O aumento da cobrança de PIS/Cofins para combustíveis, anunciado pelo governo federal na última quinta-feira (20), irá impactar mais substancialmente na classe mais baixa. É o que o economista André Luzbel avalia. Para o planejador financeiro, o aumento do imposto acaba afetando mais a classe baixa, mesmo que de maneira indireta.
“A pessoa que tem renda maior acaba se planejando e jantando um dia a menos em restaurantes durante a semana. Já quem ganha um salário mínimo terá um impacto direto em seu consumo básico”, disse, destacando que o aumento de imposto faz com que o dinheiro perca valor de compra. “O aumento de impostos orna os produtos mais caros. Com R$ 100, você comprará menos gasolina, perdendo o poder de compra”, ilustrou.
O governo faz uso da política monetária, por meio da taxa básica de juros, para manter o nível de inflação esperado. O aumento no PIS/Cofins foi utilizado com a justificativa de ajudar no cumprimento da meta para as contas públicas. De acordo com o governo, a alta de impostos sobre os combustíveis deve gerar receitas extras de R$ 10,4 bilhões em 2017.
“Quando a inflação sobe muito, o governo sobe a taxa de juros para que as pessoas consumam menos”, explicou o economista. Luzbel ainda destacou que, para controlar a inflação, os governos normalmente aumentam juros ou cortam custos. “O Brasil está em dois anos de recessão e não está cortando gastos”, observou o economista. Dessa forma, a “saída” é aumentar os juros.
O impacto da alteração no PIS/Cofins deve ser de um aumento de 0,60% na inflação. O economista ainda ressalta que ao tributar combustível, toda uma cadeia de indústria acaba sendo afetada, passando o valor para o consumidor final. “O impacto pode não ser tão grande porque a economia ainda está em recessão. Apesar da alta, provavelmente o transporte irá aumentar, mas a alimentação e energia vem caindo, então o impacto não será tão grande”, avaliou. André Luzbel classificou o aumento na taxa como “um soluço no mercado”. “Ele poderá ser digerido daqui a pouco”, disse. O parâmetro utilizado pelo governo para avaliar a inflação, com maior peso, é o transporte, a alimentação e a energia. “Com o país crescendo, o consumo dos três sobe. Com recessão, o consumo cai”, explicou.