O temor da contaminação pelo coronavírus provocou uma corrida em busca de máscaras cirúrgicas descartáveis na cidade de São Paulo. Diversas empresas verificaram aumento na procura pelo produto diante do surto da doença que já matou 213 pessoas na China. Em algumas distribuidoras e farmácias, o estoque já está zerado. O estado de São Paulo tem três casos suspeitos de coronavírus em investigação.
Membros da comunidade chinesa em São Paulo estão se organizando para enviar máscaras para familiares na China. Funcionários de farmácias, de distribuidoras de equipamentos médicos e dos Correios também relatam ao G1 que chineses e descendentes estão comprando caixas de máscaras descartáveis para enviar aos familiares que estão no país asiático.
Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia diz que não recomenda o uso de máscaras no Brasil, mas indica que cuidados de higiene sejam reforçados diante da ameaça do vírus. “No atual momento não é necessário usar máscara em São Paulo, porque a gente não tem aqui casos comprovados no país. Então não tem necessidade,” afirma Marcos Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária também não colocou o uso de máscara entre suas recomendações à população em geral, apenas para funcionários de portos, aeroportos e fronteiras que fazem abordagem de pessoas e inspecionam bagagens acompanhadas.
Morador da capital paulista, Mario Ye Sui Yong conta que muitos chineses e descendentes que vivem em São Paulo estão enviando, pelos Correios, pacotes de máscaras cirúrgicas para amigos na China.
“Também tenho alguns amigos que estão viajando para lá a negócios e estão levando nas malas muitas máscaras para dar presente para amigos e parentes”, afirma Mario Ye Sui Yong.
Yong é membro da Associação Geral de Qingtianesses do Brasil, que reúne chineses oriundos da cidade de Qingtian que moram em São Paulo. Ele conta que a associação está preparando uma doação de máscaras para a região.
“Ainda estamos preparando os documentos para fazer exportação dessa remessa”, afirma Yong.
A rede Cirúrgica Sinete, que têm cinco lojas na capital, afirma ter vendido mais de 500 mil máscaras cirúrgicas nos últimos sete dias, parte delas para membros da comunidade chinesa na cidade.
“As compras são feitas principalmente por descendentes de chineses que mandam as caixas de máscaras para familiares que estão lá. Eles dizem que em algumas cidades não se encontra mais máscara”, afirma a supervisora da rede, Fátima Batista Câmara.
Segundo ela, o estoque de toda a rede se esgotou nesta quarta-feira (29) e a reposição chegou neste quinta (30).
Em uma agência dos Correios no bairro do Paraíso, Zona Sul de SP, funcionários relatam que houve aumento no envio de pacotes para a China nos últimos dias. Segundo eles, os clientes enviam em média de três a quatro pacotes, e contam que o produto está em falta no país.
Na distribuidora Adecil, o estoque de mais de 10 mil máscaras se esgotou em apenas um dia. As máscaras são vendidas por R$ 4 a R$ 9 cada. Segundo funcionários da distribuidora, os clientes são pessoas físicas que dizem estar comprando os produtos para enviar para a China.
Já na distribuidora Dipromed, os estoques estão comprometidos há três semanas e não há previsão de quando novas máscaras devem ser entregues.
A reportagem também esteve em várias farmácias que estavam com falta de máscaras.
A Rede Drogaria São Paulo, que tem 717 lojas em todo o estado, disse que teve um aumento de 26% na venda de máscaras descartáveis entre domingo (26) e quarta-feira (29). Outro item que teve maior procura depois do surto de coronavírus na China foi o álcool gel: as vendas aumentaram 37% no período.