Na sessão ordinária de sexta-feira (28), a situação da lavoura do sisal foi o principal tema de debate na Tribuna da Câmara Municipal de Várzea Nova. A seca que assola a região já provoca impactos diretos sobre os trabalhadores, com a possível paralisação dos motores utilizados na produção, pois o sisal está ficando murcho e sem condições de desfibramento.
A agricultora Verônica Lopes, que atua na cultura do sisal desde os 17 anos, usou a tribuna para expor as dificuldades enfrentadas pela categoria. “Hoje, quando a fiscalização federal vem, parece que a gente matou alguém. A gente precisa se esconder para trabalhar, para sustentar nossa família. Nós não temos voz, somos criminosos do sisal. Até quando vamos ficar assim?”, questionou. Ela ressaltou que a dependência econômica do município em relação à cultura é preocupante. “Nossa agricultura é o sisal. Quando o sisal está murcho, Várzea Nova para, a feira fica vazia, o povo atrasa suas contas.”
A trabalhadora também criticou a assistência emergencial oferecida às famílias afetadas. “A prefeita me mandou uma mensagem dizendo que ia ver uma cesta básica. E uma cesta básica de 100 reais dá para passar um mês? Por favor, vamos levar mais a sério quem leva Várzea Nova para frente”, afirmou emocionada.
Verônica solicitou apoio da Câmara Municipal para a criação de uma associação rural voltada à organização dos trabalhadores do setor.

O líder comunitário Lindomilson também usou a tribuna para alertar sobre a necessidade de uma resposta mais eficaz das autoridades locais. “Se a gente tivesse sentado e buscado solução, esse problema do sisal já teria sido resolvido. A gente precisa se organizar, mas não temos condição de fazer isso sozinhos. Precisamos do Poder Executivo, do Poder Legislativo, do apoio do Estado. Mas, antes de cobrar do Estado, precisamos fazer o dever de casa, organizar nossa situação aqui no município”,
Lindomilson também criticou o descumprimento de promessas feitas em audiências anteriores. “Tivemos duas audiências e nada do que nos foi prometido foi cumprido. As cestas básicas do Estado não chegaram. A Câmara de Vereadores foi a única que destinou 70 mil reais para a compra de cestas básicas”, relatou.
O líder comunitário ressaltou a urgência de medidas concretas para enfrentar os impactos da estiagem. “Nós vencemos a eleição com um discurso de mudança, e eu fiz parte disso. Como sisaleiro, quero sentir essa mudança para o meu povo, porque eu acreditei. Investi, corri atrás. Esse povo confiou nesse discurso e agora quer ver e sentir essa mudança. A seca está aí, agora não é tempo de pensar em festa, é tempo de pensar em vidas”, afirmou.
O presidente da Câmara Municipal, Marcelo Teodoro, manifestou apoio às reivindicações dos trabalhadores e afirmou que o Poder Legislativo está disposto a lutar junto com os trabalhadores do sisal para buscar soluções que minimizem os impactos da seca. O apelo agora recai sobre o Executivo Municipal, que precisa adotar medidas rápidas para evitar que a crise se agrave ainda mais.
Fonte: Jacobina 24 Horas