No último domingo, dia 29, foi realizado o Processo de Avaliação de Desempenho para professores da rede estadual da Bahia, organizado pela Secretaria de Educação do Estado e sob a responsabilidade da CESPEunb (Centro de Promoção e Seleção de Eventos, Universidade de Brasília), que possibilita a 10% dos professores aprovados, um bônus em seu vencimento. A avaliação foi realizada em várias localidades, no entanto um fato foi surpreendente, a professora (que prefere não se identificar), fazia a prova no Colégio Santo Antônio, em Santo Antônio de Jesus, foi expulsa da sala do concurso (tratarei a avaliação como concurso pela forma como é aplicada), por estar de posse de um “Lápis”. A professora cometeu o crime por estar respondendo a prova (não folha de resposta que é o único documento válido) e assim violando o edital do concurso que deixa claro que a utilização de lápis e borracha é tentativa de fraude. Reza o Edital no ponto 8 Das disposições finais, na disposição 8.21 que terá sua prova anulada e será automaticamente eliminado do processo o participante (professor) que durante a sua realização for flagrado portando equipamentos eletrônicos e entre outros, lápis e borracha.
O velho lápis e a velha borracha que em muitos momentos são auxiliadores do professor na educação é visto como forma de fraudar concurso público. Agora imagine, você professor e professora, ser expulso de uma sala de concurso, passar pelo constrangimento de ter que deixar a sala diante de todos os outros, porque estava em posse de um lápis.
É lógico que o edital deve ser respeitado e aplicável para todos, mas convenhamos que certos absurdos devem ser revistos. Equipamentos eletrônicos e outros, podem sim ser entendidos como tentativa de fraude, no entanto utilizar um lápis? Pior ainda, ser expulso da sala do concurso por usar o lápis para rascunhar a prova?
Expulsar um professor de uma sala de concurso por estar com um lápis eles sabem fazer, agora, dar um salário de verdade ao invés dessa esmola, pois o que eles nos dão não é salário é esmola. Dar condições dignas de trabalho para o professor eles não dão. Muitos professores hoje são escravos modernos, pois trabalham três turnos sem contar o trabalho que levam para casa. Fora a péssima estrutura: salas caindo os pedaços, sem ventilação, muitas sem carteiras, às vezes falta merenda, tem sala que quando chove cai mais água dentro dela do que fora, sem contar que muitos professores tem que se deslocar para outros bairros e povoados, muitos deles em carros oferecendo risco de acidente, tomando poeira, tendo que acordar bem cedo ou ter que almoçar por volta de 10 a 11 da manhã para poder pegar o transporte, e ainda chegar depois do meio-dia ou depois das dez da noite pra poder cuidar dos seus afazeres como muitas de nossas professoras são mães e às vezes mães solteiras, isso não é professor ou professora, isso são guerreiros. Por isso respeitem os nossos guerreiros, pois o lápis não é uma forma de fraldar concurso é apenas mais uma ferramenta que usamos para ganhar o pão. Mais respeito ao professor!
Por: Luiz Décio