“Quando a gente apreendia uma carga de cigarro contrabandeado, geralmente o motorista era preso, a carga destruída e só. Os líderes do contrabando nunca eram localizados. Com essa operação de hoje, isso está mudando.”
A fala é de Flávio Albergaria, chefe da Polícia Federal. Nesta quarta-feira (19), a equipe dele, com 32 policiais federais e 21 servidores da receita, cumpriu 8 mandados de busca e apreensão na cidade de Tanque Novo, sudoeste da Bahia.
As investigações do caso começaram ainda em 2019, através de denúncias de delegacias da Polícia Federal no Paraná. No Sul, os agentes estavam apreendendo uma larga quantidade de cigarros ilegais que tinham como destino a Bahia.
A mercadoria geralmente saia do Paraguai, atravessava a fronteira sem pagar os impostos e era distribuída por todo o país.
No caso dos estados da região Nordeste, ela quase sempre passava por Vitória da Conquista, que é cortada pela BR-116 – estrada que liga o Sul ao Nordeste do país.
Operação de dois anos
Desde a denúncia recebida pela PF do Paraná, as equipes da região de Conquista começaram a investigar caso e agora, finalmente, acreditam que chegaram aos chefões do contrabando de cigarro na região.
Os líderes do esquema seriam dois comerciantes de Tanque Novo que operavam um esquema de distribuição de cigarros, bebidas, pneus e perfumes vindos do Paraguai.
Eles usavam empresas de fachada para conseguir movimentar o dinheiro obtido de forma ilegal. Entre 2018 e 2020, eles circularam ao menos R$ 13 milhões de reais.
A maior parte dos recursos movimentados tinha como origem/destino empresas sediadas na região da fronteira com o Paraguai.
Desde 2016, a PF de conquista já apreendeu 116 toneladas de cigarro contrabandeado passando pelo município. O grupo também será multado em R$ 2 reais por cada maço ilegal apreendido.
“O contrabando traz prejuízos que precisam ser destacados. Primeiro, há uma perda na arrecadação de tributos. Também há o risco na saúde da população, pois esse cigarro não passa pelo controle sanitário. E há também um impacto direto na questão da indústria nacional, visto que produzir o material de forma legal não se torna mais atrativo”, diz o chefe da PF.
“Nosso objetivo não é só prender os suspeitos, mas apreender os bens obtidos com esse dinheiro ilegal. A meta principal é descaptalizar os grupos criminosos. Fazer com que esse negócio não seja mais atraente”, concluiu Flávio Albergaria.
Fonte: Correio