O território do sisal composto por 20 municípios ainda não tem 2 anos com o Serviço Movel de Urgência – SAMU 192 em funcionamento, em compensação foi onde começou no ano 2009 o brilhante trabalho da Brigada Voluntária Anjos da Vida, que rendeu reconhecimento e repercussão nacional, inclusive recebeu uma semi-UTI móvel do Programa do Ratinho.
A brigada voluntária de Coité inspirou outras cidades que também não tinham o SAMU e hoje, mesmo com a cobertura, os socorristas voluntários continuam prestando os mesmos serviços de primeiros socorros, e vão além do SAMU, quando estão prontos para atenderem no combate a incêndio, captura de animais, tapa buraco em rodovias, afogamento, retirada de colmeias de abelhas, entre outros.
O que muita gente não entende é a falta de apoio mais consistente por parte dos poderes públicos e de empresários.
O Calila Notícias esteve recentemente na sede do Águia Resgate, mais um grupo de socorristas voluntários de Coité que tem um cidadão paraplégico como fundador, o Gildo Carneiro, ele que vendeu seu carro adaptado para comprar uma ambulância que também ganhou adaptação para ele dirigir.
Coité tem SAMU desde março de 2021, mas os grupos de socorristas voluntários continuam da mesma forma, mesmo no sacrifício de ter que saírem para prestar socorro com a luz da reserva de combustível acesa.
O Águia Resgate possui equipamentos importantes no combate a incêndio, mas segundo Gildo Carneiro caso precise agora não consegue o apoio para fazer uso das bombas e mangueiras especiais, não tem combustível, tem roupa especial usada pelo apicultor no manuseio das colmeias de abelhas, sua equipe tem atuado para remoção no sentido de evitar que elas ataquem as pessoas.
Tem equipamentos importantes usados pelo Corpo de Bombeiros para retirar vítimas das ferragens dos veículos envolvidos no acidente, tem o desfibrilador, aparelho usado para, no caso de uma parada cardiorrespiratória, restabelecer o ritmo cardíaco do paciente, tem 23 cidadãos e cidadãs abnegadas que tiram algumas horas somente para tentar ajudar de maneira voluntária, por tudo isso tem recebido elogio, Moção de Aplauso na Câmara que para eles é muito importante, mas precisam mais que isso.
“Não quero dinheiro, não precisa mandar dinheiro, nos dê o que for necessário para trabalhar, um colar cervical custa trinta e cinco reais, é usado sempre em vítimas de acidente com risco de lesão na coluna, precisamos que alguém se prontifique ajudar no lanche da turma de plantão, que não deixe a gente fazer uma viagem para socorrer alguém correndo risco de ficar no meio do caminho por falta de combustível, que dê manutenção nas ambulâncias adquiridas com nossos esforços”, falou Gildo.
Ele relatou que na última quarta-feira, 04, quando se dirigia para socorrer duas vítimas de acidente em Juazeirinho, colocou do próprio bolso R$ 20, menos de 3 litros e foi prestar socorro correndo risco de ficar no meio da estrada.
Vilma é esposa, mãe de três filhos, o mais novo tem 1 ano e 7 meses, trabalha na reciclagem, mas sempre encontra tempo para se dedicar ao trabalho voluntário. Veja o depoimento dela
O coordenador do Águia disse ao Calila que a Prefeitura já contribui com pagamento do aluguel da base, 30 litros de combustíveis/mês, e alguns matérias hospitalares, mas não é suficiente, segundo ele o prefeito da cidade Marcelo Araújo se comprometeu ajudar mais o grupo, porém até o momento não se manifestou.
Gildo disse que tem a contribuição de um atacadista de frutas e verduras que doa semanalmente, uma pizzaria, e algumas casas comerciais que permitem deixar uma lata para receber doação.
Gildo disse que sua vida se transformou quando perdeu os movimentos das pernas em um acidente de moto, que ainda assim sendo um cadeirante que contribuir para ajudar outras vítimas e paralelo a isso evitar uma depressão caso venha se sentir inútil. “Outro motivo forte que me faz está aqui, é por entender, ter quase certeza que por falta de experiencia das pessoas que me socorreram, sem nenhum conhecimento acabou me prejudicando e perdendo os movimentos das pernas. Minha equipe é treinada, cada membro passou por curso para ficar apto o atendimento de primeiros socorros”, contou Carneiro.
A realidade da dificuldade dos grupos de socorristas é a mesma. Na noite deste domingo, 08, Anjos da Vida divulgou um card em redes sociais que está suspenso qualquer atendimento por falta de combustível.
Algumas pessoas tem contribuído com o Águia Resgate através destas opções abaixo