Os trabalhadores rurais que ocupam há sete anos a Estação Experimental da EBDA, uma fazenda de 500 hectares, localizada a 10 quilômetros da cidade de Aramari, município localizado no território litoral norte e agreste baiano, continuam vivendo uma grande angústia pela falta de resposta por parte do governo do estado, se irá ou não retirar do projeto de lei enviado a Assembléia Legislativa da Bahia, a clausula que se refere à permissão para leiloar.A área da fazenda abrange dois municípios, Aramari e Pedrão.
A aposentada Maria de Lurdes Ferreira dos Santos, 60 anos, uma das ocupantes e residente no assentamento Rio Pardo, contou ao CN que vai resistir à luta pela terra e não pretende sair dela. Ela reside na área de Pedrão, onde residem 58 famílias que já dividiram seus lotes e estão produzindo.
Dona Lurdes que é filha de José Ferreira Santos, disse que seu pai chegou a fazenda com apenas 13 anos de idade, casou-se e teve 09 filhos e permaneceu morando por 42 anos. Contou ao CN que na época as terras eram de um fazendeiro de Feira de Santana e depois, outro fazendeiro conhecido por Bião, da região de Alagoinhas adquiriu e passado alguns anos doou ao estado e seus pais continuaram na fazenda e passaram a ser pago pelo governo. “Depois de aposentado, pai foi morar em uma área de terra próximo da cidade (Pedrão) e cada um de nós (filhos), tomamos nossos rumos, mas com desejo de permanecer na terra para trabalhar”, falou a agricultora.
Movida pelo Movimento Sem Terra (MST) e pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT), ela integrou um grupo de 58 famílias e ocuparam a fazenda. “Voltei para minha origem e minha terra e não quero sair”, continuou do Lurdes ao conversar com CN. Ela confessou que tem confiança no governador Rui Costa que irá retirar este artigo do projeto de lei e destacou a interferência importante do mandato do deputado estadual Alex da Piatã (PSD), nos diálogos com o governo.
Ela disse também que tem certeza que Rui Costa não irá fazer como o presidente Bolsonaro que colocou a Polícia Federal e outros órgãos de segurança pública para expulsar as pessoas que estavam morando e trabalhando nos acampamentos Irani I, Irani II e Abril Vermelho nos municípios de Juazeiro e Casa Nova no final de novembro de 2019 conforme imagens abaixo.
Relembre o caso
Junto com o Abril Vermelho, outros dois acampamentos foram alvos de despejo na mesma operação: os assentamentos Irmã Dorothy e Irani de Souza, todos ligados ao MST, entre os municípios de Juazeiro e Casa Nova. No total, cerca de 700 famílias perderam as suas casas. Em novembro de 2019, no fim da madrugada de uma segunda-feira, por volta de 5h20 chegaram vários carros da polícia ao mesmo tempo e um helicóptero começou a rondar a área sem parar, segundo a professora Alexandra de Santos em entrevista ao site Brasil de Fato. Os moradores, que estavam reunidos, começaram a entoar canções do movimento e palavras de ordem.
Na época um agricultor gravou um vídeo que externando sua indignação e esta realidade é tímida pelos ocupantes da fazenda da extinta EBDA em Aramari e Poções. Veja os vídeos