Nos últimos 4 anos a dona de casa, atleta e instrutora de artes marciais, Edna dos Santos Araújo, 45 anos, natural do município de Valente e residente em Conceição do Coité há mais de 8 anos, tem passado por grande dificuldade tanto física quanto emocional em razão dos sérios problemas de saúde que têm enfrentado e a falta de apoio da empresa que ela trabalhava quando sofreu o acidente, de maneira que se viu obrigada a acionar judicialmente e aguarda uma decisão definitiva.
Edna recebeu a equipe do Calila Notícias na tarde de terça-feira, 18, um dia depois de participar de uma audiência na Vara do Trabalho em Coité, onde um grupo se concentrou em frente ao setor jurídico portando faixas de apoio. Houve a audiencia com a presença de representantes da empresa, mas segundo ela, foi oferecido um valor muito abaixo da realidade, não aceitou e aguarda com expectativa a decisão judicial prevista para o fim do mês de julho próximo.
Acostumada com uma vida dedicada ao esporte na condição de atleta, Edna precisou deixar de lado o tatame e nos últimos anos vive a triste rotina de cadeirante. Ela disse ao CN que trabalhava em um provedor de Internet que preferiu não citar o nome, no dia 08 de junho de 2020, quando descia de um apartamento de primeiro andar para seu local de trabalho, desequilibrou-se e caiu, ”imediatamente eu liguei pra empresa avisando, mandaram uma pessoa para ver se o que eu disse era verídico, insinuaram que eu tinha me jogado, ai um funcionário da loja do térreo, me colocou no carro e me levou para o Hospital onde fiquei internada, o médico plantonista mandou que eu procurarasse um especialista. Meu pé estava roxo, me consultei com um especialista que pediu uma ressonância e antecipou que minha lesão era muito grave”, contou Edna.
Ainda de acordo com a mulher, na época do acidente estava iniciando o pico da pandemia do novo Coronavírus, diante disto, vinha trabalhando em home office, ou seja, as pessoas naquela ocasião estavam trabalhando em casa e a empresa tinha forçado ela trabalhar presencialmente e ao sair de casa sofreu a queda. ”Eu culpo a empresa, porque eu cair após ser obrigada a sair de casa quando no período as autoridades pediam para que todos ficassem em casa”, lembra a ex-funcionária.
“Demorou de fazer a ressonância por conta da própria pandemia e quando chegou o resultado, cerca de sessenta dias depois, deu uma lesão no nervo fibular e todos os ligamentos do pé. Eu nunca sentir tanta dor, dali em diante não andei mais, foi piorando, mais de dois anos indo pra Salvador para tratar e fazer a cirurgia que também demorou por que na ocasião só era realizado procedimentos considerados de grande urgência”.
Sem o apoio financeiro nem mesmo para comprar medicamentos conforme relatou a vítima, e vendo a necessidade da cirurgia para que o seu problema não se agravasse ainda mais, familiares e amigos iniciaram uma campanha de arrecadação, na ocasião até alguns jogadores de futebol profissional gravaram vídeos pedindo ajuda e em dois meses foi arrecadado R$ 46 mil, o suficiente para pagar a dois médicos que saíram de São Paulo para Salvador e ao hospital onde foi feito a cirurgia, procedimento que segundo Edna foi fundamental para evitar a propagação da lesão e manter a esperança de após nova cirurgia voltar a andar. A decisão de acionar a empresa judicialmente ocorreu dois anos depois do acidente quando percebeu que seu caso foi completamente ignorado e na primeira audiência o juiz ordenou que fosse realizada a perícia, “o que me revolta é que eu saí de casa meia noite pra fazer a perícia e a empresa me mandou um comunicado pedindo pra eu não fazer a perícia, isso quando eu já estava a caminho de Salvador”, disse a ex-funcionária.
De acordo com Edna, pra piorar a sua situação, ela foi demitida sem ter dado baixa na carteira o que impediu que recebesse alguns benefícios, hoje precisa comprar medicamentos caros e muitas vezes deixa de lado a compra do alimento para não faltar um remédio que custa quase R$ 500. Ela disse tomar 13 medicamentos diferentes diariamente.
Ela mora com o esposo Gutemberg que faz tudo dentro de casa, inclusive o banho dela e que precisar. Disse que teve um momento que pensou em desistir de viver, quando lembra que tinha uma vida tão ativa, atleta que aos 20 anos de idade já tinha conquistado três competições nacionais, que abriu uma academia e realizava trabalho voluntário, que esteve até na França acompanhando dois jovens de Coité em uma competição.
Por fim, Edna disse que a expectativa agora é para realização de uma nova cirurgia de rizotomia para correção dos nervos que estão sendo comprimidos abaixo de medula como a única esperança de voltar a andar, “mas não é certeza, eu estou vivendo uma experiência médica, porque fui informada que o meu caso, o que se tem conhecimento é da existência de 25 pessoas no mundo inteiro, algo considerado muito raro”, finalizou Edna.
Mesmo o nome da empresa em questão não ter sido citado, o Calila Notícias deixa o espaço aberto caso a diretoria deseje se manifestar.