O câncer de próstata já matou 792 homens na Bahia este ano, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) até outubro. Neste balanço, o órgão aponta a ocorrência de 1.559 casos da doença em território baiano.
O mapeamento da secretaria entre janeiro e outubro de 2016 mostra ainda que a maior parte dos casos da doença foi registrada em homens com a faixa etária de 60 a 69 anos (639 ocorrências). As faixa etárias de 70 a 79 anos e 50 a 59 anos também apresentam altos índices, totalizando 490 e 214 casos, respectivamente. No cenário de óbitos, a grande parte das situações foram na faixa etária de mais de 80 (358), de 70 a 79 anos (261), de 60 a 69 anos (139).
Para o oncologista André Bacelar, embora os números ainda sejam altos, a maior busca por informação dos homens em relação à doença impactou em uma redução perceptível no número de casos.
“Cada vez mais, as pessoas estão informadas, mas também existe uma população com menos acesso à informação, com alguns preconceitos que acabam retardando a consulta ao médico. A gente percebe que os homens sabem da importância do exame, que há uma divulgação, mas existe uma resistência”, explica.
As informações da secretaria referentes apenas à capital baiana apontaram 475 casos, até o mês de agosto de 2016, e 140 óbitos, até o mês de outubro também deste ano. Comparando os dados de Salvadorx nos três últimos anos, foi em 2013 que a capital baiana teve maior número de casos (771) de câncer de próstata. [Confira tabelas ao lado]
Conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença é a segunda principal causa de morte e a mais comum entre os homens em todo o mundo, depois do câncer de pulmão.
A resistência de ir ao médico citada pelo oncologista André Bacelar foi o que retardou o diagnóstico do aposentado Marcelino Dias, de 75 anos. Ele descobriu o câncer de próstata em 2013 após ser levado ao médico pela esposa.
Foi aos 73 anos que Marcelino se submeteu pela primeira vez ao exame de próstata, mas segundo conta, a resistência em fazer o exame não ocorria por conta do preconceito, mas sim porque ele não gosta de ir ao médico. “Sou uma pessoa que nasci na roça, nunca procurei um médico”, relatou.
Marcelino é casado e tem dois filhos. Ele mora em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, onde também faz o tratamento do câncer. Ele não foi submetido a qualquer cirurgia, porque o tumor já estava em um estágio avançado.
Conforme a esposa, Gersíria Dias, ele faz um tratamento há três anos de hormonioterapia que diminui o nível do PSA, o que reduz o crescimento de tumores. PSA é a sigla em inglês para antígeno prostático específico, um importante marcador para determinar quais homens precisam de biópsia e quais deles têm menor risco de desenvolver a doença.
“Ele só foi ao médico porque eu levei. Percebi ele demorando para fazer xixi e a urina muito amarelada e grossa. Então “amarrei” ele e levei ao médico, se não fosse por isso, ele não iria”, contou.
Marcelino conta que se sente bem com o tratamento e hoje percebe a importância do exame, mesmo sem gostar de ir ao médico. “Não sinto nada , faço o tratamento e estou bem. Como tenho dois filhos, tenho certeza que eles sempre estão indo ao médico e vejo a necessidade disso”, relatou.
Conforme André Bacelar, os homens que tiveram pai ou irmão diagnosticados previamente com a doença apresentam um aumento de duas a três vezes no risco de desenvolver o câncer. Esse risco aumenta se o diagnóstico do pai ou do irmão tiver ocorrido antes dos 40 anos.
“É importante que os homens façam o exame a partir dos 50 anos, mas quem tem casos na família deve fazer o procedimento 15 ou dez anos anos antes da idade em que o familiar foi diagnosticado. O câncer de próstata é assintomático nos estágios inicias da doença e são nesses estágios que a gente pode curá-lo. É importante que a população procure um médico para fazer exames como o de PSA, o de sangue simples e toque retal. Através desses dois fazemos rastreamento”, explicou Bacelar.
Após o resultado dos exames, o oncologista aconselha que o paciente procure um oncologista. Bacelar também dá dicas de como evitar a doença. “É importante que as pessoas tenham uma alimentação saudável, rica em verduras, legumes. Além de evitar gordura saturada, embutidos, enlatados, fazer exercícios físicos e evitar a obesidade”, opinou.
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