As comissões de Fiscalização e Controle e de Cultura da Câmara dos Deputados rejeitaram nesta quarta-feira (23) requerimentos que pediam a convocação do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
Na comissão de Fiscalização, o requerimento foi rejeitado por 17 votos a 3 e, na comissão de Cultura, por 13 votos a 5.
Também foram rejeitados, nas duas comissões, requerimentos de convite (quando a pessoa não é obrigada a comparecer) para ouvir o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero.
Um dos principais conselheiros do presidente Michel Temer, Geddel Vieira Lima está envolvido no episódio no qual o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero pediu demissão do cargo, na última sexta-feira (18).
Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” e em ato com artistas no Rio de Janeiro, o diplomata de carreira disse ter sofrido pressões de Geddel para que liberasse a construção de um prédio residencial em Salvador.
A obra havia sido embargada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por estar localizada numa área histórica, mas Geddel havia adquirido um imóvel no edifício. Segundo a “Folha”, familiares do ministro integram a defesa do empreendimento imobiliário.
Em entrevista à Rede Bahia, afiliada da TV Globo, o ministro admitiu as conversas, mas negou ter feito pressão sobre Calero.
Discussões
Houve discussões entre deputados da base e da oposição na sessão da Comissão de Cultura da Câmara.
“Eu acho uma vergonha para o parlamento brasileiro que essa comissão seja omissa. Que ‘superministro’ é esse que está acima da lei?”, questionou, por exemplo, a líder da oposição, Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), então, saiu em defesa de Geddel: “Há uma falta de propósito para convocarmos o ministro aqui”.
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), na mesma linha, fez intervenções contra a convocação de Geddel Vieira Lima.
Já o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), por outro lado, criticou a atuação dos parlamentares da base. “Está claro que a tropa de choque veio aqui para blindar Geddel e evitar que ele se explique sobre as denúncias”, declarou.
Repercussão política
Na segunda (21), a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu abrir um processo para investigar a conduta de Geddel no episódio denunciado pelo ex-ministro da Cultura.
Órgão vinculado à Presidência, a Comissão de Ética fiscaliza eventuais conflitos de interesse envolvendo integrantes do governo. O colegiado não tem poder para punir nenhum servidor público, entretanto, como é um órgão consultivo do presidente da República, pode recomendar ao chefe do Executivo sanções a integrantes do governo, entre as quais demissões.
Antes mesmo de a comissão analisar a denúncia contra Geddel, o Palácio do Planalto, porém, já havia adiantado que o ministro da Secretaria de Governo não seria demitido. Em um pronunciamento, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, afirmou que Geddel permaneceria no cargo.
Ainda na segunda parlamentares que fazem oposição ao presidente Michel Temer pediram à Procuradoria Geral da República que investigue o caso e, nesta terça, líderes de partidos de base de apoio ao governo levaram a Geddel, no Palácio do Planalto, um manifesto de apoio “amplo e irrestrito” ao ministro.
G1.com