Meninos, a questão do Uber está deixando todo mundo de cabelos em pé. Maria Aquino, colega de um colega de uma colega jornalista esteve se queixando que o carro que usou pelo aplicativo foi perseguido por um bando de taxistas enlouquecido, ensandecidos, uivando e babando, num tal de pega-pra-capar, lasca e tasca, morde, estripa e come.
Por sorte um dos taxistas envolvidos na perseguição da Paralela ao subúrbio conhecia o motorista do Uber e foi quem conseguiu tranquilizar seus pirados colegas e assim nem ele e nem a passageiras apanharam feio, mas como lição, para não entrar onde não foi chamado, deram uns beliscões e arranharam o automóvel zerinho do uberista (neologismo que faz a fusão de Uber com taxista e já vá me perdoando tanta “criatividade”).
O Uber é uma dessas aparições que caracterizam o que se chama de pós-modernidade, e todos sabemos que pós-modernidade é conceito de sociológico e histórico, estético capitalista, pós Muro de Berlim com dissolução do… chega de encher linguiça. Voltando à real, sem falsa intelectualidade: o Uber é uma das ferramentas que se originam da evolução da sociedade com base no desenvolvimento da tecnologia e do domínio do quanta. Quando junta-se tecnologia, criatividade, inventividade e poder econômico sempre surge alguma coisa de bom, mesmo que , neste caso, somente em Salvador, quase duas dezenas de milhares de taxistas possam sofrer a consequência.
Mas na vida tudo é assim; primeiro vem a leido mais forte. Segundo é a cadeia alimentar e depois o poder de adequação à realidade que nos cerca. É preciso permanente posicionamento e evolução. Não dá paras ficar parado, como taxista que fica num determinando ponto esperando que o passageiro caia do céu.
O Uber veio agitar a água parada que é o atendimento pelos taxis, que todos sabemos, notadamente em Salvado, é um nicho de motoristas violentos e deseducados. Já apreciei uma senhora de 70 anos de idade, usando bengala e sendo tirada de dentro de um táxi no ponto deles ao lado do Supermercado Bompreço da avenida Centenário. A senhora queria uma viagem curta, até a Graça e todos os motoristas a rejeitaram e qundo ela forçou entrada num deles um taxista troncudo e truculento quase que a joga no meio do asfalto.
Salvador, nesta época de eleições municipais, em que vereadores e afins buscam a reeleição, é um campo propício à quem quer fazer média e politicismo, e claro, ganhar os votos dos taxistas e das suas famílias.É uma jogada das mais manjadas. Portanto, como se sabe que Salvador vem a ser uma cidade que desde séculos passados vive à reboque do desenvolvimento, mantendo-se na visão, principalmente dos políticos do momento como uma província ainda digna do bardo Gregório de Mattos, algo como o Uber vai de encontro aos interesses de poucos em detrimento da demanda da maioria. Você conhece algum vereador ou secretário que anda de táxi? Aliás, eles têm até elo em comum com os carros do Uber. Usam automóveis pretos.
Aliás, posso até estar enganado, se for feita uma avaliação transcendental do problema. O Uber está sendo reavaliado com proibição em alguns países. Salvador, como é mais evolutiva que todo mundo, viu suas autoridades municipais proibindo o sistema antes mesmo de entender como funciona. Táxi é curral eleitoral e seremos, sempre, vítimas dos maus-tratos, maus bofes, sujeira e falta de educação. Nem vou falar dos veículos sujos, dos taxímetros adulterados e dos caminhos mais longos que desafiam os melhores GPs.
Quem sabe quando passar o período eleitoral o Uber ganhe aprovação da Câmara Municipal e do prefeito, se reeleito.
Lembrando aos senhores edis e alcaide que o eleitor já aprovou o Uber. É bom pegar o bonde (Uber) da história