Foram sepultados no final da tarde de quarta-feira (13), no cemitério da cidade de Pé de Serra, os corpos de Fernando de Oliveira, 19 anos e Lucivânia Lima Lopes, 21. O sepultamento aconteceu 50 dias depois de mortos, quando foram encontrados carbonizados, dentro do porta-malas do veículo Siena, p/p JSE-1091, licença de Salvador, também destruído pelo fogo, pertencente ao comerciante Benedito Raimundo Carneiro de Oliveira, pai de Fernando, numa estrada vicinal que liga a principal via de acesso ao povoado de Novo Ouricuri, a 03 km do centro de Pé de Serra, no dia 22 de maio.
A Capela do cemitério ficou pequena para a multidão que acompanhou a celebração e muita gente ficou na área externa, num profundo silencio, onde se ouvia apenas o choro das pessoas mais próximas e dos familiares, que lamentavam o fato e a perda. No interior da capela, o caixão de Fernando foi colocado à direita e Vânia à esquerda.
Um dos momentos de muita emoção, foi quando o empresário Benedito Oliveira, pai de Fernando, agradeceu as orações dos amigos e disse que estava vivendo 50 dias de agonia e não sabia o que era paz em sua família, pois, além de filho, Fernando era um amigo e há 12 anos ajudava nos negócios. “Tinha com ele um relacionamento de irmão”, afirmou Oliveira.
Vera Lúcia Carneiro, tia de Fernando e última pessoa da família a manter contato com ele, pois a deixou na Praça da Matriz no dia em que desapareceu, disse que estava sendo sepultado um homem, arrancando aplauso dos presentes. .
O primeiro a ser sepultado foi Fernando e em seguida, Lucivânia. Ela foi sepultada na tumulo da avó paterna, Edésia de Jesus Silva. Os familiares vestiam camisas com as fotos dos jovens e frases que externavam saudade e pediam justiça.
O local onde foram encontrados, apesar da distância, é de pouca movimentação e além do mais, o carro foi jogado numa baixada, o que impediu a visibilidade das chamas, mesmo com a escuridão da noite fria daquele domingo.
O duplo homicídio aconteceu na noite de domingo dia 22 de maio, mas os corpos só foram encontrados no final da tarde de segunda–feira (23) totalmente irreconhecíveis e reduzidos em função do fogo, e para serem identificados precisou de um trabalho mais rigoroso do Instituto Médico Legal da Polícia Técnica em Feira de Santana, onde submetidos ao exame de DNA e só após o resultado, que saiu na terça-feira (12), foram liberados para serem sepultados. O corpo de Fernando de Oliveira foi velado na residência dos pais, na Rua Dioclécio Roque de Menezes e o de Lucivânia Lima Lopes, na residência da avó Eunice Paulina de Araújo, na João Campos. Ás 16h, os cortejos fúnebres saíram de lados opostos da cidade e se encontraram no cemitério da Praça Santo Antônio, onde aconteceu um ato religioso presidido pelo padre Roberto Silva, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, auxiliado pelo Diácono Cláudio Ferraz Ribeiro de Brito, ambos pertencente à Sociedade Divina Vocações (SDV).
O caso não avançou – “Seu” Benedito, ainda no cemitério, conversou com o CN e disse que as investigações não avançaram e tudo esta do mesmo jeito, sem uma resposta para os familiares e para sociedade, por parte da justiça. Segundo ele, até o momento ninguém foi preso e, apesar da polícia, ter ouvido várias pessoas, tudo estar “na estaca zero”. Ele apelou para o CN fazer este assunto chegar ao secretário de segurança pública e sensibilizar a indicação de um delegado especial para apuração dos fatos, pois a investigação vem sendo realizado pela Delegacia de Riachão do Jacuípe e o Delegado alega falta de condições para apurar, pois responde, além de Pé de Serra, pelos municípios de Riachão do Jacuípe e Candeal.
O lavrador Valdir Lopes, 49 anos, pai da jovem, lamentou também a falta de resposta da polícia, segundo ele já são 50 dias de angustia, onde não fez mais nada a não ser esperar este triste momento para sepultar sua única filha, “ são três, mas só ela de mulher” disse consternado. Ele tem a opinião de muita gente da cidade, de que existem suspeitas com grandes evidencias, mas ninguém pode falar.
Ao retornar de Pé de Serra, a equipe do CN passou pela Delegacia de Riachão do Jacuípe e não encontrou com o delegado responsável pelo caso, José Baqueiro. Um agente da polícia cível, que não se identificou, disse apenas que a polícia vem ouvindo as testemunha e o inquérito está quase concluído e o mesmo será encaminhado para o judiciário.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas
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