A dona de casa Josimeire Oliveira dos Santos, 45 anos, moradora do Município de Riachão do Jacuípe, mãe de uma jovem que já lhe deu um neto, vem chamado atenção por ser uma catadora de material de reciclagem que mesmo orgulhosa da função que executa sempre sonhou em alcançar ‘voos mais altos’ através da educação.
Conta que o pai é pescador e a mãe era lavadeira, porém a partir dos 10 anos de idade foi morar com avó ainda jovem foi morar em outras cidades e já trabalhando com reciclagem retornou a terra natal, mas segundo ela enfrenta muito preconceito e diante disto resolveu estudar e no ano de 2014 concluiu o Ensino Médio pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tendo recebido o certificado de conclusão e posteriormente encarou outros três em busca de uma pontuação que permitisse seu ingresso no curso superior, tendo conseguido na edição 2018-2019.
Meire como também é conhecida disse ao Calila Notícias que os livros encontrados no lixo sempre serviram pra ela que sempre teve gosto pela leitura, mas admite que tem pouco conhecimento tecnológico e poderia ter feito a inscrição para começar os estudos, mas não sabia como, até que uma irmã dela com mais conhecimento conseguiu lhe ajudar e começou o Curso de Licenciatura em Física na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) em 10 de agosto, ou seja, pouco mais de duas semanas. O Ensino ainda por conta da pandemia do novo Coronavírus está sendo remoto e as aulas acontecem pela manhã.
Celular usado nas aulas achou no lixo
A história de Meire pode se dizer que ‘surgiu do lixo’ mas que no futuro próximo, daqui 4 anos, deixará esta função de lado quando a idade pede para descansar. Como ela mesma conta, ainda jovem quando saiu para morar em outras cidades trabalhou na coleta de reciclados que na linguagem popular é lixo onde ela encontrou bons livros que contribuíram para aumentar seus conhecimentos e pasmem! O aparelho celular que usa para assistir às aulas também encontrou no lixo.
“Muita gente prefere jogar fora ao invés de dá a quem precisa, o que achei não estava funcionando, mas levei numa loja que conserta celular e fui informada que por duzentos reais eu teria o aparelho funcionando, eu tinha o dinheiro da venda dos reciclados e paguei e hoje está me servindo, não é dos melhores, trava muito, mas está dando pra levar”, conta Meire.
A catadora de reciclados disse que jamais cruzou os braços e sempre procurou se aperfeiçoar em outras áreas, tendo concluído o curso de cuidadora de idosos e até carpintaria, recebendo inclusive os certificados da Prefeitura de Riachão.