Um Encontro municipal das Trabalhadoras Rurais marcou as comemorações alusivas ao Dia Internacional da Mulher neste sábado (19) na cidade de Riachão do Jacuípe. O evento aconteceu no Centro de Formação do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e dentre os assuntos em pauta,para não fugir a regra “as mulheres”, a maioria agricultora familiar, que festejou também os 20 anos da conquista da previdência e do reconhecimento da classe através das lutas encampadas pelo movimento sindical.
A primeira atividade foi uma palestra sobre Previdência Social direcionada aos direitos das mulheres proferida pelo professor da UNEB e servidor da previdência, Ricardo Sampaio, lotado na Agência do INSS de Jacobina. Ele começou homenageando São José, de quem é devoto. “Meu pai é José e tenho um filho chamado José, por isso a minha devoção a este santo muito querido, principalmente pelo povo do sertão. Ele é o santo que intercede por nós quando necessitamos de chuva, como é o caso do momento”, falou Sampaio, enquanto pedia o povo para cantar o bendito em louvor ao santo que pede chuva em abundância.
Uma verdadeira palestra motivacional, Ricardo Sampaio orientou as agriculturas sobre o beneficio do salário de família e lembrou que ao longo do tempo, mesmo faltando alguns anos para requerer as aposentadorias, todas elas devem ir arrumando os documentos, principalmente aqueles que provam que são realmente trabalhadoras rurais. “É muito importante a declaração que é lavradora, pois isto facilita a tramitação de um processo de aposentadoria”, falou. Segundo Sampaio, o servidor da Previdência tem independência para conceder um beneficio e muitas das vezes, por uma questão de autonomia intelectual, a casos que são aprovados por uma Agência e por outra não. “Esta decisão às vezes acontece motivadamente, pois o INSS não trabalha com provas testemunhais, só com documentos. As provas que são colocadas perante o servidor que está cuidando de aprovar o beneficio tem que ser documental”.
Ele disse também que na esfera administrativa é bem diferente da judicial, onde são aceitas provas testemunhais. “Nós, em especial falo por mim, nos alegramos quando vemos o sorriso de uma pessoa as saber que esta aposentada. Isso nos deixa muito feliz e, portanto eu sou um facilitador e orientador para que todos tenham seus direitos adquiridos. É bem verdade que há dias que estamos cansados, com presa, com problemas e acabamos não dando o mesmo atendimento nos 365 dias do ano. Mas, procuro sempre ajudar a quem nos procura”, falou o servidor durante sua palestra.
Queixa do STR em relação a agência do INSS de Riachão do Jacuípe – O secretário geral do STTRRJ, Teodomiro Paulo, considerou o atendimento da Agência do INSS de Riachão do Jacuípe, o pior do Estado e afirmou que é a que mais nega os benefícios para os trabalhadores rurais. “Recentemente encaminhamos a Justiça Federal em Feira de Santana sete casos de benefícios negados e a justiça concedeu três”, lembrou o líder sindical que também é diretor da FETAG.
A chefe da Agência no município, Margarete Alves, foi convidada para o evento, porém chegou atrasada e pouco falou, pois chegou após a palestra do colega que empolgou a platéia com a descontração e até um momento de meditação, seguindo da oração do Pai Nosso e, mais uma vez, cataram o bendito de São José.
Lei Maria da Penha – A professora Celeste Guimarães (D) educadora há 32 anos e diretora do Instituto Social Santa Marta, fez a leitura de um cordel sobre a Lei Maria da Penha. Na leitura, a platéia pode entender que a Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, recebeu o nome de Lei Maria da Penha Maia, “uma mulher renasceu das cinzas para se transformar em um símbolo da luta contra a violência doméstica no nosso país”, afirmou Marines Oliveira Carneiro, secretária de mulheres e jovens da entidade.
A advogada Thais Silva, assessora jurídica da FETAG, disse a conquista da lei Maria da Penha foi uma conquista das mulheres. “Nós estamos conquistando espaço sem tomar o espaço dos homens”, lembrou. Ela também falou sobre a Marcha da Margarida, uma ação estratégica das mulheres do campo e da floresta para conquistar visibilidade, reconhecimento social, político e cidadania plena.
“A Marcha das Margaridas se consolidou na luta contra a fome, a pobreza e a violência sexista e sua agenda política de 2011 tem como lema desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade”, lembrou
Thais contou também que a marcha é uma forma de homenagear a trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves. Ela é um grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade. Rompeu com padrões tradicionais de gênero ao ocupar por 12 anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, estado da Paraíba. À frente do sindicato fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. A sua trajetória sindical foi marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Margarida Alves foi brutalmente assassinada pelos usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983.
O presidente do Sindicato, Renivaldo Carneiro destacou o empenho da mulher na conquista da previdência e no reconhecimento da classe. Ainda em seu pronunciamento, Reninho, com o é conhecido, agradeceu os participantes pela mobilização no encontro.
Presença do prefeito e dos vereadores – Os vereadores Célio Roberto da Silva Brito (PHS), José Nivaldo Cordeiro Carneiro (PRB) e José Antonio Ferreira Brito Júnior (PSDB), estiveram presentes no encontro. O prefeito Lauro Falcão (PMDB), chegou no momento final acompanhado do diretor do Hospital Municipal, José Ramiro Filho. “Não poderia deixar de participar deste encontro e reconhecer a importância da mulher para o nosso município”, falou o prefeito Laurinho. Os políticos assistiram e até interagiram na distribuição de brindes patrocinados pela entidade para a mulher mais velha, com a maior quantidade de filhos, que estivesse aniversariando naquele dia ou mesmo que se chamasse “Maria José”, em homenagem a São José. As participantes receberam um “guarda-chuva”, que foram inaugurados com sol, pois a quentura passava dos 35º.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas