Calila Notícias – Deputado Osni, estamos findando o primeiro semestre que praticamente teve o novo coronavírus roubando a cena. Começamos assistindo pela TV e hoje estamos vendo pessoas conhecidas infectadas. O fato de termos assistido pela TV o mundo no enfrentamento à COVID-19 e sabendo que seria uma realidade também no Brasil, o que faltou para que nosso país pudesse lidar com mais sabedoria com o problema?
Osni Cardoso – O elemento fundamental para tocar neste assunto é falar do presidente, que desdenhou da situação. Enquanto o mundo inteiro trabalhou nesta guerra contra a COVID-19, esse presidente genocida desdenhou, não fez nenhuma ação, não tratou de unir o país na defesa da sua população e nessa guerra contra a COVID-19. Ele simplesmente abandonou o povo. Tudo ficou nas mãos dos governadores, da maioria dos prefeitos e de parte da população. O discurso dele colocou na rua pessoas que o seguem e isso dificultou para que a gente pudesse vencer de maneira mais eficaz esse vírus tão letal.
CN – A Bahia, um dos estados mais populosos do Brasil, tem uma quantidade de casos de coronavírus relativamente baixa em relação aos de menores populações e mantém uma taxa de letalidade também baixa. As medidas restritivas adotadas em Salvador têm sido aprovadas pela maior parte população da cidade. Você acredita que Rui Costa e ACM Neto, tendo deixado as diferenças políticas de lado, têm contribuído para isto?
OC – A Bahia, com a liderança do governador Rui Costa, saiu na frente de grande parte dos estados. Teve apoio de vários prefeitos, assim como o da capital, que deu exemplo. Rui Costa e ACM Neto deixaram as diferenças políticas de lado, foram juntos combater a COVID-19 e assim conseguiram muitos resultados positivos. Neto, junto com muitos prefeitos, evitou que várias pessoas fossem mortas por essa pandemia. Só tenho que parabenizar os dois, principalmente o governador Rui Costa que soube liderar o conjunto da política baiana no enfrentamento à COVID-19.
CN – Na Assembleia Legislativa da Bahia, as votações seguem, agora em sessões virtuais. Quais as principais medidas aprovadas neste período de pandemia e quais ações do Governo do Estado que na sua opinião foram indispensáveis para manter na Bahia um nível menos alarmante que em outros estados brasileiros?
OC – O fluxo de trabalho na Assembleia Legislativa segue intenso. Estamos nos reunindo em sessões remotas para votar principalmente projetos de lei voltados ao combate da COVID-19. Nesse período de quase quatro meses, destaco os decretos de estado de calamidade pública de diversos municípios baianos, a aprovação do uso obrigatório de máscaras em cidades com registros de casos do novo coronavírus, a isenção das contas de água e luz de consumidores de baixa renda, a lei de combate à disseminação de notícias falsas, além da validação do projeto Vale-Alimentação Estudantil. Em relação às ações brilhantemente tocadas pelo governador Rui Costa, secretário de saúde Fábio Vilas-Boas e toda a equipe do Governo, posso falar da ampliação da rede pública de saúde com grandes investimentos como a reabertura do Hospital Espanhol, a construção dos hospitais de campanha na Fonte Nova e Fazendão, implementação dos 70 centros de triagem em todo o estado, a recente testagem em massa dos estudantes, professores e funcionários de algumas regiões do estado, distribuição gratuita de máscaras e várias outras ações.
CN – Há uma polêmica muito grande quanto ao fechamento do comércio e uma pressão grande do empresariado para reabrir os estabelecimentos. Qual sua opinião sobre isso? Os comerciantes questionam o fechamento principalmente quando aglomerações permanecem em bancos e afins, supermercados, feiras livres etc.
OC – Muitos prefeitos erraram em reabrir o comércio antes da hora. Me lembro que havia poucos casos, principalmente em nossa região. Feira de Santana, por exemplo, abriu antes da hora, se arriscou. Alguns prefeitos não ouviram a orientação do governador e acabou que gerou grandes contaminações e muitas mortes. No entanto, acho também que há exagero. Teve gente que fechou antes da hora e teve que abrir. Neste momento, tem que ponderar qual o serviço que atrai pouca gente, qual serviço tem poucos funcionários e ele tem que abrir com eterna vigilância. Aqueles que aglomeram, que não são essenciais, têm que fechar. O que é essencial tem que ampliar a quantidade de horas em funcionamento. Por exemplo, supermercados, farmácias, lotéricas e bancos têm que aumentar a carga horária. Em vez de ser sete horas de funcionamento, ir para 14 horas. Isso dilui a presença de pessoas, evitando a contaminação comunitária.
CN – Serrinha e região começou a receber ambulâncias do SAMU. O prefeito da cidade tem explorado bastante como uma conquista do seu governo. O que fez Osni para isto enquanto prefeito à época e Osni deputado? O que fez o atual prefeito de Serrinha?
OC – O Sistema de Saúde funciona com todos os entes federativos. Para aprovar um SAMU, por exemplo, precisa da aprovação regional e isso nós fizemos. Na minha gestão, o projeto foi elaborado e aprovado na Comissão Intergestora Regional (CIR), realizada no Fórum dos Secretários de Saúde da Região de Saúde de Serrinha. Em seguida, foi para Comissão Intergestora Bipartite (CIB) e também aprovado. Depois de habilitado pelas instâncias regional e estadual, ficamos aguardando a liberação do Ministério da Saúde, que ocorreu posteriormente. Para implantação ficou pendente apenas a liberação do recurso que, inclusive, teve a publicação da portaria autorizando. No nosso caso atrasou porque infelizmente deram um golpe na Dilma e parou praticamente o país. Deixou de se votar e acompanhar tudo sobre novos recursos. Agora, depois de quase quatro anos, o prefeito conseguiu fazer a última etapa. Na minha opinião, tardia, atrasada e ele com certeza terá dificuldade de botar para funcionar.
