Pessoas infectadas gravemente com a covid-19 em Juazeiro, no norte da Bahia, não conseguem mais vagas na UTI no Hospital Regional (HRJ) da cidade. Na manhã desta quarta-feira (20), o hospital registrou ocupação de 100% em todos os 10 leitos destinados ao tratamento do coronavírus. Até agosto, a Unidade de Tratamento Intensivo contava com 20 leitos disponíveis.
A queda no número de casos da doença na cidade, que vem sendo registrada desde 23 de julho, quando haviam 72 pessoas infectadas, foi o que motivou o hospital a reduzir pela metade os leitos destinados à covid. Os outros 10 leitos foram transferidos para a UTI geral.
Essa não é a primeira vez que o Hospital Regional registra lotação nos leitos para covid. Em maio deste ano, quando o hospital ainda contava com todos os 20 leitos destinados à doença, também houve lotação, que foi noticiada pelo Correio. De acordo com uma fonte ligada ao HRJ que não quis se identificar, ainda não há determinação para que novos leitos para a covid sejam disponibilizados.
Outras opções
De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, na tarde de quarta-feira (20), mesmo com a lotação do Hospital Regional, a cidade de Juazeiro ainda possui seis leitos à disposição, com uma taxa de ocupação total de 70%.
A rede municipal de saúde conta apenas com leitos intermediários e, segundo a secretaria, apenas o Hospital Regional e o Hospital Promatre de Juazeiro possuem leitos de UTI destinados à covid no município. Segundo dados de hoje (20) da Sesab, a Promatre, que é da rede particular, possui 30% de ocupação dos leitos de UTI para tratamento do coronavírus.
A cidade de Juazeiro é um dos 55 municípios que integram o sistema de saúde da Rede PEBA, hospitais que atendem cidades da região do Vale Médio do São Francisco, na divisa entre Pernambuco e Bahia. De acordo com o último boletim divulgado pela secretaria de saúde, a rede registra ocupação de 42% nos leitos de UTI, com 66 unidades disponíveis.
Vacinação
Ainda segundo a secretaria, mais de 95% da população com mais de 18 anos já tomou a primeira dose da vacina. Os imunizados completamente, com duas doses ou dose única, somam 45.295 pessoas, o que representa 53% da população total. Atualmente, a cidade possui 81 casos ativos.
Juazeiro contabiliza 380 mortes por coronavírus e 18.441 casos confirmados desde o início da pandemia. A letalidade da doença na cidade é 2,22%, taxa menor do que a média nacional. De acordo com a Sesab, nenhum caso da variante delta, versão mais contagiosa do vírus, foi registrado até hoje no município.
Volta à normalidade
O avanço da vacinação na cidade de Juazeiro e a volta das atividades presenciais têm feito com que as pessoas deixem de tomar os cuidados necessários para a contenção da pandemia, como distanciamento social e uso de máscaras. A situação, agravada pela lotação dos leitos de UTI no Hospital Regional, vem preocupando os moradores.
A estudante da UNEB Jéssica Cardoso, 23, é uma dessas pessoas. A jovem, que teve pessoas próximas que perderam a vida por conta da covid-19, afirma que na cidade a sensação que se tem é que não existe mais pandemia. “A situação é alarmante. Se temos o mínimo de acesso às notícias e à realidade, percebemos que o cenário é completamente diferente, a covid não foi embora e a doença ainda não acabou”, afirma Jéssica, que só tomou uma dose da vacina até agora.
A jovem lembra ainda que o fluxo de pessoas que transitam diariamente entre Juazeiro e Petrolina, através da Ponte Presidente Dutra, é “normal, como no tempo antes da pandemia”. Vale ressaltar que o número de casos em Petrolina, em Pernambuco, tem aumentado consideravelmente. Segundo o último boletim divulgado pela secretaria de saúde, na terça-feira (19), a cidade registrou 116 novos casos, o maior número desde o dia 18 de junho.
Quem também se preocupa com o cenário da covid em Juazeiro é Ana Rita Dias, de 21 anos. Apesar de seguir os protocolos de saúde ao frequentar a academia e a igreja, a moradora afirma que conhece muitas pessoas que não estão mais preocupadas com a pandemia: “Todo final de semana tem festa, as pessoas acham que se já tomou as duas doses da vacina tá curado”.
Jéssica Cardoso também diz ter percebido o aumento no número de festas e aglomerações: “A maior parte das pessoas que estão na rua é por necessidade de trabalho, mas tenho percebido mais festas. Nem sempre são festas grandiosas, às vezes são as pequenas aglomerações na rua, com carro de som e paredão. Até mesmo a orla da cidade fica com um contingente de pessoas que já é preocupante”.
Apesar de festas do tipo paredão estarem proibidas pelo governo do estado em toda a Bahia, estão liberadas festas com até 1.100 pessoas, sendo necessária a apresentação do certificado de vacinação.
Fonte: Correio *Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro