O administrador de empresas, Renato Palmeiras, 25 anos, era um daqueles foliões que não desperdiçavam um minuto do Carnaval. Para suportar a saída nos blocos, a farra com os amigos e não fazer feio com as piriguetes, a saída era apelar para toda e qualquer bebida energética que garantisse ânimo para suportar a maratona.
No ano passado, não teve ressaca e tão pouco arrastão: a Quarta de Cinzas foi vivida na emergência de hospital, com recomendações médicas, exames e um eletrocardiograma que deixou claro que novos excessos poderiam acabar de uma vez com a folia.
Segundo o neurologista e neurocardiologista, Marco Heleno, do Hospital Espanhol, os energéticos não são tão inocentes como se costuma acreditar. “O abuso dessas substâncias pode induzir a picos de hipertensão, fibrilação e até morte súbita”, esclarece.
Ele lembra que o perigo cresce quando esses compostos são misturados ao álcool, já que o estimulante retarda o efeito depressor das bebidas alcoólicas. “Quando a ação euforizante do energético passa, o indivíduo entra numa depressão muito acentuada, podendo iniciar um coma alcoólico em questão de minutos”, destaca Heleno.
Diferenças
Ele lembra ainda que a despeito das pessoas acharem que qualquer bebida estimulante é energética, há uma diferença grande entre as bebidas isotônicas, termogênicas e energéticas propriamente ditas.
As primeiras são aquelas que hidratam e repõem sais minerais perdidos com a transpiração. Se a pessoa não tem problemas cardíacos ou renais, é até desejável que se consuma no Carnaval, principalmente durante o dia. São disponibilizados no mercado diversos isotônicos, mas aposte na água de coco que é um isotônico natural, saboroso, fácil de ser encontrado e que possui apenas 22 calorias por 100 ml.
As termogênicas contêm aminoácidos, carboidratos servem para dar uma energia extra, acelerar o metabolismo e só causam problemas – como insônia e agitação psicomotoras – se o consumo for abusivo. Alternativas naturais são os chás verde, canela e gengibre ou a mistura desses produtos aos sucos e vitaminas.
Cafeína
Já as bebidas energéticas possuem cafeína e outros estimulantes capazes de alterar a pressão arterial e os batimentos cardíacos mesmo naquelas pessoas que não possuem predisposição às doenças do coração.
Por essa propriedade, elas merecem cuidados. Nas atividades físicas, a cafeína atua alterando a percepção neurológica de esforço e disponibilidade, mudando a ideia do cansaço. “O cuidado com esses energéticos precisa ser maior para quem tem histórico na família e problemas diagnosticados”, finaliza.
Carmen Vasconcelos|Redação CORREIO