Especialistas se reuniram na terça-feira (29), em Salvador, para discutir os riscos que as barragens baianas oferecem. O estado tem o maior número de equipamentos com estrutura comprometida do Brasil, segundo estudo divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) em 2018. Das 45 barragens com problemas no país, 10 estão na Bahia. Todas são de água.
O encontro foi promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-BA), após a tragédia em Brumadinho (MG). Os especialistas foram recebidos em um auditório, na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no bairro da Federação. Entre os convidados, estavam representantes das empresas responsáveis pelas barragens em risco.
Os equipamentos com problemas no estado são: Afligidos, na cidade de São Gonçalo dos Campos; Apertado, em Mucugê; Poço Grande, em Araci; Cipó, em Mirante; Luiz Vieira, em Rio de Contas; RS1 e RS2, em Camaçari; Tabua II, em Ibiassucê; Zabumbão, em Paramirim; e Pinhões, em Juazeiro.
Todas as 10 barragens são fiscalizadas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema). Entre as irregularidades encontradas nos equipamentos, estão erosões, rachaduras, buracos, infiltrações, corrosão de tubulações, presença de vegetações, afundações e fissuras.
Uma barragem de rejeitos minerais da Vale rompeu na sexta-feira (25) e atingiu o Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Por onde a lama passou, deixou um rastro de sujeira e pessoas desaparecidas. Além das instalações da empresa, uma pousada e algumas casas foram destruídas.
Contudo, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, diz que os principais atingidos são funcionários da empresa. Eles estavam em horário de almoço no momento da tragédia, e o refeitório do local foi atingido.
Dos 84 mortos encontrados até esta terça-feira, apenas 42 foram identificados. Alguns deles já foram enterrados, como o baiano Ednilson dos Santos Cruz, de 23 anos.
O jovem estava entre sete baianos desaparecidos na tragédia. O corpo dele foi encontrado na segunda-feira (28) e sepultado nesta terça.
Ednilson morava em Minas Gerais há 10 anos e a esposa dele está grávida de uma menina. Em entrevista ao G1, o pai dele e também baiano, Edmilson Evangelista da Silva, de 42 anos, contou que a neta pode nascer a qualquer momento.
Outras 192 pessoas foram resgatadas vivas e 276 seguem sendo procuradas na lama. Entre eles, os outros seis baianos. Três deles são de Santo Amaro; dois de Mata de São João, na região metropolitana de Salvador; e um é da capital baiana.
Os baianos foram identificados, na ordem, como Ademário Bispo, de 51 anos, Alex Mário Moraes Bispo, de 22, George Conceição de Oliveira, de idade não divulgada, Cássio Cruz Silva Pereira, de 27 anos, Carlos Augusto Santos Pereira, de 49, e Tiago Coutinho do Carmo, de 34.
Ademário é tio de Alex e amigo próximo de George. Carlos é pai de Cássio. Eles, Tiago e Ednilson moravam no mesmo bairro, em Mários Campos. Todos se conheciam.
As buscas pelos desaparecidos, que começaram ainda na sexta-feira, completaram cinco dias na terça.
G1/BA