O prefeito de Queimadas Tarcísio de Oliveira Pedreira, está concluindo seu mandato depois de quatro anos dirigindo o Município no Território do Sisal. Nesta reportagem ele conta sua trajetória política que iniciou em 2000 quando se elegeu vereador mais votado com apenas 22 anos, e de lá para cá só obteve vitória, ou seja, se reelegeu em 2004, em 2008 foi eleito vice-prefeito e 2012 o ápice maior da gestão municipal quando elegeu-se prefeito.
Na entrevista concedida ao Calila Noticias o prefeito fala de suas conquistas e decepções, ele que mudou sua função trocando o futebol pela política, quando sonhava com a carreira de jogador profissional e quis o destino que desistisse de um sonho para trabalhar em prol do seu povo. Um fato curioso na vida de Tarcísio é que se ele estivesse jogando futebol já deveria ter encerrado a carreira e isto ele está fazendo na politica aos 39 anos.
CN – Tarcísio, como foi mesmo essa mudança de rumo pessoal e profissional quando estava saindo em busca de uma carreira no futebol e acabou ficando em Queimadas para atuar na vida pública?
TP – No ano 2000 eu estava de malas prontas para ir a São Paulo fazer uma excursão com o Bahia de Feira de Santana, minha mãe foi me buscar para concluir os estudos, depois voltei a disputar a seletiva do campeonato baiano da primeira divisão pelo Itabuna, resolvi sair candidato a vereador, me elegi e de lá para cá, só acumulei vitória, assim como desejava no futebol, mas tive que optar pela vida pública.
CN – Deixando o futebol de lado, vamos falar de sua carreira política, dois mandatos de vereador, um de vice-prefeito e prefeito que está finalizando. No futebol 39 anos estava no tempo certo de parar, mas na politica com essa idade muitos estão praticamente começando. Qual o motivo de encerrar à carreira tão precocemente?
TP – A decisão é devido à dificuldade da gestão, a dificuldade que o país se encontra, as prefeituras pequenas como a nossa que não têm uma receita avançada, fica na dependência de recursos do governo do estado e do governo federal e não tem tudo isso. Então, toda essa dificuldade me fez realmente priorizar a gestão, não me envolver na política e também como as pessoas se decepcionam muito com os políticos, considerado hoje o patinho feio da humanidade, devido as corrupções, desvios de recursos, e o cidadão brasileiro esquece que a corrupção no Brasil está também no judiciário, no poder legislativo, tá no dia a dia do próprio cidadão. Decepcionei-me muito com minha classe politica e também com o eleitor que tanto critica o politico, afirmando que ele não faz nada, mas quando recebe a visita do politico pra dar um voto, é ai que você vê o que é extorsão, você ver claramente as pessoas pedido pra o politico comprar o voto.
CN – Tarcísio você tomou uma decisão muito cedo que não sairia candidato a reeleição quando tinha apenas dois anos de mandato, inclusive reuniu o secretariado, imprensa e parte da população. Na campanha você não manifestou seu apoio a nenhum candidato?
TP – Não. Quando disse que não sairia candidato a reeleição também não me via mais participando diretamente da política, garanto que não foi uma decisão precipitada. Na minha decisão estava certo que não apoiaria ninguém, não iria numa rádio pedi um voto para nenhum candidato, não subiria em palanque e nem sequer externar para quem daria meu voto. No dia da eleição fiquei tranquilo e fui um eleitor bem estilo aquele que só vai a urna exercer seu compromisso de cidadão. Enquanto líder de uma classe, chamei todo secretariado e deixei cada um livre para escolher seu candidato. Não me arrependo, foi uma decisão que trouxe pra mim uma forma melhor de administrar.
CN – Prefeito, na ocasião de seu anuncio que não sairia candidato à reeleição faltando dois anos para o pleito, você praticamente não tinha desgaste e o caso ganhou grande repercussão, inclusive fora da Bahia.
TP – Verdade, repercutiu muito, pois a grande maioria dos políticos que está no poder, inclusive aqueles que com certo desgaste, encaram reeleição e eu poderia pensar numa reeleição. Acredito que se eu não estivesse bem na ocasião ruim também não estava, tanto que deu repercussão e saíram duas notas na Folha de São Paulo, sobre minha desistência, porque eu informei que tinha que decidi entre gerir o município e trabalhar pensado em reeleição, optei pela primeira opção,
CN – Você deixa o mandato com as contas em dias com os funcionários públicos e fornecedores. Atribui tudo isso a sua ausência no pleito eleitoral de 2 de outubro?
TP – Com certeza. Pelo fato de eu não ter me envolvido na eleição, hoje estou colhendo os frutos, eu sempre disse aos meus colegas prefeitos e ao nosso grupo político que cidades com recursos pequenos como Queimadas, não suporta um prefeito apoiando ou envolvido na eleição, porque ele acaba deixando de priorizar a gestão para olhar a parte politica, dai vem as consequências financeiras, estoura as contas do município, aumenta conta de posto de gasolina entre outras despesas e o povo encara o apoio do prefeito apenas pensando no poder aquisitivo, e essa minha decisão de não me envolver na campanha foi o que trouxe os frutos que conseguir colher, a minha equipe totalmente tranquila com a gestão e venceu quem o povo escolheu.
