O único deputado federal da Bahia que mudou de posição no segundo turno da votação da PEC dos Precatórios, Félix Mendonça Jr. provocou os senadores conterrâneos, que terão a missão agora de apreciar e votar a matéria, aprovada na noite desta terça-feira (9) por 323 votos a 172.
“Agora cabe ao Senado, vamos ver como se comportam os senadores baianos, já que até os filhos dos senadores [na verdade, do senador Otto Alencar-PSD, e do vice-governador da Bahia, João Leão], votaram a favor, que o governador chamou os filhos de traíra”, alfinetou.
o presidente estadual do PDT destacou que somente o partido mudou a orientação. O PSD, do senador e aliado do governador Rui Costa (PT), Otto Alencar, todos votaram a favor da proposta, exceto Paulo Magalhães. Inclusive o filho de Otto, Otto Alencar Filho, que deu o seu voto pela aprovação.
O mesmo aconteceu com o PP, aliado do governo do PT na Bahia e que tem como representante o vice-governador João Leão. Ronaldo Carletto novamente se ausentou da votação, mas Mário Negromonte Jr., Cláudio Cajado e Cacá Leão, filho de João Leão, marcaram ponto pró-governo.
Entre os pontos articulados pelo presidente da Câmara, Arhur Lira (PP-AL), para garantir que a matéria passasse, estava o prazo de parcelamento dos precatórios do Fundef, que atinge especificamente estados do Nordeste. Só a Bahia tem cerca de R$ 9 bilhões em dívidas da União relacionadas à educação.
Para Félix Mendonça Jr., a irritação do governador Rui Costa (PT) com a posição de aliados a favor da PEC, foi somente visando a parte financeira.
“O governador só queria fazer um acerto agora onde ele recebesse os precatórios de imediato. O governo da Bahia só tá interessado em receber o dinheiro, fundamentos não tem nenhum”, criticou o deputado federal, que compara a postura à mesma adotada por Rui quando trata dos combustíveis.
Um possível acordo, inclusive, foi motivo de rusgas entre Otto e Rui Costa. O senador diz que o conversou com o governador e que ele estava ciente do acerto para o parcelamento dos precatórios do Fundef, sem entender o motivo do rompante de ter chamado os deputados aliados de “traíras”.
“A mesma coisa eu vi cobrando da gasolina, dos combustíveis, o governo federal, a Petrobras. Eu concordo que a Petrobras deveria fazer em real o preço da produção, mas o governo poderia sim reduzir o ICMS. Não faz nada e ainda reclama da Petrobras?”, critica Félix, hoje líder do partido aliado ao governo Bruno Reis em Salvador e que no último ano deixou de vez a base de Rui no estado.
COERÊNCIA
Apesar do “recuo” do PDT, que fechou questão sobre a matéria, alguns deputados não mudaram o seu voto, diferente de Félix, entre eles o conservador Alex Santana (BA). Membro da bancada evangélica, ele já teve a expulsão da sigla anunciada pelo presidente nacional Carlos Lupi, pelo alinhamento público a Bolsonaro.
A gota d’água foi a participação dele e do deputado estadual da Bahia, Samuel Júnior, no ato pró-governo no 7 de setembro.
Para Félix, o seu voto seguindo o partido, e o voto contrário de Alex Santana, já eram esperados e mostram “coerência” dos dois parlamentares.
“Praticamente só o PDT que recuou. Os partidos mantiveram e na Bahia eu fui a única mudança. Alex Santana é indiferente. A primeira votação ele não acompanhou o partido, acompanhou o governo. Agora o partido orientou o contrário e ele continuou seguindo. Ele manteve a coerência dele, eu mantive a minha coerência […] não tem como piorar, ele já ta em processos de expulsão. É um bolsonarista”, resume.
Fonte: Bnews