A velha polêmica relacionada à solicitação exagerada de exames médicos nunca foi tão atual, já que a quantidade de procedimentos prescritos de forma aleatória, sem base científica ou necessidade, ultrapassa qualquer limite razoável.
Esta afirmação é fruto de uma reflexão recente do urologista Augusto Modesto, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-BA), que define essa realidade como uma verdadeira epidemia da contemporaneidade. Muito além do desperdício de recursos financeiros, que acaba voltando para o paciente na forma de aumento das mensalidades dos planos de saúde, o especialista alerta que realizar exames preventivos desnecessários representa riscos à saúde.
Segundo o profissional, um bom exemplo são os Raios-X e as Tomografias Computadorizadas, cujo efeito cumulativo no organismo pode danificar tecidos celulares. Além disso, “poucos pacientes na faixa dos 35 anos precisam fazer endoscopia ou colonoscopia, por exemplo, mas o que se vê é uma enxurrada de pedidos que não consideram protocolos. Isso sem falar nos infinitos exames de sangue prescritos de modo aleatório”, frisou o médico.
Ao defender que o cuidado da saúde vai muito além de procurar por doenças, o especialista lembra que, além de efeitos adversos na saúde física, a realização exagerada de exames pode afetar a saúde psicológica do paciente, por gerar ansiedade e/ou estresse desnecessários. Para evitar essa pressão, Augusto Modesto elenca algumas atitudes que podem ser adotadas.
A primeira delas é ter um médico de referência, que acompanha o histórico de saúde do paciente e considera faixa etária, morbidades, sintomas e outras particularidades na hora de solicitar exames. Outra atitude importante é levar exames anteriores para as consultas, a fim de não repeti-los sem motivo. Por fim, vale adotar uma postura proativa e investigar a real necessidade de realização de alguns exames. “Perguntar ao médico a razão de cada pedido não significa que a pessoa duvida dos conhecimentos do profissional. Revela apenas que o autocuidado inclui o consumo consciente dos serviços de saúde”, finalizou o médico.
Por: Carla Santana