As ações do Consórcio Público de Desenvolvimento Sustentável do Território do Sisal – CONSISAL, através do projeto 2ª Água e das novas Tecnologias para Convivência com o Semiárido, construiu na comunidade Quilombola do Maracujá, situada á 17 km da cidade de Conceição do Coité, uma barragem com 700 hs/máquinas. No local conhecido pelo “tanques de Zinho”, localizada no cruzamento das estradas vicinais que ligam Maracujá a Matinha e Vargem, existia três pequenos barreiros construídos manualmente há quase cinco décadas.
Segundo o morador José Carlos, 54 anos, conhecido por Bago, em toda história da comunidade houve apenas duas intervenções com máquinas, ou seja, em 1983, período de uma grande seca e em 2012, quando a comunidade se juntou e arrecadou R$ 1.400 e efetuou uma pequena limpeza. A esposa de Bago, Dona Eline Maia de Oliveira, 66 anos, mãe de nove filhos, se emocionou ao falar da obra e lembrou o sofrimento no tempo de estiagem. “A seca já fez eu e minha família correr daqui e passar três anos em São Paulo, isso em 1970. Foi muito difícil, mas hoje estou muito bem aqui. Água está difícil em toda lugar do mundo e nós vamos zelar esse tanque e água que Deus mandar, falou Eline Maia.
A região do Maracujá foi oficializada Quilombola no inicio de novembro do ano passado devido às suas características tão peculiares, como, por exemplo, o fato de seus habitantes viverem isolados, e de forma quase primitiva, foram realizados estudos por parte de pesquisadores do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), sediado em Coité, e muitos estudantes de universidades de Feira de Santana e Salvador, resultando na certificação de Território Quilombola e com isso a valorização da cultura, preservação dos saberes e da história do povo negro. (Coloque o link da matéria da festa do maracujá).
O líder quilombola Hélio de Oliveira Silva, falou ao CN que serão beneficiadas aproximadamente 100 famílias e o cascalho retirado durante a construção foram colocados nas estradas da região, melhorando a tráfego. Com a resposta na “ponta da língua”, Hélio do Povo, como é conhecido, respondeu ao questionamento sobre as comunidades quilombolas, ou seja, são grupos étnico-raciais com auto-atribuição e trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas e com ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
A 4 km do Maracujá, ainda na região Quilombola, área conhecida como Cansanção, foi construída mais uma barragem com 700 h. Segundo o líder comunitário José Hamilton Oliveira Silva, 44 anos, existia no local um pequeno tanque que o povo conhecia com Raminho e “hoje um belo e espetacular açude que vai resolver o problema da estiagem na região”, comemora Zé Hamilton.
Com a nova barragem Zé Hamilton vem lutando agora para que a antiga seja aterrada e seja feita uma praça no local para desenvolver melhor o Povoado.
Além das comunidades de Maracujá e Cansanção, foram construídas barragens em Barrocão e Sítio de Maria Vitória.
Redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas
29-11-14 – Valente – Osni Cardoso visita duas barragens construídas pelo CONSISAL