Os militantes, delegados, observadores e autoridades foram recebidos na noite de quinta-feira (11), para o ato de abertura do 5º Congresso do PT, no Hotel Pestana, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, ao som de uma “charanga”, com instrumentos de sopro, dança das baianas e membros do afoxé Filhos de Gandhy. Mesmo com duas horas de atraso, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi bastante aplaudida e ouviu da militância gritos de “Olê, olê, olá, Dilma, Dilma”, “pode tremer, pode tremer, aqui está à militância do PT”.
O governador Rui Costa não teve a mesma recepção e, convidado em dois momentos para compor a mesa, foi vaiado quando subiu ao tablado onde foi composta a mesa e ao usar da palavra foi interrompido com os gritos de “Cabula, Cabula” e “não ao extermínio da juventude negra”, uma alusão à chacina motivada por um confronto entre a polícia em Vila Moisés, no bairro do Cabula em 17 de janeiro deste ano onde morreram doze pessoas.
Visivelmente abalado com a reação, Rui Costa foi animado pelos militantes, em sua maioria, que gritaram “Olê Olá Dilma…Dilma”, como forma de inibir os gritos de “Cabula, Cabula”. Continuando o discurso, o chefe do executivo baiano disse que o PT é mais que um partido, mais que uma sigla e representava o sonho do povo brasileiro. “Podem tentar bater e bater, mas o PT estará lá, morando no coração e na alma do povo brasileiro”, finalizou Rui.
O discurso da presidente Dilma Rousseff durou quase uma hora e aproveitou para pedir o apoio do partido e de sua militância para seu segundo mandato e garantiu ter a coragem de realizar ajustes, e que faz isso para ter a serenidade de conseguir avançar com o projeto de mudanças que adotou desde 2003. “Nós não mudamos de lado, nem alteramos os compromissos que temos com o Brasil e que o PT defende desde que chegamos ao governo federal com o Lula. Eu vim aqui dizer que nosso quarto mandato está apenas no início. Eu tenho certeza que o PT está nos apoiando nisso e que vai continuar nas ruas buscando o nosso crescimento”, falou a presidente.
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que costuma fazer um discurso descontraído e cheio de improvisações resolveu levar tudo prontinho, como se não quisesse esquecer de nada ou não entrar em outro assunto que preferiu não citar. Lembrou que ao completar dez anos neste mês que a imprensa brasileira começou a decretar a morte do PT”. “No dia 19 de junho de 2005, uma revista que era considerada muito importante naquele tempo publicou na capa um desenho do meu rosto se esfarelando, depois fez uma capa com a estrela do PT se partindo. O que aconteceu, foi que um ano depois vencemos nas urnas e fui reeleito para o segundo mandato na Presidência da República. Nós estamos aqui para mostrar que o PT continua vivo e muito preparado para novos combates”, afirmou.
Mas não ficou só nas revistas, ele citou também canais de TV do que a militância chama de grande mídia, na ocasião, petistas olhavam para o batalhão de reportes que dizia “fora Rede Globo”. Mas ao que parece, a coordenação não tinha mesmo o interesse de priorizar a imprensa, já que montou um espaço no canto de parede do auditório que teve pouco anglo para fazer imagens, já que a mesa foi montada no tablado baixo e a militância em pé impediu a realização de fotos e imagens, e para piorar a situação foi montado um esquema para que a assessoria de imprensa do partido ficasse em m ponto alto no meio do povo dificultando o serviço dos órgãos de imprensa. Um membro da comissão organizadora ainda no inicio esteve no espaço da imprensa dizendo que levaria o pessoal de imagem (foto e vídeo) para fazer o trabalho de perto, mas não cumpriu.
Enquanto os petistas chegavam ao Hotel Pestana durante todo o dia, manifestantes pró e contra a presidente Dilma Rousseff discursavam em frente a principal rua de entrada para o local do Congresso. A Polícia Militar armou um esquema para evitar o confronto entre as duas correntes, e o movimento terminou de forma pacífica.
O Congresso prossegue nesta sexta-feira, ainda com a participação de Lula, o que deve manter o movimento nacional do PT muito atraente.
Redação CN – fotos: Raimundo Mascarenhas