De acordo com análise da Folha de S.Paulo a partir de dados da Raps (Rede de Atenção Psicossocial) do SUS de 2013 a 2023, pela primeira vez no Brasil, os números de casos entre pessoas com 10 a 19 anos superaram os dos adultos. Enquanto a incidência de transtornos de ansiedade entre pessoas com mais de 20 anos está 112,5 a cada 100 mil habitantes, este número salta para 125,8 entre jovens de dez a 14 anos e alcança 157 entre adolescentes. Essa mudança coloca os jovens na dianteira de uma crise de saúde mental que escalou de forma alarmante, superando os adultos em 2022.
A psicóloga Laryssa Galvão ressalta que o quadro é responsável por afetar, não apenas o bem-estar emocional dos jovens, mas também seu desempenho acadêmico e suas relações pessoais. Por conta deste quadro, a especialista aponta que entender as causas e os impactos desse fenômeno é crucial para oferecer o suporte necessário e promover um desenvolvimento saudável durante a adolescência.
“Embora a maioria dos adolescentes desfrute de boa saúde mental, diversas transformações físicas, emocionais e sociais, como exposição à pobreza, abuso ou violência, podem aumentar a vulnerabilidade deles a problemas de saúde mental. Por isso, é essencial promover o equilíbrio psicológico e protegê-los de experiências adversas e fatores de risco que possam prejudicar sua capacidade de se desenvolver plenamente”, alerta.
Os adolescentes podem experimentar uma variedade de sintomas ao lidar com a ansiedade, como dificuldades para adormecer ou insônia, sentimentos frequentes de inquietação ou nervosismo, dores de cabeça, dificuldade de concentração, desconfortos abdominais ou sensação de náusea.
“Além disso, você pode se sentir irritável, suar excessivamente, ter batimentos cardíacos acelerados, formigamento nas mãos ou sensação de tontura. Outro sintoma comum é a dificuldade em controlar preocupações persistentes ou pensamentos intrusivos, além de evitar situações cotidianas por causarem ansiedade. Esses sinais indicam a importância de buscar apoio para gerenciar a ansiedade e promover o bem-estar mental”, pontua a psicóloga.
De acordo com o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela Organização Mundial da Saúde, o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo. Aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Em seguida, aparece o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%).
A especialista esclarece que a ansiedade frequentemente surge de uma combinação entre fatores genéticos (histórico familiar) e ambientais (eventos de vida). “Os transtornos de ansiedade são comuns e afetam muitas pessoas. A melhor atitude que você pode tomar é compartilhar seus sentimentos com alguém de confiança. Conversar com pais ou responsáveis, professores, amigos ou outro adulto próximo, além de consultar um médico. Eles podem oferecer suporte e ajudá-lo a encontrar estratégias para lidar com isso”, observa.
Já sobre o tratamento, Laryssa explica que deve existir a oferta de serviços por equipes supervisionadas e treinadas para lidar com as necessidades específicas dos adolescentes, enquanto a prescrição de medicamentos psicotrópicos deve ser cuidadosa e reservada apenas para casos de saúde mental moderada a grave.
“Quando as intervenções psicossociais se mostrarem ineficazes e forem clinicamente recomendadas, sempre com consentimento informado. O tratamento deve ser supervisionado por especialistas e acompanhado de perto para mitigar potenciais efeitos adversos”, alerta.
Fonte dos dados: https://www1.folha.uol.com.br/
Assessoria de Imprensa
Maria del Carmen González Azevêdo
Hillary Fonseca