Todo mundo pensa que foi o povo, os cara-pintadas, que colocaram Fernando Collor para correr, defenestrado que foi da Presidência da República. Foi, não! Quem deu o tiro de misericórdia foi o Congresso Nacional, que estava com tudo armado, com raiva do cara que era (é) boçal, arrogante e prepotente como a maioria dos políticos e aproveitou que ele deu bobeira com gente pagando consertos na Casa da Dinda (lembra Lula e seu ap e sua fazenda, né?) e recebendo carro de presente, ao mesmo tempo que o irmão pirado Pedro Collor jogava caca no ventilador, dedurando seus atos insanos e sua ligação direta e sem escala com PC Farias, de triste memória.
Nas ruas, nas avenidas nem eram tantos cara-pintadas assim, mas eles serviram de paradigma, passaram a simbolizar a insatisfação com os desmandos e malfeitos do então presidente. Portanto, não é o povo colocando o bonecão do Bandilma nas praças de vez em quando ou fazendo ondinha pela internet, sem mostrar a cara para valer que vai derrubar Dilma Roussef. É preciso muito mais, mas o brasileiro, todos sabemos, é de ímpeto, da hora. Veio a vontade, faz um furdunço, uma bagunça, uma gritaria, uma nigrinhagem…, a vontade passa e tudo segue como dantes, só no ti ti ti.
Eu já nem tenho certeza que tem mesmo de derrubar Dilma. Desmoronar seu governo para quê? Para dar o lugar ao Michel Temer? Valha-me Deus. Tem de lembrar que se o PT está nadando num lago fétido o PMDB também dá largas braçadas nos excrementos dos urubus. O PMDB é comensal de tudo de errado que anda acontecendo por aí e é até hoje engraçado quando se pergunta a Lula se ele sabia do Mensalão, apesar de todas as evidências:
– Sei, não!
Da corrupção na Petrobrás.- Não sabia.
Do dinheiro dos empreiteiros.
– Nem vi.
E agora, com Dilma com a faça no pescoço e com a popularidade no volume morto, se perguntar para ele sobre a presidente, ele responde:
– Não conheço. Nunca vi. Quem?
E Eduardo Cunha?
– Cuma?
E sai de banda explicando que está na hora de tomar uma birita que é para abrir o apetite. O apetite do PMDB é igual ao do PT. Pantagruélico.
E Eduardo Cunha aprendeu direitinho com Lula e mesmo com todas as provas apresentadas pelo Ministério Público da Suíça insiste em dizer:
– Não tenho dinheiro, não sei de dinheiro, nunca vi dinheiro e tenho raiva de quem sabe.
Está mesmo na hora do povo aproveitar que vem aí 15 de novembro, uma data simbólica da Proclamação da República e ir às ruas de montão. Para valer. Encarcando “de com força” e dizendo “receba!”
JF é escritor e jornalista