Imagine, em pleno sertão baiano, em uma região agreste, porém bela, onde predomina a falda d´água, encontrar cidades como Cipó, estância hidromineral, com águas medicinais a 35°, que mais parece oásis. Esta cidade assemelha-se a bonitos jardins que emergem em plena caatinga, como uma dádiva para aqueles que procuram se refugiar em locais agradáveis, próprios para o turismo.
Situada à margem direita do rio Itapicuru, Cipó fica a 143 km de Conceição do Coité (Sede da Agência Calila, responsável pelo site calilanoticias.com), no nordeste baiano, e ainda guarda resquícios de tempos áureos, da década de 50, época dos cassinos que impulsionaram por algum tempo o turismo na região. A importância dessa estância no cenário nacional pode ser avaliada com a inauguração do Grande Hotel Caldas de Cipó. Empreendimento grandioso que até hoje chama a atenção pela imponência de sua arquitetura, o hotel levou oito anos para ser totalmente construído e foi inaugurado em 24 de junho de 1952, pelo então presidente da Republica Getúlio Vargas.
A equipe do CN passou toda manhã de sábado (09) na cidade, que completou 80 anos de emancipação. Além do governador Jaques Wagner (PT), a cidade recebeu político de todo estado e verificamos algumas, daquelas poucas e boas, que merecem ser contadas, para você ficar sabendo:
Deputado Aderbal Caldas é igual ao América do Rio – O parlamentar disse no inicio do pronunciamento que em Cipó que é igual ao América do Rio, pois se dar bem com todos os líderes políticos do município e ninguém fala mal dele.
O vice-prefeito Gabriel José de Santana, do PT, apoiou a deputada Fátima Nunes, mas estar satisfeito com as ações parlamentares de Caldas. O ex-prefeito João Ferreira da Silva, “João da Pimenta”, garantiu que enquanto Aderbal estiver na vida pública, vai continuar votando, conforme vem fazendo desde 2002, quando foi candidato pela primeira vez e seu exemplo vem sendo seguindo pelo filho Domingos Ferreira da Silva (PT), “Dido da Pimenta”, o segundo vereador mais votado em 2008, como 494 votos. A base principal dos “Pimentas” é a região do Curral Novo, onde o veterano político disparou em votos na eleição do ano passado.
Deputado Aderbal Caldas quer mais II – Majoritário na região, o deputado progressista Aderbal Caldas, vice-presidente da Assembleia Legislativa, agradeceu ao governador Jaques Wagner a nova Praça 13 de Maio, que consta de uma quadra poliesportiva, parque infantil, quiosque, jardim e rampas de acesso e para isso foram investidos R$ 745 mil. Agradeceu também o Centro de Referência de Assistência Social para o Idoso (Cras) e a unidade do Programa Saúde da Família (PSF) que foram inauguradas na manhã de sábado (09). “Este povo merece mais, pois é uma gente fiel e queremos a reforma da estrada que liga Tobias Barreto, na divisa com Sergipe á Olindina, passando por Itapicuru e estamos lutando pela construção da BA 084, ligando Nova Soure a Serrinha”, externou o parlamentar.
Certo que seus pedidos serão atendidos, Caldas disse durante seu pronunciamento que Wagner é o governador mais democrático da história da Bahia e que convence a todos pela força do argumento e certamente argumento não irá faltar, também por parte do deputado, para convencer o governador a realizar estas obras, pois do jeito que estar, vem causando prejuízos e facilitando as ações dos criminosos.
A preparação de Ubaldino– O deputado Carlos Ubaldino (PSC), que também é pastor da Igreja Assembleia de Deus, mostra nos palanques políticos aquilo que aprendeu nas pregações das Igrejas. Na campanha eleitoral, chegava a comparar o governador Jaques Wagner á “Deus”, quando estava predestinado a salvar o povo. Em Cipó, ele afirmou que Wagner veio para salvar e acabou com cativeiro que os baianos viviam. “Pelos menos o CN não ouviu ninguém dizer a “amém”, “aleluia” ou “glória Wagner”.
Cipó é região pobre – O deputado Joseildo Ramos (PT), disse que Cipó é uma das áreas mais pobres da Bahia, porém é possível fazer um trabalho e modificar esta realidade, pois moram no munícipio pessoas realmente trabalhadoras.
