Um crime com traços passionais chocou os moradores de Bauru, no interior de São Paulo, nesta quinta-feira (12). Um homem de 38 anos matou a ex-namorada dele, de 25, com um tiro na testa e em seguida cometeu suicídio, também com um tiro na cabeça. O crime aconteceu no escritório de advocacia onde a jovem trabalhava no Jardim Bela Vista.
Evandro José Siqueira não aceitava o término do relacionamento com Daniela Pavanelo Segantin. O casal chegou a morar junto na casa dele.
Pouco tempo antes do ocorrido Evandro, que trabalhava em uma concessionária de carros, publicou em sua página pessoal no Facebook uma mensagem tentando justificar o crime e as razões pelas quais tomaria tal atitude. Além disso, deixou orientações sobre a partilha da herança deixada por ele à família. A página foi tirada do ar por familiares logo após o ocorrido.
De acordo com informações de pessoas próximas ao casal, eles tinham um relacionamento de idas e vindas de aproximadamente três anos. Consultora de vendas de produtos de beleza, Daniela também trabalhava como recepcionista no escritório de advocacia há pouco mais de seis meses e todos no local sabiam do momento conturbado que o casal vivia. A jovem chegou a confidenciar para os amigos de trabalho o medo que alimentava de que o ex-namorado lhe fizesse alguma maldade.
Segundo a polícia, Evandro chegou ao escritório da ex-namorada por volta das 11h30. Estacionou o veículo e interfonou, já que a empresa trabalha com as portas fechadas. De acordo com a Polícia Militar, o homem teve a entrada autorizada, foi até Daniela e efetuou um disparo a queima roupa contra ela, que morreu na hora. Em seguida, ainda no local, ele atirou contra a própria cabeça. Funcionários do escritório, muito chocados, relataram aos policiais que não se ouviu qualquer discussão entre o casal e que foi tudo muito rápido. No momento do crime, três pessoas trabalhavam no andar superior do escritório.
Despedida e justificativa – Apesar da autoria do crime ser conhecida e o autor não poder mais ser punido, o delegado responsável pelo caso pretender ouvir diversas pessoas nos próximos dias. A arma, um revólver calibre 38, e algumas munições ainda não deflagradas foram apreendidos.
No longo texto escrito por Evandro comunicando que estava prestes a cometer o crime e publicado no Facebook, ele acusa duas pessoas pelo relacionamento com a jovem não ter dado certo. Em um trecho, o homem aponta um policial militar da Capital como possível amante de Daniela e cita também uma mulher, conhecida do casal, responsável pela aproximação da jovem com o policial.
De acordo com o delegado Mario Henrique Ramos, Evandro passou a terça e quarta-feira na cidade de Campinas, interior de São Paulo, onde residem a mãe e o irmão. Para o delegado, conforme relatado na mensagem, o rapaz passou os últimos momentos de vida na casa da mãe, organizando tudo para depois de cometer o crime. Ele retornou a Bauru na quinta-feira pela manhã. Em um dos trechos do texto Evandro orienta os familiares sobre o que fazer com a herança deixada por ele.
“O carro está em nome dela quero que fique com meu irmão: ele quita as parcelas e dá um jeito. Juliano tem um cartão com o número da senha em baixo do pote de gel perto dos relógios de sua gaveta da pra mãe terminar a casa…”, escreveu. Em outra parte da mensagem Evandro pede perdão para a mãe e em letras maiúsculas, dando ênfase, que ela reze por sua alma. “Meu fone está com senha da sua data de nascimento, fique com vocês, dê pra mãe e peça perdão a ela!!! TE AMO MUTO MÃE ORE POR MINHA ALMA”.
Em outro trecho da carta deixada por Evandro ele cita que o tal policial militar, possível amante Daniela e pivô da separação do casal, tenha afirmado numa ocasião que “MULHER ASSIM DEVERIA LEVAR UM TIRO NA CABEÇA!!!! Eu recordo!! E tomo esta atitude diante disso”. O delegado afirmou que pretende ouvir o policial para saber se, de algum modo, essa frase influenciou Evandro a cometer o crime e seguida o suicídio. A página de Evandro na rede social foi retirada do ar por familiares logo após o ocorrido.