Os secretários da Agricultura, Eduardo Sales e de Ciência, Tecnologia e inovação, Paulo Câmera participaram na manhã desta terça-feira (03), no Centro Cultural Ana Rios de Araújo, em Conceição do Coité, de uma reunião da Câmara Setorial do Sisal. O órgão que auxilia o planejamento, formulação e execução de políticas públicas direcionadas ao crescimento e desenvolvimento da competitividade da cadeia produtiva, discutiu a criação de uma nova máquina para desfibramento do sisal, a criação de uma sub Câmara e a preocupação com a questão da falta de material humano para trabalhar na produção.
Criação da sub câmara e PEP – De acordo com o secretário Eduardo Sales, na Câmara setorial, os participantes na forma de organizações representativas, terão oportunidade de interagir entre si e com o Estado de tal forma, que possam influenciar e alterar os ambientes organizacionais e institucionais, no sentido de aumentar a eficiência das relações econômicas e a eficácia das políticas públicas direcionadas ao setor agropecuário, além de contribuírem na elaboração do Planejamento Estratégico da Agropecuária do Estado da Bahia. Para Sales, esta sub câmara vai deixar o trabalho bem rápido para discutir de forma permanente os problemas e as soluções do setor, desde a plantação até a comercialização.
O presidente da UNICAFS/Bahia, Urbano de Carvalho disse que esta faltando vontade política para resolver o problema do sisal. “Nossa juventude esta indo toda embora. Nossos jovens estão viajando para trabalharem nos canaviais de Mato Grosso ou no café de São Paulo. Hoje tem dificuldade de encontrar gente para trabalhar nos motores de sisal”, falou Carvalho.
Segundo o sindicalista, de nada adianta se preocupar com o preço do produto, se antes não se preocupar com a base, ou seja, com os trabalhadores dos motores. “O sisal vai ter preço, mas não vai ter fibra para vender as batedeiras, pois, os motores que estão rodando não vão dar conta”, concluiu Urbano.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Sisal da Bahia, Misael Ferreira, realmente tem que se preocupar com a mão de obra no início da cadeia produtiva. Ele contou que esteve em São Paulo na última semana e conheceu a experiência pela Universidade Estadual de São Paulo, que estão pesquisando a criação de telhas com a utilização do sisal, que está sendo chamada de “fibra cimento”. “O problema é que não há sisal em grande escala para manter uma indústria deste porte”, lamentou Ferreira.
O exportador Maurício Araújo, disse ao CN que é necessário viajar pelo mundo para conhecer as máquinas existentes nos países que plantam o sisal e certamente irá surgir a máquina ideal. “Está máquina que vai surgir, poderá ser duas versões, ou seja, itinerantes ou na usina”, imaginou o empresário. Ele disse também que conhece alguns países que plantam o sisal e conheceu várias máquinas, restando vê a que melhor se adapta a realidade da região.
O secretário Paulo Câmera, revelou que o Estado já financiou 44 projetos, através da FEESP e do IPP, São Paulo e garantiu que num curto espaço de tempo estará sendo apresentada uma nova máquina. “Contratamos especialistas no assunto e no máximo, 02 ou 03 meses, estaremos reunindo mais uma vez para discutir ”, afirmou o secretário Câmera.
Superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rose Edna Mata Vianna Pondé, falou sobre do Prêmio para o Escoamento do Produto. O PEP é um instrumento da Política de Garantia de Preço Mínimo que consiste em subvenção econômica concede aos empresários que se disponham a adquirir o sisal diretamente do produtor rural ou de sua cooperativa pelo preço mínimo decretado pelo Governo Federal – R$ 1,04 o quilo da fibra bruto.
Segundo Rose Pondé, desde 2007 o Governo Federal adquire sisal bruto, garantindo o preço mínimo para comercialização do produtor rural. Com o PEP, o governo não tem mais necessidade de fazer estoques, incentivando o empresário a comprar diretamente do produtor rural.
Reunião da Comissão da Agricultura da ALBA – O deputado estadual Tom Araújo (DEM), também demonstrou preocupação com a máquina de desfibramento e disse que existem pessoas interessadas e não encontram a solução, pois sobrevivem dos ‘problemas’ do sisal. Podem acreditar, tem gente que não quer que os problemas sejam resolvidos. Querem continuar vivendo com o problema do sisal, pois é bom para eles’, disse o parlamentar.
Para Tom, o momento é de união e não deverá ter oposição, pois o movimento é suprapartidario. Ele convidou para a reunião com a Comissão da Agricultura da assembleia Legislativa, que deverá acontecer no dia 12 de maio, no Centro Cultural.
O prefeito Renato Souza, confirmou a importância da reunião do dia 12, para fortalecer a luta em defesa do sisal. ‘Estamos aqui com exportadores, produtores, trabalhadores, líderes comunitários e com dois secretários. Este é um momento importante. Vamos reforçar a nossa luta, convocando para serem nossos parceiros, os deputados. Dai é importante a nossa presença no dia 12’, concluiu Souza.
O Brasil é o maior produtor de sisal do mundo, e a Bahia é responsável por 96% da produção de fibra nacional, seguida por Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O país também é o maior exportador. Estima-se que mais de 80% da produção nacional são exportadas para mais de 50 países, sendo os principais importadores os Estados Unidos, China, México e Portugal.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas e Val César