8 de janeiro é comemorado o Dia do Fotógrafo, uma profissão que teve e terá sempre uma grande importância nos diversos acontecimentos. Mas a evolução tecnológica muito boa por sinal, tem causado também prejuízos a categoria, se comparando ao trabalho dos fotógrafos do interior do Brasil há duas décadas atrás, quando eram solicitados para todo tipo de serviço principalmente social desde o batizado da criança até a Bodas de Ouro do casal, para os dias atuais com o acesso fácil as mais variadas câmaras semi-profissionais, e também dos iPhones e Smartfones.
O Calila Noticias traz relatos de fotógrafos de Coité e região, muitos lamentando a pouca procura depois da evolução das câmaras no celulares e para quem investiu em laboratórios com a tecnologia digital, a baixa procura pela revelação porque as pessoas dão por satisfeitas as publicações nas redes sociais.
Conversamos com Manoel dos Santos Costa, (Neca) do Foto Almeida, mais velho em atividade no Município de Conceição do Coité, aproximadamente 45 anos no ramo fotográfico, vem acompanhando toda evolução. Ele disse que eventos como casamento, festa em escolinha, batizado, aniversário, a procura para registar esses tipos de acontecimentos caíram muito.” As pessoas têm em casa equipamentos que dão boa qualidade, nunca é igual a chamar um fotógrafo que só vive disso, mas no tempo do filme também tinha isso, era bem menos, mas fui o primeiro a montar laboratório colorido aqui e recebia muitos filmes para revelar, era pior que hoje porque o resultado só era visto depois da revelação, ai era foto com a cabeça cortada, desfocada, com pouca ou um muita luz, e mesmo assim a gente via a festa que faziam ao abrir o envelope.
Com a evolução tecnológica da fotografia Neca não quis ficar pra trás e logo investiu em uma máquina para revelação digital e hoje em dia mesmo com o movimento de pouco procura em relação ao tempo dos filmes ele disse que está satisfeito. ” Aqui ainda aparece gente para revelar, fazer fotos para documentos e está dando para levar, nunca tive muita ambição, e estou aqui sempre fazendo meu trabalho pouco mais frequente”, disse Manoel.
Ariel Mota Mascarenhas é o segundo mais velho em atividade em Conceição do Coité, a situação para ele ainda mais complicada que Manoel, pois ele teve laboratório manual para revelação de filmes, não investiu na famosa minilab e viu a situação se complicar com o avanço das fotografias dos celulares, onde passou a concorrer com antigos clientes.
Ele disse que perdeu campo também para os “esquemas” que estão fazendo, segundo ele tem profissionais que trabalham com agência e saem procurando as pessoas que vão casar ou se formar, fecha todo serviço de imagem, vídeo, telão e outros serviços e não dão oportunidade as pessoas chegarem até seu estúdio para fazer uma sondagem. “Não existe mais, tem pessoas que vêm aqui dou meu preço e não retornam mais, só pode ser porque estão queimando o preço la na frente”, lamenta Ariel.
Ariel que assumiu o posto de fotógrafo tendo aprendido a arte com seus irmãos Sinval e Oscar Mascarenhas que deixaram para fazer faculdade de Jornalismo e Geologia respectivamente disse que acabou de investir em uma máquina que vai permitir revelar fotografias digitais, antes só atendia fotografia 3×4 para documentos ou no máximo tamanho postal 10×15. “O fato mais curioso é que aparecem pessoas com filme para revelar, acho que bateram as fotos com as máquinas e deixaram guardados e só agora estão procurando, eu indiquei Feira de Santana para aventurar na revelação, que não se sabe se ainda presta”. Disse Ariel.
Eduardo Araújo conhecido Dudu Fotos outro fotógrafo coiteense que sempre atuou nos grandes eventos sociais de Coité e região, também tem queixa do momento atual da fotografia, principalmente quando se refere a momentos festivos em escolas, clubes, entre outros, quando fotografava centenas e centenas de pessoas. Mas ele sempre usou da criatividade por ser mais jovem sempre procurou se aprofundar nos serviços, investiu em boas câmeras, numa equipe de trabalho que chega usar até quatro pessoas num mesmo evento, tendo sido o diferencial, e automaticamente não existe foto de celular, que faça o trabalho que ele executa. Caiu muito, a concorrência não faz o serviço que a gente realiza, baixa muito preço, e as pessoas as vezes acaba fechando com outro e ao receber o álbum ver que não ficou talvez da forma como tinha visto de uma colega por exemplo, ai já foi tarde”. Lamenta Dudu.
