Moradores da Fazenda Sentada, município de Conceição do Coité, no Território do Sisal, estão vivendo uma situação bastante complicada no momento que necessitam apresentar um comprovante de residência, principalmente para revalidar as inscrições nos programas sociais ou fazer o título de eleitoral.
Localizada a 20 km da cidade de Conceição do Coité e na região administrativa do Distrito de Juazeirinho, a comunidade é composta na maioria por família de pequenos agricultores e suas terras são resultados de heranças ou adquiridas através de recibos de compra e não servem com comprovação de residência.
A única prova residencial é à conta de energia, mas, ai é que está o problema das famílias da região. Esta comunidade fica no limite entre os municípios de Riachão do Jacuípe/Conceição do Coité e a linha divisória é a estrada que liga a BA 120, próxima ao Distrito de Chapada,em Riachão e a comunidade Queimadas do Cedro, Conceição do Coité.
A situação se agrava após seis quilômetros, ou seja, no cruzamento das estradas para as comunidades de Cansanção e Rio Verde, ambas de Conceição do Coité e Mucambo e Chapada de Riachão do Jacuípe, região eletrificada, cuja rede foi entroncada no povoado de Sítio Novo, Riachão do Jacuípe.
Em 2007 foi elaborado o projeto de eletrificação através do programa Luz para Todos e em 2009, a obra foi realizada com a identificação de Riachão do Jacuípe.
Com o problema da energia elétrica resolvida, os moradores passaram a vivenciar a dificuldades de dizer onde moram, a exemplo da dona de casa Marinalva Almeida Nascimento Santos, que está enfrentando resistência para renovar seu cadastro na bolsa família pelo município de Conceição do Coité, pois, na conta de energia aparece como moradora da Fazenda Mocambo, região do Sitio Novo, Riachão do Jacuípe.
“Sempre morei em Coité e sempre votei na seção 61 no prédio da Sentada. Minha casa fica a 200 metros da divisa (limite), mas sou coiteense”, falou Marinalva.
Ela afirma que é necessário usar o endereço de uma das filhas que mora na cidade de Conceição do Coité, quando necessita de algum beneficio naquele município.
O presidente da Associação dos Moradores da Fazenda Mocambo, Abelmanto Carneiro de Oliveira, mais conhecido como Abel do Mocambo, mostrou à equipe do CN a pequena diferença que existe no limite entre estes municípios em relação ao povoado, quando uma cerca com pouco mais de 50 metros da igreja e da escola pertencente à Riachão do Jacuípe, já indica ser território do Coité.
“Mas, pela nossa história, a divisa (limite) fica bem mais a além. Isto dificulta nossa vida, pois, além deste problema das contas de energias, aqui nenhuma prefeitura se preocupa, como por exemplo, as estradas”, lembrou o líder associativista.
Abel também contou que muitas famílias residentes em Coité já transferiram, mesmo sem desejar, as bolsas famílias para o município de Riachão do Jacuípe e isso tem afetado a cultura daquele povo, pois, tradicionalmente suas vidas eram veiculadas ao município de Conceição do Coité.
Apesar da associação que preside ser registrada e a sede ficar em Riachão do Jacuípe, a entidade abraçou essa causa e irá a COELBA na próxima semana para buscar uma solução, “acredito ser uma questão burocrática e encontraremos a solução”, falou.
Abelmanto disse também que já vem tentando de todos os modos encontrar uma saída e já manteve contato com a CDA para que agilizasse os títulos das terras, mais o órgão alega não ter uma quantidade de técnicos para atender as demandas do estado.
Um homem que se apresentou com Pedro, alegando medo de retaliação quando precisar dos serviços públicos em Coité, disse que já sofreu humilhação quando necessitou utilizar um veículo da secretária de Saúde da Prefeitura de Coité, “aqueles carros que levam doentes para fazer exames em Salvador, criaram muitas dificuldades para me levar, pois, insistiam em dizer que eu era de Riachão e eu dizia que votava na Sentada, mas como não estava com o título, só com a conta de energia, eles me negaram e mandaram procurar o prefeito de Riachão”, desabafou.
O morado falou que durante um momento de recadastramento eleitoral, foi necessário pegar um documento de um filho que mora em Juazeirinho e disse conhecer duas vizinhas que mudaram seus cartões da bolsa família para Riachão do Jacuípe, “mas sou coiteense e quero permanecer e provar que moro no território de Coité”, concluiu.
Redação CN | Fotos: Teones Araújo