CN – Então, em tempo de crise seu governo está sendo concluído de cabeça arguida e contas pagas?
TP – Estamos sim encerrando nosso mandato de cabeça erguida, com os fornecedores em dia e pela primeira vez na história um prefeito fecha o mandato em Queimadas pagando os quatro anos em dia, porque todos os gestores que me antecederam saíram devendo a funcionários, seja a não quitação do último mês da gestão, seis, sete meses, enfim, todos tiveram ações judiciais por não pagarem os servidores.
CN – Tarcísio, com relação à estrutura física do município, você também está realizado?
TP – Confesso que foi pouco comparado ao tamanho da minha vontade. Temos pavimentação na comunidade rural de Riacho da Onça, reforma de todas as escolas do município, triplicamos a frota do município com aquisição de veículos para todos os setores e secretarias, investimos no estádio municipal, duas quadras na zona rural, centros de saúde na sede e zona rural. Mas o que mais prezo é o social e a organização, pois, em quatro anos podemos dizer que Queimadas, que já foi notícia em rede nacional com doação de praça, atraso de salários, furtos de merenda escolar, nesses quatro anos nenhum escândalo manchou a nossa imagem. Não teve um dia que a criança voltou pra casa sem a merenda escolar, um dia o transporte escolar ficar sem andar por falta de pagamento, essas e outras ações é o que me deixa satisfeito, e, contra a minha pessoa não existe nada de improbidade administrativa, pois, a dificuldade existe em qualquer município, mas a responsabilidade da gestão e o respeito as contas públicas tenho certeza que não faltaram.
CN – Tarcísio, mas você não sai ileso quando o assunto é reprovação de contas no TCM? Você tem alguma justificativa para reprovação em duas oportunidades?
TP – Minha primeira conta foi aprovada, mas infelizmente a segunda e a terceira não. Porém eu quero deixar claro que foram reprovadas por única e exclusivamente pelo índice de pessoal. Tive minhas contas elogiadas pelo próprio conselheiro, mas ele me disse assim: “se você quer ter suas contas aprovadas demita”. Mas o que me deixa mais magoado e somou na minha decisão de sair da politica, foi ser considerado ficha suja com contas reprovadas pelo número de pessoas que trabalha na prefeitura de Queimadas. Eu disse: conselheiro, é uma injustiça ter contas reprovados por eu ter um número excessivo de concursados, não é contratos, que eu poderia ter colocado para fazer politica e me beneficiar, mas não tenho poder de demitir concursado, são mais de mil funcionários com uma folha muito alta, com plano de carreira, plano de salários, e ele me punir, quando obedeci o índice da educação, da saúde, quando não teve desvio de recursos, não tem desvio de dinheiro de convênio, não tem uma virgula questionando licitações. Você tendo o cuidado de fazer tudo transparente, ai vem o índice de pessoal e você é considerado um ficha suja. Quatro anos de governo sem um saque nas contas públicas, tudo na base da transferência e acontece isso?. Uma das maiores revoltas que eu tenho da vida pública, é isso. Na gestão passada o funcionário não recebeu o mês de dezembro, mas tem lá um saque de R$ 70 mil, R$ 50 mil, R$ 200 mil outro de R$ 40 mil e nunca foram comprovados, depois passou sete meses para prestar contas do mês de dezembro, e eu estou no time deles, da mesma coisa, assim não dá.
CN Você também travou verdadeira batalha com o Sindicato dos Servidores Públicos tendo inclusive ido as rádios para responder as reivindicações. Você sai numa boa também com a categoria?
TP – Minha relação com o sindicato é a melhor possível, fui a radio algumas vezes apenas para discutir o valor do aumento, discussão normal de gestão e sindicato, mas eu não tenho receio em dizer que o sindicato, tendo o presidente que não votou comigo, mas é uma pessoa que tenho um respeito enorme, temos bom relacionamento é bom que se diga. Ele não tem o que se queixar da prefeitura que sempre encontrou de portas abertas quando precisou, e eu também não tenho o que me queixar do Sindicato, sempre diálogamos e chegamos ao entendimento, eu termino obedecendo uma lei que tem no município, obedecendo o plano e reajustando o salário do servidor e posso garantir que não existe manifestação por uma rigidez nossa, por ter alguma vantagem que não foi repassada.
CN – Para finalizar prefeito. Como foi feito o trabalho de Transição com a futura equipe de governo?
TP – Também pela primeira vez na história de Queimadas é feita uma transição de governo. Eu quero deixar bem claro que, quem venceu a eleição foi o candidato do PT que eu derrotei em 2012 , somos rivais politicamente, mas eu fiz questão de ir a prefeitura recebi toda equipe de transição, fui a diplomação dele na Câmara, numa demonstração que ele foi escolhido pela população para gerir o município e tem que ser respeitado e deverei ir também passar as chaves da prefeitura algo pouco comum quando o trato é com adversário. Mas isto tudo é porque não participei da disputa e faria o mesmo com o outro candidato.
Redação CN