Um incêndio de grande proporção, destruiu completamente o galpão com dimensão de 30 x 25 metros, onde funcionava a Desingn Decor, indústria de artesanato que trabalha na confecção de artigos para o lar, cuja matéria prima é à base de madeira tipo compensado, madeirite em MDF, solvente e cola considerados altamente inflamáveis. A empresa fica localizada no cruzamento da Rua Izauro Ferreira de Souza com a 15 de janeiro, Bairro Barra do Vento em Riachão do Jacuípe.
O incêndio teve inicio por volta das 15h30 quando estavam trabalhando apenas quatro, dos 46 funcionários, no setor de pintura. Segundo informou um dos funcionários, o fogo começou pela parte elétrica, eles tentaram apagar usando todos os extintores, no total de doze, mas as chamas se alastraram muito rapidamente. “Só ouvir os gritos desesperado dos funcionários que saíram correndo pedindo socorro e dizendo que a fábrica estava pegando fogo e quando sair para vê o que estava acontecendo, só vi fumaça e as chamas fortes saindo pelo telhado”, contou a dona de casa Margarida Sacramento de Jesus, que mora na casa da frente.
Outro vizinho, Gilson de Oliveira, contou que mesmo com as chamas, foi possível entrar no escritório, salvar algumas gavetas, o computador e só não fez mais pela dificuldade de acesso, pois no trajeto havia muito papelão, usado para embalar as mercadorias que foram atingidas pelo fogo.
A partir daquele momento, a fumaça chamou a atenção da população que se deslocou até a fábrica e muitos se arriscaram na tentativa de tentar salvar material e até mesmo retirar tonéis de solventes que levavam risco de explosão.
A polícia militar ao chegar ao local procurou fazer imediatamente o isolo da área para evitar que as pessoas se aproximassem do imóvel, pois oferecia perigo de desabamento.
Enquanto isso o fogo destruía toda extensão do imóvel e graças a um trabalho de mais de cem voluntários, usando cinco caminhões pipa, dois pertencentes à empresa CBV de usina de asfalto que fica na localidade de Vila Aparecida a 18 km do local do incêndio. “Assim que soube me preocupei e recorri ao pessoal da CBV e eles não mediram esforços em disponibilizar os carros e o pessoal de apoio” falou Jonilton Nascimento proprietário de uma britadeira.
Um dos funcionários, cujo nome não foi revelado, lembrou do veículo da empresa que estava estacionado na área do fundo, onde estavam alguns galões de solvente e mobilizou os voluntários, que conseguiram retirar os produtos químicos e a S 10 baú p/p JMY – 1375 licença de Riachão do Jacuípe, evitando aumentar a tragédia.
A fábrica é de propriedade de João Jackson de Oliveira, que no momento do incêndio estava na cidade de Feira de Santana, acompanhando a esposa Lécia Carneiro de Oliveira e filha Zaine de Oliveira, 17 anos, numa consulta odontológica.
O casal foi avisado do incêndio por Luiza Araújo Carneiro, mãe de Lecia que comunicou o fato e pediu que acionasse o Corpo de Bombeiro em Feira de Santana. “Quando nós ficamos sabendo, a preocupação do meu pai, da minha mãe e também fiquei preocupada, foi com os vizinhos. Com as casas vizinhas”, afirmou a adolescente Zaine de Oliveira.
Lécia Carneiro falou que não sabia as causas do incêndio e que toda estrutura de segurança estava conforme orientação do SENAI, que recentemente esteve supervisionando as instalações.
Com a notícia do incêndio e as nuvens de fumaça que formou no lado direito da cidade, tomando como base a Avenida Eliel Martins, os funcionários começaram a chegar para vê o que estava correndo. Carlos Ranieri, que trabalha há dois anos na indústria como agente geral, chorou a vê o estrago que o fogo estava causando, sendo amparado pelos amigos. “Fomos liberados por causa dos festejos juninos e tivemos um dia de folga”, contou Ranieri.
A guarnição dos bombeiros da 2ª GBM/Feira de Santana chegou ás 17h15 Sob o comando da sargenta Carla Oliveira, quatro policiais, dentre eles, mais uma mulher, trabalharam para conter as chamas no interior do galpão, apesar de quase controlado pelos voluntários. “Uma das dificuldades que encontramos, foi os ferros retorcidos do telhado que desabou sobre as madeiras, dificultando o acesso, mais esta tudo sob controle e não corre risco para as casas vizinhas. Necessário agora é a derrubada das paredes”, afirmou a PM, exatamente ás 17h50.
Uma pá carregadeira da prefeitura foi solicitada para efetuar a demolição com a autorização do Bombeiro. Com dificuldade e tendo a frente do serviço o secretário de obras e serviço público, Luiz Valdoberto Oliveira Carneiro, conhecido por Beto de Eni, derrubou inicialmente a parede lateral a Rua 15 de janeiro e depois à frente. Há 17 anos trabalhando como patrolheiro e com especialização em máquinas pá carregadeira, Antônio Valdo Ferreira Santos, “Tonho”, disse ao CN que foi a primeira vez que derrubou uma parede com o prédio em chama. “Foram paredes com 40 cm e de tijolos dobrado”, ressaltou. A derrubada das paredes aconteceu ás 19h, sendo necessário amarrar com cabo de aço, pois outras tentativas anteriores não obtiveram êxito.
Investidores – Evangélicos membros da Igreja Batista, o casal João Jackson e Lécia são bem relacionadas na cidade e conhecidos pela disposição de empreededorísmo. A indústria existe há 18 anos e era responsável por boa parte do mercado de artesanato de madeiras para decoração das residências nos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. Na quinta-feira (23), foi descarregada uma carreta de MDF, num valor aproximadamente de R$ 60 mil e não havia sido utilizada, sendo destruída pelo fogo.
O casal havia comprado recentemente uma área de terra ás margens da BR 324 onde pretendem construir os próprios galpões, pois onde teve o incêndio é alugado. (VEJA OUTRAS FOTOS)
O vereador José Nivaldo Cordeiro Carneiro (PRB), “Ninho Moto Boy” disse ao CN que estava indignado com a situação, pois sabia da capacidade de empreendedorismo de João Jackson e do desejo de crescer gerando emprego na comunidade. Contou que havia levado a deputada Neusa Cadore (PT) á fábrica para que intermediasse projetos de investimentos para apoiar na ampliação dos negócios, pois no município de Riachão a política de incentivo a produção é feita de modo errado, pois as duas maiores em estrutura montada com recursos do estado, não corresponde à quantidade de emprego. “Jackson gera 46 empregos e todos funcionários são de Riachão. A Rui Barbosa gera 53 e a SICOR 60 e vejam o que receberam e o espaço que tem para produzir. Sei que o incêndio foi uma fatalidade, mas se estivesse funcionando num galpão mais espaçoso e com instalações modernas, seria diferente”, desabafou o vereador. Ele garantiu que irá ao Ministério Público pedir autorização para realizar um bingo beneficente para ajudar o casal de empresário se reerguer. “Esse é um momento de solidariedade”, finalizou.
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http://youtu.be/tPHGtTZrQbc
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas