Em abril 2008 um encontro do escritor e poeta coiteense Carlos Neves e o maior humorista brasileiro de todos os tempos Chico Anysio durante um Congresso em Brasília cujo tema era voltado para o mundo do circo, deixou o poeta fascinado com o apoio recebido do artista ao apresentar seu livro que seria lançado com o titulo ” O Palhaço do Circo Quadrado” que ganhou elogio e autografo do comediante e “para mim a grande honra foi ele pegar meu livro, colocar sobre seu peito e pousar para fotografia.
Carlos Neves disse que sempre o admirou e daquele dia para cá aumentou sua admiração pela simplicidade de um cidadão que o recebeu na Rede Globo/Brasília com muita atenção e o tratou de meu amigo e meu colega.
Neves em entrevista para o Calila Noticias disse que o Brasil fica sem graça com a morte do seu maior humorista que inspirou gerações no humor nacional.
Leia na íntegra texto escrito com exclusividade para o CN para homenageá-lo
Devemos estar preparados para que quando nos for dada alguma oportunidade podermos agarrá-la como quem sobe em um coqueiro, ou seja, segurá-la firme com mãos, braços e pernas; em outras palavras, “com unhas e dentes”.
No dia em que ouvi o jogador Neimar, da equipe do Santos e da seleção brasileira, ter a humildade de dizer que se sentia tímido quando jogava ao lado de seu ídolo Ronaldinho Gaúcho e, ainda, na semana passada, quando estive com o um ex-atacante do Vasco da Gama e de diversas equipes, inclusive no exterior e atualmente dirigente de futebol do Ceará, o baiano Zezinho, da cidade Macaúbas, e o ouvi dizendo que quando atuou na Fonte Nova, ao lado de Romário, tremia de emoção e toda bola que pegava só pensava em chamar a atenção do seu craque, imediatamente lembrei-me de quando eu, escritor principiante, fui agraciado por Deus na oportunidade de ficar cara a cara com o ícone do humor brasileiro, o multi artista Chico Anysio, numa sala da Rede Globo, em Brasília, quando o mesmo fazia uma entrevista para o Jornal DFTV da emissora supracitada e eu ali estava para falar do lançamento do meu livro “O palhaço do Circo Quadrado” e da minha participação do Primeiro Congresso Nacional do Circo Brasileiro, realizado no Auditório Freitas Nobre.
Minha emoção foi indescritível… O senhor Bentes, empresário que o contratara, juntamente com o seu filho, para fazer um show naquela capital, apresentou-me ao mestre Chico Anysio e, a partir daquele momento, eu já estava me sentindo em “Chico City”. Eu sabia que não estava me deparando ali com um bicho-de-sete-cabeças, mas com um homem-cabeça que se multiplicou em 209 personagens e mais de trezentos tipos. Bicho, haja cabeça! Não perdi a minha cabeça, é claro, mas confesso que foi impactante e, no primeiro momento, quase me perdi diante do nervosismo. Chico Anysio acolheu-me com muita atenção e carinho. Depois de me ouvir atentamente, deu-me alguns conselhos artísticos, folheou rapidamente o meu livro, levantou a capa e, comovido, escreveu estas palavras: “Carlos, meu amigo, você faz o trabalho que eu mais admiro. Parabéns, colega” e o autografou.
Quando pensei que ele já estava se cansando de mim, fui surpreendido por ele e por seu filho que se dispuseram, num gesto respeitoso e de muita sensatez e humildade, fotografar comigo, segurando o meu livro. Chico Anysio, ainda com bom humor, disse: “pronto, agora você vai ficar rico, está autorizado a usar a minha imagem para divulgar esse seu belíssimo trabalho”.
O filho de Chico Anysio, fotografando comigo, apontou para o meu peito e disse: “Você é o cara! Com a imagem de Chico e essa assinatura dele, aí no livro, tudo agora vai dar certo”.
Para mim, o que recebi naquele dia 05 de abril de 2008, foi muito mais que um presente e sim, uma inesquecível presença. Eu nem imaginava que Chico Anysio iria partir quatro anos depois. Que Deus o acolha e lhe conceda a felicidade eterna.
Por isso, e por muito mais, colho o momento para solidarizar-me com a família, colegas, fãs e amigos desse gênio da televisão, do teatro, da música, do rádio e tantos outros espaços ocupados por seu insubstituível talento. Afinal, neste trocadilho humorístico e paradoxal posso dizer que Chico Anysio é um barato – um sujeito que se tornou caríssimo por viver de graça.
Mais uma vez agradeço a Deus por ter permitido esse meu encontro com um dos mais renomados e queridos artistas que o Brasil já produziu.
O humor, sem Chico Anysio, aqui na terra, ficou órfão, sem graça e nos fez chorar, momentaneamente, mas a Graça do Pai, com amor, fará sorrir, no palco da eternidade, a alma desse imortal e insubstituível humorista…
Descanse em paz meu amigo, meu colega! (…) Carlos Neves.
Por: Raimundo Mascarenhas