Wagner queimou a língua ou pelo menos quem não tem paciência, come cru – Ao ser anunciado para usar da palavra, o governador ficou em silencio por “dois segundo” e começou lamentando que não houvesse programado a tradicional “girandola de fogos”, que antecipava seu discurso. Só foi começar a falar do assunto, o fogueteiro “tacou tição” e subiu aos céus mais de mil bombas que estouram por cinco minutos anunciando que o governador ia falar.
Depois do espetáculo e os aplausos do povo, o governador se redimiu e disse que “queimaram a língua dele” e a quantidade de fogos foi bem maior do que tocaram para o prefeito.
Só Fátima Nunes descerrou as placas de inaugurações – No ato em Cipó, o CN viu os deputados federais, Ruy Costa e Josias Gomes. Estaduais, estiveram lá, Marcelo Nilo, presidente da Assembleia, Joseildo Ramos, Aderbal Caldas, Carlos Ubaldino e Fátima Nunes, porém, todos eles, com exerçam de Fátima, foram diretos para o palanque, enquanto a deputada “colou” no governador, descerrando as três placas de inaugurações, ou seja, da Praça, do CRAS e da Unidade Saúde da Família, além de pousar para fotos com populares. Ela foi a mais votada na eleição de 2010 em Cipó.
Marcelo Nilo quer candidato a vice-governador na chapa de Rui Costa – O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo está de olho na sucessão do governador Jaques Wagner. Chegou a Cipó acompanhado do chefe do executivo e foi o segundo a descer da aeronave, aproveitando aquele momento de abraços e de aplausos á Wagner e, diga-se de passagem, tinha muita gente aguardando o governador.
No palanque, Marcelo Nilo confidenciou com seu colega de viagem, deputado federal Rui Costa, que queria ser seu vice na chapa para governador. O problema deste pedido é fila que esta longa, pois além deles dois, estar na fileira o prefeito de Camaçari Luiz Caetano, o deputado Gabriele, o senador Walter Pinheiro, o secretário de infraestrutura, Orton Alencar e pelo visto, tem mais gente.
Agora, conheça uma pouco da história de Cipó – Em 1730 O Padre Antônio Freire, donatário de uma sesmaria no sertão de Itapicuru de Cima, dirigiu uma representação ao Vice-rei do Brasil, a respeito da utilização das águas termais da região. Somente em 1829, porém o governo da Província mandou construir, pelo capitão-mor João Dantas, um estabelecimento de banhos nas fontes da Missão da Saúde, a um quilômetro da vila de Itapicuru, sendo concluídas as suas obras em 1833.
Já em 1831, a Lei provincial nº 186, mandava construir no lugar denominado Mãe-d’Água de Cipó, uma casa para abrigo dos doentes que procuravam aquelas fontes.
Anos depois, por volta de 1843, a Assembléia mandou construir outra casa que, tal a primeira, passou a chamar-se “Casa da Nação”. Muito tempo depois, as duas casas abandonadas, ruíram devido a uma enchente do rio Itapicuru. Várias tentativas foram feitas para a construção de um balneário, mas somente em 1928 foi concedida permissão para a exploração das águas, fato que ocorreu em 19 de março do mesmo ano. Esta data assinala o início do progresso de Cipó que, a 8 de julho de 1931, foi elevado à categoria de município por força de decreto estadual de nº 7.479. Em virtude desse decreto foram supressos e anexados ao seu território os municípios de Nova Soure, ao qual Cipó pertencia na situação de povoado, Ribeira do Pombal, Tucano e Ribeira do Amparo.
Em 27 de maio e 19 de setembro de 1933 e 18 de julho de 1935, pelos Decretos Estaduais nº 8.447, 8.643 e 9.600, respectivamente, os municípios de Tucano, Ribeira do Pombal e Nova Soure obtiveram autonomia. O município de Nova Soure, porém, perdeu toda a área necessária à formação do distrito sede de Cipó, que juntamente com território total de Ribeira do Amparo, que não logrou emancipação, formou o atual município de Cipó, ficando este, segundo a divisão administrativa do País vigente, composto de três distritos: Cipó, Ribeira do Amparo e Heliópolis.
Alguns anos depois, o governador do Estado, após verificar a situação de abandono em que permanecia o lugar, mandou concluir a rodovia Alagoinhas-Cipó e efetuar o levantamento semicadastral, com o objetivo de traçar o plano urbanístico da cidade. Assim, em 16 de maio de 1935, Cipó era tornado Estância Hidromineral.
