A poucos dias para o Carnaval, a Bahia tem registrado queda na taxa de positividade dos testes de detecção do coronavírus. A diminuição chega a 34,35 pontos percentuais nos testes do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-BA) e 31 pontos percentuais em laboratórios particulares da capital baiana. Enquanto isso, o estado se encontra em um platô (estabilização) no número de casos ativos de covid-19. Dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) apontam que são 13.683 casos no estado.
Nos pontos onde é possível fazer o teste gratuitamente na capital baiana, houve um aumento no número de testes ofertados entre a segunda e a terceira semana deste mês. Na mais recente, 46% dos 5.444 testes feitos deram positivo, o que representa uma diminuição em comparação a taxa de 66% testes com resultados positivos da semana anterior. Entre os dias 6 e 12 de fevereiro, 5.273 testes foram feitos.
Nesta terça-feira (22), foi iniciada a testagem rápida na prefeitura-bairro de Itapuã. Outro ponto itinerante seguirá com a oferta do serviço na praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba. Além desses locais, 38 unidades básicas de saúde realizam a testagem diariamente, com o teste do tipo antígeno. A relação de todos os pontos está disponível do site da SMS (www.saude.salvador.ba.gov.br/).
Os testes liberados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-BA) na última semana epidemiológica, entre os dias 13 e 19 deste mês, apontam que do total de exames feitos, 39,18% deram positivo. O número é bem menor do que positividade de 73,53% dos testes realizados na penúltima semanada epidemiológica, durante os dias 6 e 12.
A diretora-geral do Lacen-BA, Arabela Leal, detalha que o número de testes liberados pelo laboratório também diminuiu nas duas últimas semanas. Enquanto que na mais recente foram 12.011, na outra haviam sido 37.657, praticamente três vezes mais. Arabela explica que a divergência no número foi decorrente de um atraso na liberação dos testes.
“Nas últimas duas semanas, por conta da malha aérea nacional, nós tivemos um atraso no envio de reagentes por parte do Ministério da Saúde. Isso fez com que tivéssemos um atraso, ao invés de liberarmos resultados em 48 horas, nós passamos para 72 horas. Mas isso já está normalizado e estamos entregando em um dia ou menos”, explica a diretora.
Mesmo com a queda de positividade, a diretora diz que é preciso ficar atento aos números e que ainda é cedo para afirmar que o cenário vai se encaminhar de fato para uma diminuição de casos de covid-19 na Bahia: “Os dados estão se movimentando, então precisamos aguardar mais um tempo”. Há duas semanas, no dia 4, o estado chegou à marca de 36.955 casos ativos. Neste mesmo dia, a taxa de positividade do Lacen-BA estava em 66,41%.
Particulares
Outro levantamento, dessa vez realizado em laboratórios particulares, também aponta para a tendência de diminuição de testes com resultados positivos. A LPC vem registrando desde o início do mês, nos laboratórios de Salvador e Região Metropolitana, queda na positividade. Na primeira semana de fevereiro os testes positivos eram metade de todos os realizados. Na segunda, a taxa de positividade caiu para 41% e na terceira esteve em 19%.
O recorde de testes de covid-19 dando resultado positivo do LPC foi em janeiro, quando taxa de 53%. Até dezembro de 2021, a positividade média dos laboratórios era de cerca de 5%. Já um levantamento feito pela rede Dasa, responsável pelos laboratórios Leme e Image Memorial, indica que a média semanal de positividade da região Nordeste caiu em 20 pontos percentuais na comparação com a penúltima semana (dias 5 e 11 de fevereiro).
A maior positividade registrada pela Dasa na Bahia foi no dia 24 de janeiro, com taxa de 65,83%. No domingo (20), os testes positivos realizados pela Dasa no estado foram 23,08% do total. “Com as festas de fim de ano, houve uma explosão da variante Ômicron, que é altamente transmissível. Hoje, podemos ver uma queda bem importante no número de casos e na positividade também, mas justamente pela facilidade de contágio dessa variante, precisamos manter os cuidados” afirma José Eduard Levi, virologista da Dasa.
Os dados demonstram o que as pessoas comprovam nos seus ciclos de pessoas próximas no dia a dia: enquanto que algumas semanas atrás quase todo mundo conhecia alguém contaminado com covid-19, agora o cenário continua de alerta, segundo especialistas, mas são menos pessoas infectadas pela doença.
No cenário nacional, a situação também se repete. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostram uma queda no número de testes de covid-19 feitos no país. Entre os dias 24 de e 30 de janeiro, foram 390 mil, enquanto que na segunda semana de fevereiro, o número caiu para 160 mil.
A positividade acompanhou a diminuição da testagem, se na última semana de janeiro a taxa era de 60% no Brasil, entre os dias 7 e 14 de fevereiro, 43% dos testes deram positivo, segundo a associação.
Em média, Bahia registra 52 mortes em decorrência da covid-19 por dia
Na semana em que a quantidade de testes positivos e o número de casos diminuíam no estado, o acumulado de óbitos em decorrência da covid-19 crescia. Entre os dias 14 e 20 de fevereiro, 364 vidas foram perdidas por causa da doença, o que equivale a uma média de 52 mortes por dia na Bahia.
A média representa um aumento de 37 pontos percentuais no número de mortes registrados na primeira semana de fevereiro, quando 236 pessoas vieram a óbito. O professor da Universidade Estadual de Feira de Santana e coordenador do Portal Geocovid, Washigton Franca, explica que existe um atraso em relação ao número de casos e mortes na infecção por covid-19, por isso que mesmo quando os casos ativos caem, os óbitos demoram a seguir a mesma tendência.
“O alto número de mortes é reflexo do elevado número de infectados e da cobertura vacinal incompleta. É um efeito estatístico, quanto maior o número de casos, maior o número de óbitos. Mas há um delay (atraso) entre casos e óbitos”, afirma o professor.
De acordo com Franca, a tendência de queda nos casos não deve se concretizar e o platô deve persistir durante as próximas semanas, devido às festas de Carnaval. “Eu não diria que está em queda, pois a curva de casos mostra um platô. O que supomos é que esse platô deve se prolongar motivado pelos feriados do Carnaval, mesmo sendo parcial. Oficialmente não haverá feriados, mas na prática diversos setores não irão funcionar”, acrescenta.
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) da segunda-feira (21), 359 pessoas se encontram internadas em leitos de UTI exclusivos para covid-19 no estado, o que representa uma ocupação de 58%. A taxa de ocupação dos leitos infantis é de 93%. Em Salvador, a ocupação 49% nos leitos para adultos e 93% nas UTIs para crianças.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.
Fonte: Correio