Oficinas de grafite, flores, quadros com materiais reciclados, além de rodas de conversa foram algumas das atividades que integraram a Feira de Economia Criativa, Solidária e Feminista promovida pelo Centro Público de Economia Solidária da Bacia do Jacuípe (CESOL) nos dias 11 e 12 de dezembro, em Pintadas. O evento aconteceu em parceria com o Festival Nacional de Curtas Pensar Filmes e contou com presença de 30 grupos acompanhados pelo CESOL, organização responsável pelo assessoramento dos empreendimentos econômicos solidários dos 14 municípios do Território.
Regina Cardoso dos Santos, 65 anos, e Isabel Nunes, 63, da Associação de Mulheres de Vaca Brava, em São José do Jacuípe, participaram da oficina de Grafite e gostaram muito da atividade. “Isso aqui é bom demais. A gente divulga nossos produtos, aprende e troca experiências”, disse Isabel.
Os visitantes puderam conhecer e adquirir produtos feitos de forma cooperada e de maneira sustentável, principalmente, por grupos de mulheres da região. Peças de artesanato, artigos de decoração, além de sequilhos, biscoitos, beijus, temperos e vários produtos formaram uma amostra da diversidade e da identidade cultural da região.
“A feira é importante porque divulga os nossos produtos, a gente aprende mais e ganha novas experiências”, garante Creuza da Cunha Carneiro, 51 anos. Ela faz parte do Grupo de Mulheres Sabor Natural do Nordeste, da comunidade Baixa Grande, em Quixabeira. “Viemos divulgar o nosso trabalho e ao mesmo tempo prestigiar o trabalho do CESOL porque depois dele nós tivemos mais informação e ganhamos o reconhecimento da comunidade”, avalia Marilza Daltro Oliveira, do Grupo de Mulheres da Associação Comunitária de Itatiaia, em São José do Jacuípe.
O empoderamento e a garantia dos direitos das mulheres também estão na pauta do CESOL e da Rede Pintadas, que gerencia o projeto. Neste sentido, a programação abriu espaço para a realização de uma roda de diálogo com a participação de jovens da Marcha Mundial de Mulheres e representantes dos grupos produtivos.
“Aqui é um espaço muito importante de articulação, de mobilização e de comercialização dos produtos das mulheres, que ainda são invisibilizadas na sociedade. O CESOL tem sido um grande parceiro nessa luta. Através dele a gente tem conseguido alcançar mais mulheres e dar suporte e acompanhamento para que os grupos possam se fortalecer”, destacou Gildeane Mota, Articuladora de Mulheres do Território.
Os Centros Públicos de Economia Solidária mais conhecido por Cesol’s são espaços multifuncionais públicos, de caráter comunitário, que se destinam a articular oportunidades de geração, fortalecimento e promoção do trabalho coletivo baseado na economia solidária. Consistem em estruturas criadas e mantidas por meio de parceria entre o poder público e a sociedade civil organizada, no caso de Pintadas, através da Rede Pintadas, tendo a SENAES/MTE – Secretaria Nacional de Economia Solidária e a Rede Brasileira de Gestores Públicos da Economia Solidária seus principais difusores.
Ação pioneira em todo o Brasil no âmbito das ações de governos estaduais, a criação dos Centros Públicos de Economia Solidária é o símbolo mais expressivo das iniciativas que vão desenhando uma política pública para a economia solidária, articulando formação, incubação, crédito e apoio direto a empreendimentos. Na Bahia, o governo já implantou 9 Centros Públicos, sendo um de abrangência estadual, em Salvador (localizado no Comércio) e oito de abrangência regional/territorial, ou seja, 03 na região metropolitana de Salvador (Mares, Barra e Sussuarana), Sertão Produtivo (Guanambi), Litoral Sul (Itabuna), Sertão do São Francisco (Juazeiro); Recôncavo (Cruz das Almas) e Bacia do Jacuípe, sediada em Pintadas.
Hélio Alves, coordenador geral do CESOL da Bacia do Jacuípe disse ao CN que estas feiras foram iniciadas em 2013 com a primeira realizada em Pintadas, daí outras feiras itinerante aconteceram em Baixa Grande, Ipirá, Pé de Serra, Várzea do Poço, Quixabeira, São José do Jacuípe e a ideia é realizar em todos os 14 municípios do território do JacuípE. “Encerramos aqui em Pintadas o ciclo das feiras este ano e estamos planejando o próximo ano”, falou Hélio Alves.
Avaliando os eventos, ele disse que tem obtido os resultados esperados e o público de cada cidade é diferente, “além da comercialização, divulga os produtos e empreendimentos da economia solidária, que, no território existe uma diversidade muito grande, além da troca de experiência e saberes entre os grupos, pois em todas as feiras são realizadas oficinas de artesanatos e palestras territorial”, continuou Hélio. Existem no território do Jacuípe 157 empreendimentos ligados a economia solidária formais e informais e na maioria formada por mulheres, beneficiando diretamente 1.500 famílias.
Sobre a participação das mulheres, Hélio disse que elas participam do processamento e os homens na produção e citou o exemplo dos doces, onde os homens cuidam das vacas ou cabras e depois com o leite as mulheres produzem os diversos tipos de doces. Ele disse também que a CESOL é parceira de 05 cooperativas na região com acompanhamento técnico.
Atividade promove intercâmbio dos Centros Públicos – Durante a Feira, representantes de todos os Centros Públicos de Economia Solidária da Bahia (CESOLs) também se reuniram em Pintadas para conhecer a experiência de associativismo e cooperativismo do município, além de compartilhar saberes na perspectiva do fortalecimento do desenvolvimento sustentável. A atividade contou com a presença de Efson Lima e Edjane Oliveira, da coordenação do Programa Vida Melhor. O setor é responsável pelo acompanhamento das organizações sociais na execução da política de Economia Solidária da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE/BA).
Redação CN e Lourivãnia Soares/ fotos: ASCOM CESOL e Deivdy Willian