A decisão de venda ou não de uma possível SAF do Bahia para o Grupo City ainda será tomada pelos sócios do clube, mas, nos bastidores, o fundo árabe e a diretoria do Esquadrão já planejam os rumos do futebol em 2023 sob a administração estrangeira.
Durante entrevista ao podcast ‘Dinheiro em Jogo’, do jornalista Rodrigo Capelo, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, contou que teve nesta semana as primeiras reuniões com os representantes do Grupo City para tratar sobre o perfil de atletas e contratações.
Bellintani explicou que as decisões, obviamente, só serão tomadas caso a venda seja aprovada. Além disso, nomes para cargos como treinador e diretor de futebol ainda não entraram em pauta – atualmente o clube conta com Enderson Moreira e Eduardo Freeland nas respectivas funções. O planejamento nesse sentido deve ganhar corpo após a Série B do Brasileirão, que termina no dia 6 de novembro.
“Não temos [nomes para ocupar cargos diretivos]. Estamos indo de cima para baixo. Concluímos nesta semana o grande documento, de mais de 500 páginas, com muitos anexos, que sintetiza um ano de trabalho. O que há em relação ao comando de futebol é o entendimento de que, concluída essa etapa, precisamos pensar nisso. Temos um treinador hoje que está com a missão de subir o Bahia para a Série A e todo profissional que está no clube hoje merece o nosso respeito”, iniciou Bellintani.
“Naturalmente, a gente planeja o clube para o ano que vem, decidimos planejar já com a SAF. Começamos a fazer as reuniões de planejamento, mas não começou a falar de treinador, pois temos um no clube, não começou a falar de diretor de futebol, pois temos um. Mas começou por característica de elenco, qual time que queremos para o ano que vem, os jogadores que estão aqui no clube e têm contrato, se vamos permanecer ou não. Os que não têm contrato, como podemos fazer para permanecer com eles, se interessar. Um processo que temos dois ou três meses para planejar, mas entendendo que só vai ter o botão apertado, e aqui entenda decisão tomada, dinheiro gasto, cheque assinado, a partir da aprovação”, completou.
Durante a conversa, o dirigente também revelou que atletas que pertencem ao Grupo City foram colocados como possibilidade de integrar o elenco em 2023. No entanto, ele explica que as movimentações de jogadores dentro do conglomerado não acontecem de maneira automática. É preciso negociar cada caso.
“Criamos uma agenda positiva no sentido de que, se a SAF for aprovada, principalmente se for no mês de dezembro, conseguiríamos fazer negócios que impactem no ano que vem. Na primeira conversa que tivemos já veio o tema de alguns jogadores que pertencem à plataforma, mas que não é assim, estala o dedo e vem de graça. Não é assim que funciona. Os outros clubes têm interesse econômico e orçamento para ser cumprido. Foi um exemplo muito prático na conversa que tive, a primeira de planejamento. O planejamento está condicionado a fechar ainda esse ano”, completou.
Intercâmbio de jogadores
O intercâmbio de atletas entre os 11 clubes que fazem parte da rede de gerenciamento do Grupo City é analisado como positivo pelo Bahia. Mas Bellintani afirma que, como as negociações ocorrem de acordo com os interesses do fundo investidor, nem sempre os clubes serão completamente beneficiados. O dirigente lembra que há um equilíbrio nas relações e que a promessa do grupo é a de que o Bahia ocupe o segundo lugar na cadeia, abaixo apenas do time de Manchester.
“É uma possibilidade real de que as transações entre os clubes sejam feitas conforme os interesses de cada clube em determinado momento. É uma ilusão nossa achar que o Bahia vai ser beneficiado com um jogador que vem do City Torque, por exemplo, e não querer que o Girona, o Manchester ou o New York eventualmente, a depender da circunstância, seja beneficiado com um jogador que saia do Bahia. A lógica de estar em uma plataforma multiclubes é uma lógica de cooperação que às vezes você perde um pouco e às vezes você ganha um pouco”, disse.
“Vou dar um exemplo. O New York está precisando de um lateral e nós temos um lateral que se encaixa no perfil que eles querem. Eles preferem trazer o lateral daqui do que comprar um outro no mercado. Ao mesmo tempo significa que se o Bahia precisa de um camisa 10 e o City Torque tiver um camisa 10, isso também vai acontecer. Na mesma sinceridade que a gente escolheu desde o começo, às vezes vai ter uma negociação interna dentro do grupo que vai nos prejudicar e às vezes vai ter alguma que vai nos favorecer”, finalizou.
A proposta oficial realizada pelo Grupo City para ter o Bahia entre as suas franquias foi apresentada na última sexta-feira (24). No acordo, o fundo estrangeiro promete aportar R$ 1 bilhão no tricolor ao longo de um contrato de 15 anos. O dinheiro será usado para o pagamento de dívidas, contratações de atletas, reformas estruturais, investimentos em categorias de base e outros.
O documento será analisado pelos Conselhos Deliberativo e Fiscal do Esquadrão. Após emissão de parecer, os sócios vão votar em Assembleia Geral pela venda ou não do clube, que teria 90% das ações da SAF sob controle do Grupo City.
Fonte: Correio