choró, há 188 km de Fortaleza, o candidato mais votado, Bebeto Queiroz (PSB), também teve a posse suspensa no dia da cerimônia. Investigado por suspeita de envolvimento em crimes eleitorais, Queiroz é alvo de um mandado de prisão em aberto e é considerado foragido da Justiça. A ação ocorreu após uma decisão da Justiça Eleitoral, que suspendeu a posse do prefeito eleito Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto Queiroz (PSB), e do vice-prefeito Bruno Jucá Bandeira (PRD).
O novo presidente da Câmara Municipal de Choró, o vereador Paulo George Saraiva, o “Paulinho” (PSB), foi empossado como prefeito interino. Durante a cerimônia, o prefeito interino leu um trecho do documento que suspendeu as posses de Bebeto Queiroz e Bruno Jucá.
Além dos citados acima, também foram barrados pela Justiça as posses dos prefeitos conforme lista seguinte
· Bandeirantes (MS) – Álvaro Urt (PSDB)
· Bocaina (SP) – Moacy Zere (Republicano)
· Bonito de Minas (MG) – Dílson de Senhorinha (União Brasil)
· Eldorado (SP) – Elói Fouquet (PSDB)
· Goiana (PE) – Eduardo Honório (União Brasil)
· Guapé (MG) – Tiago Câmara (PSDB)
· Guará (SP) – Vinicius Engenheiro (PSD)
· Itaguaí (RJ) – Dr. Rubão (Podemos)
· Mercês (MG) – Donizete Calixto (MOBILIZA)
· Mongaguá (SP) – Pinheirinho (PP)
· Natividade (RJ) – Taninho (União Brasil)
· Neves Paulista (SP) – Reginaldo Guinu (PL)
· Panorama (SP) – Ito (PP)
· Paranhos (MS) – Heliomar Klaubunde (MDB)
· Presidente Kennedy (ES) – Dornei Fontão (PSB)
· Reginópolis (SP) – Ronaldo Correa (Podemos)
· São José da Varginha (MG) – Netinho (PP)
· São Tomé (PR) – Leo da Bota (MDB)
· Tuiuti (SP) – Amarildo Lima