CN – Recentemente divulgaram vídeo com acusações sobre as condições de entrega da piscina, que ainda não estaria pronta para uso, da UPA e creches inacabadas. Vídeo que não lhe deu o direito de resposta. Qual a real situação em que foram deixadas no final de sua gestão?
OC – Primeiro quero de te agradecer por este espaço, que é fundamental para eu possa me defender e colocar alguns elementos. Sobre a piscina, eu terminei a obra. O deputado Alex da Piatã estava presente, assim como vários outros deputados da Bahia, o nosso governador, além da população serrinhense, que foi convidada. O prefeito, logo depois que entrou, fez questão de esvaziar a piscina e quebrar algumas coisas, para dizer que eu não tinha terminado. Os fatos, as imagens, mostram a veracidade do que estou dizendo. Sobre as obras, as creches, vou voltar afirmando o que aconteceu no Brasil. Levamos um golpe justamente naquele momento que eu estava trabalhando para terminar as creches. Parou de ter repasse de recursos. Mesmo assim eu deixei o físico e financeiro iguais. O que é isso? Aquilo que eu gastei, eu executei. O prefeito não fez nenhum tipo de mobilização para terminar as creches e entregar ao povo de Serrinha. Várias outras obras eu deixei o dinheiro na conta. Algumas que ele começou e não conseguiu terminar, a exemplo do Centro Esportivo, que tem quase quatro anos e foi 3 milhões e 800 mil reais. Deixei quadra, calçamento e essas outras ele terminou. Por que não terminou as creches? Porque queria arrumar discurso simplesmente para bater e dizer que eu não consegui terminar a obra. É bom lembrar que foram no total mais de 320 obras que eu executei em Serrinha. Infelizmente deixei cinco sem terminar por causa da adversidade política que aconteceu com o golpe da presidenta Dilma.
CN – Entre os legados dos oito anos em que esteve como gestor da cidade de Serrinha, quais os de mais destaque?
OC – Fizemos 102 mil metros de redes de esgoto, mesmo não sendo uma obra aparente eu considero importante, entregamos casas para mais de 10 mil pessoas, trouxemos estruturas de educação fantásticas como o CETEPS, a Escola de Ciência e o Instituto Federal. Fizemos obras importantes como praças, asfaltamento da cidade, pavimentação, ligação dos principais povoados (Tanque Grande e Bela Vista), construção, reforma e implantação de 18 Unidades Básicas de Saúde, sete novos Postos de Saúde da Família, implementação de mais de 200 mil metros de rede de água, beneficiando mais de 21 mil serrinhenses, e várias outras, que eu poderia passar um tempão falando para vocês.
CN – Saindo da saúde para política, o que achou da prorrogação da data da eleição deste ano?
OC – A prorrogação é um ato providencial. Sou defensor, assim como Rui Costa e tantos outros, da vida. Tanto o isolamento, como o distanciamento social, são fundamentais. Prorrogar as eleições é evitar que haja aglomeração nesse momento tão importante de guerra contra a COVID-19. Eu acho uma atitude acertada, não terá prejuízo para ninguém. Acho que todo mundo tem que pôr sebo nas canelas e trabalhar se quiser se eleger e convencer as pessoas, haja vista que temos vários outros instrumentos, principalmente as redes sociais.
CN – O que tem feito no apoio às suas bases em outros municípios, já que ficar em casa é a principal determinação? Você acha que o distanciamento social pode trazer surpresas no resultado das eleições?
OC – Tenho acompanhado bastante todas as bases nossas, seja por telefone, reuniões remotas em vários aplicativos, participações em PGP e algumas entregas de emendas. Essa é uma eleição difícil de prever. Já beneficiou, em parte, quem estava na frente das pesquisas, porque pouco se movimentou, mas acredito que com o adiamento das eleições para novembro, haverá tempo de acontecer muitos debates e as pessoas conhecerem propostas de cada candidatura. Estarei pronto para ajudar, na presença via web, da forma que for possível, de maneira que respeitemos as orientações da OMS. Para nós, o mais importante é a vida e não necessariamente uma eleição. Mas com certeza daremos conta desta tarefa, desta retribuição. Há dois anos eles acreditaram em mim, me apoiaram e fui eleito deputado. Agora os ajudarei a se tornarem prefeitos, prefeitas, vereadores, vereadoras, vice-prefeitos e vice-prefeitas. Esse será meu compromisso com minha turma, com a nossa luta.
CN – Lucas da Chicabana foi o nome escolhido para concorrer pelo PT de Serrinha. Como tem sido a aceitação por parte da “companheirada”? Qual o projeto do PT para Serrinha?
OC – Nós do Partido dos Trabalhadores temos uma dinâmica própria. Sempre que vem um nome novo para o processo, sempre há dúvidas e questionamentos. Foram seis pré-candidatos que se apresentaram e a maioria do partido acabou por aprovar o nome de Lucas. Hoje já está pacificado, todo mundo topa, todo mundo já está na pré-campanha. Para nós, é uma grande aquisição porque é um empresário, jovem, apaixonado pelo ser humano e com muita vontade de trabalhar pela nossa população. Acredito muito na vitória dele, acho que essa pré-candidatura nos representa demais. Nossos projetos ainda estão em fase de construção porque o PT historicamente tem a tradição de ouvir a comunidade, então estamos fazendo o PGP, Programa de Governo Participativo. Você pode acessar www.pgpserrinha.com.br e dar sua opinião. Dali sairá tudo o que vamos apresentar como proposta para governar Serrinha e começar a executar em janeiro de 2021.