Robério Mascarenhas é bastante jovem, mas progrediu muito rápido na função de fotografo e empresário no ramo fotográfico tendo inclusive montado laboratórios fotográficos em Coité, Euclides da Cunha e Feira de Santana, só que as dificuldades mencionadas sobre a situação atual fez com que ele arrendasse um laboratório e fechando outro. Mas mantém firme seu laboratório Matriz na Rua Padre Madureira em Conceição do Coité, e com a pouca procura por revelação tem levado a profissão em cobertura de eventos sociais e revelando fotografias de profissionais da região e “de algumas pessoas que depois de observar as fotos no computador se agrada e trás para a gente revelar”.Conta
Manoel Lopes Araújo possui um estúdio em Retirolândia, segundo ele está no ramo há 23 anos, iniciou trabalhando com filme, câmara com poucos recursos, avançou para câmara profissional com filme e a evolução forçou a investir nas digitais. A opinião dele em relação a baixa procura para execução dos serviços, é a mesma dos demais, “mas procurou diferenciar fazendo trabalho encadernado, eu não senti muito porque tem molduras, álbuns, e outros meios para manter a arte”, garante Manoel.
Maximiniano Oliveira, 30 anos registrando grande momentos das pessoas, reside e trabalha no Município de Santaluz, ele é tipico do fotógrafo que tem como característica a foto avulsa, o mais prejudicado entre todos mencionados, pois coloca sua câmara no pescoço e sai na aventura de ouvir o “ei moço bate uma foto aqui”. Assim acontece em festas populares, encerramento de escolinhas, e até procissão.
E por falar em procissão quando o Calila entrevistou Max como é conhecido ele estava em Dudu Fotos, assim como Manoel de Retirolândia para revelar fotografias.
Max havia participando no dia anterior da festa de Santa Luzia a mais tradicional da cidade onde reúne na procissão cerca de 10 mil pessoas,ele disse que antes da evolução digital não dava conta de tanta solicitação de foto,depois de uma procissão ele contabilizava 10 a 15 filmes de 36 poses que no dia seguinte viajava para Coité e Feira de Santana para revelar, mas que hoje em dia os celulares dominaram tudo, inclusive as câmaras amadoras digitais. ” Só pra se ter uma ideia, no passado batia de 10 a 15 filmes de 36 poses, no dia da procissão agora, cheguei oito horas da manhã na igreja, fiquei até fui pra quase sete horas da noite e só tirei 38 fotos, ou seja, a diferença seria de 14 filmes a menos”, Lamentou Max.
Foto de celular não revelada deixa povo sem história
Os fotógrafos Manoel dos Santos Costa (Neca) Ariel Mascarenhas, Eduardo Araújo (Dudu), Robério Mascarenhas, Manoel Lopes, Maximiniano Oliveira (Max), falaram das mudanças que em parte prejudicaram a arte de quem vive a fotografar, mas eles todos alertam as pessoas para que revelem as fotografias, se não todas que registram as melhores, ou então poderão ficar sem história.
Robério aconselha a não apenas guardar, pois foi fazer isso com aniversário de primeiro e segundo ano do filho e quando procurou nos arquivos estavam danificados. “Ele (Junior) lamenta sempre isso”.
A grande maioria está dando por satisfeita mostrar suas fotos pelas redes sociais, mas não sabem que o valor da foto não está no agora, mas sim no amanhã. Os pais de hoje devem ter seus álbuns de fotos desde quando estavam no ventre da mãe quando se dirigiam até um “Foto” para registar, depois no nascimento, batizado, primeiro aninho, escolinha e etc. Mas ao que se percebe tomando como base o relato de Neca, Robério e Dudu, é que as fotos não estão sendo passadas para o papel, e sim colocadas nos HDs e pendrives o que coloca risco de desaparecer.
Portanto para que você não se frustre no futuro por não ter uma foto daquele momento importante da viagem de férias, da festa do seu filho, dos primeiros passos do seu filho, da oportunidade única de posar ao lado de um ídolo, que procure urgente o laboratório de sua preferência, solicite também um álbum e guarde em local seco, não exponha demasiadamente a luz e permita que nos próximos 40 50 ou 60 anos, vá na gaveta e veja as transformações.
Aqui finalizo prestando homenagem in memoria a meu pai Silvestre Sampaio dos Santos (Vestinho) um dos primeiros fotógrafos coiteenses, que me ensinou a arte e a valorização do fantástico mudo da fotografia. Homenagear também a meu sobrinho Ezequiel Oliveira (Quiel Fotos), que tive o prazer de ensinar a arte fotográfica e também já ganhou seu espaço. Parabenizar também Robson da Agência Silva e toda sua equipe.
Redação e fotos: Raimundo Mascarenhas