Os anticorpos gerados durante uma infecção pela cepa ancestral do novo coronavírus são capazes de neutralizar, na maioria dos casos, também a variante P.1, identificada em Manaus no ano passado. O fato foi identificado por um estudo conduzido no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP).
Os experimentos foram feitos com plasma sanguíneo coletado entre maio e junho do ano passado de 60 voluntários infectados pela primeira linhagem do vírus identificada no país. De acordo com reportagem da Agência Fapesp, em 84% dos casos, os anticorpos presentes nas amostras coletadas após o 15º dia de infecção foram capazes de neutralizar a cepa de Manaus em culturas celulares.
As conclusões estão em processo de revisão por pares.
“Os resultados sugerem que os indivíduos infectados pela cepa ancestral do SARS-CoV-2 tendem a estar mais protegidos caso se deparem com a nova variante. Isso não elimina o risco de reinfecção, de doença sintomática ou mesmo de morte. De qualquer forma, traz uma mensagem de esperança num momento em que as coisas estão bem complicadas”, afirma Maria Cassia Mendes-Correa, professora da Faculdade de Medicina (FM-USP) e primeira autora do artigo à reportagem Fapesp.
De acordo com a Fapesp, a pesquisa contou com 60 voluntários com sintomas leves e diagnóstico confirmado por teste de RT-PCR, que foram monitorados durante 42 dias e submetidos a coletas semanais de sangue para análise do perfil sorológico.
Diferentemente dos testes laboratoriais comuns, que detectam a presença dos anticorpos IgM (imunoglobulina M, o primeiro a ser produzido na fase aguda) e IgG (imunoglobulina G, que aparece no fim da fase aguda), a técnica utilizada no estudo VNT permite dosar no plasma a quantidade de anticorpos neutralizantes – capazes de se ligar à ponta da proteína spike, que é usada pelo SARS-CoV-2 para se conectar com o receptor da célula humana e viabilizar a infecção. Essa região da proteína é conhecida como RBD (sigla em inglês para domínio de ligação ao receptor).
Fonte: Bahia Notícias