O médico cubano Erick Casa Nova, que trabalhava em Cruzeiro do Sul, interior do Acre pelo Programa “Mais Médicos”, diz que lamenta a saída da cidade acreana. Ele conta que os profissionais recebem dez vezes mais no Brasil do que em Cuba.
“Quando a gente sai de Cuba e vai trabalhar em qualquer país assina um contrato de trabalho com as condições. Todos têm pleno conhecimento das condições e tem a opção de aceitar ou não. O salário de lá [Cuba] é cerca de R$ 300. Aqui recebemos em torno de R$ 3 mil. No contrato que assinei, esse era o valor que receberia aqui. O restante do dinheiro que o Brasil paga, não sei para onde vai”, disse Casa Nova.
O médico falou que ainda não foi dado um prazo para que eles retornem ao país de origem, mas que os profissionais cubanos sabiam que um dia eles teriam que voltar para Cuba.
“Sabíamos que isso ia ocorrer um dia, mas não da maneira como aconteceu. Agradeço à população de Cruzeiro do Sul pela forma que nos receberam, muita gratidão. O trabalho foi ótimo, a população daqui é maravilhosa. Na área onde trabalhei as doenças cardiovasculares são as maiores causadoras de procuras por consultas e a malária”, acrescentou.
Casa Nova afirmou que mesmo sabendo que vai sair do país, por outro lado está feliz em rever a família.
“Fiquei com o coração apertado e, ao mesmo tempo, feliz por saber que vamos estar perto dos nossos familiares antes da data certa. Se Deus quiser, teremos um novo contrato para voltarmos a Cruzeiro do Sul. Somos gratos pelo acolhimento do governo brasileiro, mas o nosso presidente é o nosso pai e nossa família está em Cuba”, falou.
O governo brasileiro pagava um salário de R$ 11,8 mil aos cubanos e 70% desse valor é enviado para o governo cubano. O Ministério da Saúde lançou um edital para reposição dos médicos. Com a saída dos cubanos do programa o Acre perdeu 104 profissionais. Três cidades ficaram sem médicos na atenção básica com saída de cubanos de programa.
G1