Mais de dez mil atletas de todo o mundo disputarão 306 medalhas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro, de 5 a 21 de agosto. Enquanto os atletas se preparam para a maior competição do Planeta, a Tocha Olímpica – Tocha da Paz – passará por 327 cidades brasileiras, em 95 dias. A tocha simboliza a unidade dos povos, a paz que deve prevalecer no mundo.
Os gregos da antiguidade mantinham fogos perpétuos na entrada dos seus principais templos. Este foi o caso do santuário de Olímpia, onde os Jogos Olímpicos da Antiguidade aconteciam. Um fogo permanente queimava diante da deusa Héstia, invocada como senhora do coração e da chama sagrada. O fogo, portanto, tinha significado divino.
A grande curiosidade sobre o fogo olímpico é que ele não pode ser aceso de forma artificial, que utilize combustíveis para a queima. A chama é acesa pelos raios do sol com o uso da “skaphia” espécie de espelho côncavo que converge os raios para um ponto específico que acendem a grama seca depositada no interior do espelho, o que rende significado à sua pureza. Atualmente, a chama olímpica é acesa em frente ao templo de Hera.
Sacerdotisas vestidas com túnicas no estilo grego antigo, conduzem todo o ritual: encostam o pavio da tocha no fogo e a repassam ao primeiro atleta corredor. Em 2016, a chama acesa na quinta-feira, 21 de abril, foi conduzida pelo atleta grego Lefteris Petrounias, que está classificado para os Jogos Olímpicos.
Em 2016, com a realização das Olimpíadas do Rio de Janeiro, os Jogos comemoram os seus 120 anos de história na Era Moderna. Contudo, mesmo passados milhares de anos dos Jogos da Antiguidade e mais de 100 anos do reinício das competições, a tradição é mantida a cada edição. A Chama Olímpica é um importante símbolo na história dos Jogos e representa a paz, a união e a amizade entre os povos.
Resgatar o verdadeiro espírito olímpico, nos diferentes ambientes de nossa vida diária, ajuda a criar um clima favorável à solução de conflitos. Resgatar a essência do ideal olímpico poderia dar um toque diferente às ações egoístas, aos gestos competitivos e excludentes, à insensibilidade, substituindo o temor e o enfrentamento pela esperança, pela solidariedade e pela vivência do mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 13,34).
+ Itamar Vian – Arcebispo Emérito