Cerca de 350 pessoas oriundas de 71 famílias, comemoraram no final da tarde desta terça-feira (13), o primeiro ano de luta pela terra no acampamento Alto Alegre, distante 18 km da sede de Conceição do Coité e a 6 km do Assentamento Nova Palmares. Os acampados que não quiseram dizer seus nomes, lembraram que ocuparam a fazenda Marruás pela primeira vez em 13 de janeiro de 2014 e desocuparam após o compromisso do INCRA conseguir uma área para assentá-los no município de Conceição do Coité.
Após desocupar a fazenda Marruás, eles armaram, pela segunda vez consecutiva, seus barracos em uma área de reserva cedida pelos assentados de Nova Palmares e, segundo um acampado de 32 anos, este entendimento foi facilitado, pois 70% das pessoas envolvidas na luta são filhos ou netos de assentados e que estão sem ter para onde ir. Eles armaram 40 barracos nestes sessenta dias que estão na área.
Outro acampado de 41 anos, disse ao CN que existe um compromisso do INCRA em resolver este problema em um ano e meio e que estão reivindicando agilidade no processo reforma agrária e falou que está consciente que reforma agrária desenvolve o município e citou o exemplo de Nova Palmares, hoje com 102 famílias assentadas e muito avanço nos seus 17 anos de existência, comemorados na segunda-feira (12).
Os acampados se organizam em grupo de dez famílias e atuam em forma de rodizio, facilitando sair para trabalhar em roças de outras pessoas, ou seja, “como costumamos dizer: vendendo o dia”, concluiu.
Uma dona de casa de 50 anos, falou que não é fácil a luta e por essa razão muitos desistem. Ela disse que vem a muito tempo sonhando de ter um “pedaço” de terra e já passou por sete acampamentos e agora acredita que conseguira esse desejo. Essa senhora contou que era monitora do TOPA, viu o barraco escola e sua residência pegar fogo, mas não desiste da luta.
Para o jovem de 22 anos, filho de assentado, na luta pela terra, a coisa que mais entristeceu, foi as informações divulgadas na imprensa que eles eram baderneiros, pegavam animais do fazendeiro e ameaçavam o vaqueiro, o que não é verdade, segundo ele.
Redação CN * fotos: Devidy Willian