Em encontro promovido pela emissora Rede TV e pelo jornal “Folha de São Paulo” neste domingo, os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) debateram os temas das privatizações, da educação, da saúde, da infra-estrutura, do emprego e do combate às drogas.
Descriminalização do aborto e religião, temas que vinham dominando as campanhas de ambos os candidatos nos últimos dias, não foram mencionados nenhuma vez.
Dilma trouxe várias vezes o debate para o tema das privatizações. A petista insistiu em discutir a resistência do governo de São Paulo em vender a empresa Gas Brasiliano Distribuidora à Petrobras, enquanto Serra disse que Dilma fez leilões para exploração privada de petróleo. ”Quando eles fazem, não é privatização”, disse o tucano.
Serra criticou a infra-estrutura brasileira e disse que o país nunca investiu tão pouco em estradas quanto no governo atual. Dilma rebateu dizendo que Serra costuma interromper obras de seus antecessores e que o conhecimento do adversário sobre infra-estrutura é limitado.
Um dos momentos mais quentes do debate foi quando as jornalistas Renata Lo Prete, da Folha de SP, e Patricia Zorzan, da Rede TV, questionaram os candidatos sobre dois escândalos políticos: o suposto desvio de R$ 4 milhões da campanha de Serra por Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor administrativo e financeiro da Dersa, e o caso Erenice Guerra, ex-ministra da Casa Civil no governo petista, acusada de participar de esquema de tráfico de influência.
Serra se disse vítima da situação e afirmou que nunca negou que conhecia Paulo Preto, apenas que desconhecia o suposto desvio de dinheiro, e afirmou que isso “é muito diferente de negar mensalão”, referindo-se ao PT. Ainda acrescentou que o apelido do engenheiro é racista.
Dilma disse que Erenice errou e que é contra a contratação de parentes para cargos públicos. A petista disse que a Polícia Federal está investigando o caso. ”Ao contrário do PSDB, nós investigamos”, alfinetou.
Saúde e educação
Os candidatos também debateram temas como saúde e educação. Dilma disse que vai consolidar o Sistema Único de Sáude (SUS) e defendeu as policlínicas e as unidades de pronto-atendimento 24h.
Serra disse que o PT copia o que já foi feito no governo FHC, e em São Paulo, durante gestão tucana.
Dilma perguntou a Serra como o estado mais rico do Brasil tem um desempenho tão acanhado em educação, em 16 anos de governo tucano. Serra rebatou dizendo que São Paulo lidera o ranking no ensino fundamental de acordo com o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) do Ministério da Educação e levantou problemas de vazamento de dados no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
A petista disse que Serra não deveria subestimar o povo paulista e criticou a progressão automática, dizendo que 50% da nota paulista no Ideb está baseada nisso.
Os candidatos também discutiram trabalho, e Dilma falou do aumento nos empregos com carteira assinada no governo atual.
Serra disse que dá a impressão que Dilma está concorrendo ao governo de São Paulo, por causa das perguntas feitas pela petista sobre programas do governo paulista.
Serra falou sobre o Plano Real, implementado por Itamar Franco e FHC, e disse que Dilma foi contra a iniciativa. A petista pediu direito de resposta por ”ter sido acusada de ser a favor da inflação”. O pedido foi negado pela comissão que julgava as solicitações de resposta durante o programa.
Nas considerações finais, Dilma destacou a diversidade do povo brasileiro e mencionou o presidente Lula pela primeira vez, dizendo que sentia orgulho de participar do governo do “maior presidente que o país já teve”. Ainda defendeu a valorização da cultura e o respeito ao aluno e ao professor.
Serra também mencionou a educação, dizendo que veio de uma família pobre e que foi “graças à educação que cheguei onde cheguei”. O tucano também pregou a justiça e solidariedade como seus valores e criticou o tratamento do opositor como inimigo.