Em Conceição do Coité o movimento ao cemitério teve inicio logo depois da missa, e embora o cenário seja de tristeza os familiares dos mortos procuram ornamentar as sepulturas para receber as visitas.
Um fato marcante acontece há cinco anos com o médico oftalmologista Daudeth Pastor, 82 anos, um dos primeiros da Bahia no ramo e permanece até hoje atuando. Ele mandou edificar um memorial ás margens da BA 411 trecho Coité / distrito de Salgadália, para homenagear seus pais Zeferino Gonçalves Pastor, falecido em 10 de dezembro de 1973 aos 89 anos, e sua mãe Maria da Silva Pastor, que morreu em 03 de setembro de 1975. Zeferino foi um dos fundadores da cidade e forte comerciante em loja de tecido da época. Daudeth conta que o desenvolvimento de Coité teve inicio em 1914, mas só foi emancipado em 1933.
Zeferino foi um homem muito conservador e tinha um zelo muito grande pelos seus bens, e se alguém fizer uma avaliação dos cuidados que seu filho vem tendo nos dias atuais revela o capricho de outrora. A Fazenda Lira Dantas fica a 10 km do centro de Coité e esteve aos cuidados dos herdeiros até o ano de 2005, no total de 70 anos, quando foi vendida. Mas segundo informou o médico ele reservaria um local para ser construído o memorial em frente à cerca próximo a rodovia, cuja escritura continua em nome de Zeferino, o espaço mede aproximadamente 28 metros quadrados. Daudeth fez questão de revelar que a propriedade de 900 tarefas, esteve em nome do seu pai até quando foi vendida em 2005.
Casal Zeferino Gonçalves Pastor e Maria da Silva Pastor “Pelo exemplo de virtudes, de moral, de dignidade cristã e trabalho implantado nesta área impulsionando seu desenvolvimento por mais de 70 anos“, frase escrita na placa do memorial.
Outra grande marca na historia de Zeferino foi sua Rural ano 64. Segundo os historiadores ele não ultrapassava a velocidade de 10 km/h. O veículo só circulou pela cidade enquanto ele esteve vivo. Familiares resolveram então “aposentar” o Rural que foi colocando numa garagem e com a morte da sua mãe e a saída de todos os filhos para morar fora de Coité, vândalos aproveitaram a casa sem moradores e passaram a furtar assessórios do carro.
Ao perceberem a ação dos vândalos, eles resolveram levar o carro para a fazenda, pois lá estaria sob os cuidados dos vaqueiros e ao lado da casa improvisaram uma garagem para evitar o desgaste mais rápido. Para a surpresa de muitos, o rural depois que a fazenda foi vendida um acordo com Daudeth e o novo proprietário Ernandes Ramos, sugeriu que o velho rural fosse enterrado no mesmo local que estava. Segundo Daudeth o ferrugem tinha devastado por completo e ele acatou a idéia de cavar um buraco e “sepultar” o veículo usado pelo seu pai.
Cemitério sem cruz e sem velas
As pessoas que tem parentes sepultados no cemitério do povoado de Santa Rosa, a 7 km do centro de Coité não cumprem o mesmo ritual de quem vista outros cemitérios. É que o único cemitério da comunidade pertence à Igreja Assembléia de Deus e a sua cultura não permite homenagens usando cruz e velas.
A dona de casa Dulce de Lima Costa, viúva de Francisco Sales Batista Costa, falecido há cinco anos, comprou o espaço junto à igreja, mas segundo ela, mesmo não sendo evangélica, respeita e se limita a colocar flores.
A História do dia de finados – O dia 2 de novembro passou a ser atribuído às celebrações dos finados a partir do século XIII, logo após a festa de “Todos os Santos”, comemorada no dia 1º de novembro, para celebrar todos os que morreram em estado de graça e não foram canonizados. Já o “Dia de Todos os Mortos” celebra aqueles que morreram e não são lembrados na oração.
As comemorações no Brasil estão inter-relacionadas com a Igreja Católica, sendo marcada por peregrinações aos cemitérios, onde as pessoas rendem homenagens póstumas a seus entes queridos.
No dia de Finados, as pessoas costumam enfeitar os túmulos de amigos e familiares com flores, além de acenderem velas e participarem de missas em memória daqueles que já se foram.
Por: Raimundo Mascarenhas * fotos e texto