O Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres a ser celebrado, todos os anos, no 33° domingo do tempo comum (próximo domingo). Tem como objetivo motivar as comunidades para refletir e empenhar-se na solidariedade aos mais necessitados, a partir da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja.
MUITAS pessoas não conseguem identificar a pobreza no mundo com suas trágicas conseqüências: sofrimento, violência, privação da dignidade, analfabetismo, enfermidades, desemprego, tráfico de pessoas, exílio, miséria… Não ter trabalho, nem receber um salário justo, não ter uma casa onde habitar, são condições que atentam contra dignidade da pessoa. A pobreza é fruto da injustiça social, da corrupção, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada.
POPULAÇÕES inteiras padecem de fome e de sede. Multidões de pessoas continuam a emigrar dum país para outro à procura de alimento, trabalho, casa e paz. A doença, nas suas várias formas, é um motivo permanente de aflição que requer ajuda, consolação e apoio. Os estabelecimentos prisionais são lugares onde muitas vezes as condições de vida são desumanas.
NÃO PENSEMOS nos pobres apenas como destinatários duma obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Essas experiências, embora válidas e úteis, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida.
PORTANTO somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que tomemos o seu corpo no corpo chegado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia.
QUE O DIA Mundial dos Pobres se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os necessitados permite-nos compreender a Palavra de Deus. Os pobres nos motivam a viver a essência do Evangelho. “Meus filhinhos, não amemos com palavras, nem com a boca, mas com obras e com verdade” (Jo 3,18).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]