Histórico Turístico – Em 1906, o Coronel Genésio Sales, o qual sofria de úlcera estomacal, foi aconselhado por amigo a passar uma temporada no Sertão Arraial da Mãe d’Água de Cipó, para tentar curar-se do seu problema de saúde. Com a cura mandou construir perto da Fonte Termal, um chalé, que mais tarde, foi transformado em Hotel Termal.
Em 1926, Genésio Sales com o fim de chamar a atenção dos poderes públicos para aquelas águas, empreendeu uma arrojada viagem de automóvel de Alagoinhas a Cipó, a primeira que se fazia ao Nordeste do Estado. Não havendo estradas, seguiu o caminho das cavalgadas, em muitos trechos, mandava abrir estradas, alargar as existentes, para que o automóvel pudesse passar. Nos diversos povoados, os tabaréus, desconhecendo a existência de veículos sem tração animal, recebiam-no com grandes manifestações, faziam promessas e colocavam dentro do carro “vinténs” e “ex-votos”, o automóvel que era novo ao iniciar a viagem ficou bastante danificado. A imprensa de todos os estados do nordeste deu grande publicação ao acontecimento; anos depois, o governo do Estado mandou concluir a rodovia Alagoinhas-Cipó.
Em 1928 o chalé foi transformado no primeiro hotel da cidade por Genésio de Seixas Sales Filho, sob a denominação de Hotel Thermal e após receber em concorrência pública a concessão de uso das águas de Cipó, iniciou suas atividades profissionais, montando um serviço de assistência médica, para atender o povo do arraial e adjacências.
Em 19 de março de 1928 foi concedida permissão para a exploração industrial das águas. Nas fontes termais, onde havia quatro banheiros de palha, Genésio Sales construiu um moderno balneário, composto de uma piscina de água quente (na época a única existente no Brasil), um consultório médico, salas de espera e de tratamentos diversos, instalações sanitárias, “buvet” (chafariz para beber água termal) e dezessete banheiros, dos quais um era gratuito destinado aos pobres.
Em 1930, um bando chefiado por Lampião, o rei do cangaço, afastava os banhistas, causando grandes prejuízos, pois as pessoas o temiam, e por conseqüência disso, não apareciam para fazer uso das águas termais. Mais tarde, depois da morte de Lampião, a cidade voltou a atrair turistas, em busca de suas águas medicinais.
A 16 de setembro de 1935, Cipó era tornada Estância Hidromineral, a partir de cuja época passou a exibir uma notável movimentação, tendo em vista o vertiginoso afluxo de veranistas.
Após esse acontecimento, o Rádium Hotel, de arquitetura art déco, foi inaugurado em 1938, o qual hospedava turistas de vários países. Anexo a ele havia um cassino, freqüentado principalmente por hóspedes.
Com o grande número de turistas que passaram a visitar a cidade de Cipó, foi construído em 23 de julho de 1952 o Grande Hotel, conhecido como Elefante Branco da Terra, inaugurado pelo Presidente Getúlio Vargas.
Sua estrutura grandiosa atraiu muitos turistas que, além de desfrutar dos jogos e bailes que o Cassino proporcionava na época, usufruíam também das cascatas e piscinas situada no subsolo do Grande Hotel, sem contar o grande parque de diversão para crianças.
Os hotéis estão hoje em sua maioria fechados. Entretanto, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tem planos de identificar os edifícios da cidade para buscar algum tipo de proteção à rica arquitetura existente na cidade, notadamente no estilo art déco.
Lenda de como surgiu o nome da cidade de Cipó – Conta que um caçador andava pelas margens do rio Itapicuru. Nas suas andanças pelo sertão, atirou em direção de um pássaro que estava pousado numa árvore e então revoou um bando, o qual chamou atenção do mesmo, e ao chegar perto, ouviu um borbulho de água jorrando no solo de temperatura quente e gosto estranho. Assim, percebeu que naquele lugar havia enormes árvores de Cipó, um verdadeiro Cipoal.
O caçador ao seguir seu percurso em direção da cidade de Itapicuru da Missão, espalhou a notícia das águas descobertas e indicou a todos que a mesma estava na localidade de Cipó, no cipoal às margens do rio Itapicuru.
Por: Raimundo Mascarenhas